Buscar no Cruzeiro

Buscar

Novos hábitos

11 de Abril de 2020 às 00:01

O isolamento social proposto pelas autoridades da área da Saúde como forma de diminuir a velocidade do contágio do novo coronavírus tem alterado a vida das pessoas.

Reclusas e com receio de sair de casa até para comprar o essencial, as pessoas em quarentena têm optado cada vez mais pelos serviços de entrega.

Receber alimentos em casa ou mesmo refeições prontas não chega a ser uma novidade. A entrega de pizzas, por exemplo, é um tipo de negócio consolidado há décadas.

Mas o que acontece hoje é que praticamente tudo pode ser levado à casa das pessoas e a expansão dos negócios dos aplicativos de entrega é um fato irrefutável.

Nesta Semana Santa, diversas reportagens publicadas pelo jornal Cruzeiro do Sul mostram que a entrega em domicílio avança com muita força. Em tempos de quarentena, até as feiras livres, um dos negócios presenciais mais antigos em que o comerciante se desloca até perto da residência dos consumidores, está adotando o delivery.

Com o recolhimento das pessoas e o consequente esvaziamento das feiras-livres, os comerciantes estão se adaptando às necessidades do momento.

De acordo com a associação que reúne os feirantes da cidade, cerca de 40 deles já estão trabalhando com esse tipo de entrega. Para facilitar a conexão entre o comerciante e o consumidor, está sendo usada uma página da entidade em rede social. Uma ferramenta útil para evitar mais prejuízos e continuar trabalhando.

A quarentena está atingindo fortemente também o setor de lanchonetes e restaurantes, uma vez que não podem servir da maneira tradicional, no salão.

Se muitos comerciantes já trabalhavam com sistema de entregas, essa tendência mudou. Aqueles que não podem interromper temporariamente seus negócios têm optado por sistemas próprios de entrega, retirada na porta dos estabelecimentos ou entrega por aplicativos.

Essa alternativa está fazendo com que muitos donos de restaurantes mantenham o emprego dos funcionários à espera do fim das restrições de funcionamento.

Embora seja uma opção prática de entrega, muitos comerciantes também reclamam das taxas cobradas pelos aplicativos, que consomem a margem de lucro já achatada dos empresários.

E não são apenas refeições prontas que têm chegado aos consumidores por meio de entregadores. Até lojas de roupas aderiram ao sistema.

Às vésperas da Páscoa, a entrega em domicílio tem sido a salvação de peixarias e supermercados para oferecer produtos da época, como peixes, bacalhau e os ovos de chocolate. Bancas do tradicional Mercado Municipal de Sorocaba e peixarias isoladas têm aderido ao delivery.

No Mercadão, como mostrou reportagem publicada por este jornal, as entregas aumentaram 70% com o isolamento social. E este é o primeiro ano em que o bacalhau está sendo entregue na casa das pessoas. Aumentaram também as vendas por delivery de produtos relacionados com bacalhau, como azeitonas, azeite e acompanhamentos.

As peixarias que funcionam nos bairros também revelam um crescimento forte nas vendas feitas por telefone e com entrega própria.

A Associação Comercial de Sorocaba (Acso) projeta uma Páscoa com retração nas vendas de chocolate e produtos típicos da data. O presidente da entidade, Sérgio Reze, que apoia o isolamento social neste momento, afirma que as pessoas devem encontrar outros meios para celebrar a data, usando, preferencialmente, ferramentas digitais.

Ele lembra que muitas empresas, inclusive supermercados, estão oferecendo entrega domiciliar e que é preciso também valorizar os pequenos empreendedores, que estão lutando para manter seus negócios. Para ajudar os comerciantes, a Acso oferece gratuitamente peças digitais de Páscoa para que os empresários possam divulgar seus produtos nas redes sociais. O material está disponível no Canal do Associado no site da entidade.

Outra modalidade comercial que vem ganhando corpo nas últimas semanas é o serviço de drive thru, (“dirija por”, na tradução literal do inglês) atividade que começou nos Estados Unidos em 1931, quando aquele país passava por forte recessão, a chamada crise de 1929.

Em Sorocaba temos inúmeros segmentos trabalhando com esse sistema. São padarias, supermercados e, mais recentemente, até uma grande loja de materiais de construção aderiu ao drive thru, em que o consumidor não precisa sair do carro e com isso não ter contato com outras pessoas evitando assim contágio pelo coronavírus para fazer suas compras.

O sistema ganhou tantos admiradores que até a vacinação contra a gripe aderiu, com boa avaliação por parte da população. Fato é que com o isolamento inédito na história do País, o consumidor vai criar hábitos que não tinha antes e incorporá-los como opção natural de consumo no pós-epidemia.