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Na direção certa

29 de Março de 2019 às 01:00

Levantamento mensal elaborado pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério da Economia mostra evolução na criação de empregos em Sorocaba. O trabalho divulgado esta semana apontou que o município teve um saldo positivo de 1.205 empregos com carteira assinada em fevereiro, um mês com menor número de dias e que terminou na véspera do Carnaval, período em que são raras as contratações. Foi o melhor resultado desde fevereiro de 2014, quando foram abertas na cidade 1.948 vagas.

Os dados positivos do mês passado foram puxados pelas contratações no setor de serviços (541 postos de trabalho) e indústria de transformação (516). Foi um resultado três vezes melhor que o de fevereiro do ano passado. No acumulado dos dois primeiros meses do ano, o balanço também é positivo, com um saldo de 1.908 vagas formais criadas. Não ocorreram mudanças abruptas na economia local. Na realidade, Sorocaba fechou o ano passado com um saldo positivo de 2.672 vagas, o que não ocorria desde 2013. Foram quatro anos de resultados negativos.

Os resultados positivos não foram exclusividade de nossa região. Em todo o País, com dados do mesmo levantamento do Ministério da Economia, ficamos sabendo que foram abertas 173.139 vagas formais de trabalho, um número superior ao esperado pelo mercado e pelo próprio governo. Assim como em Sorocaba, os setores que mais contrataram em todo o Brasil foram o de serviços (112.412 novos empregos), seguido de longe pela indústria de transformação (33.472). Os especialistas lembram que o setor de serviços é o primeiro a crescer quando há melhora na atividade econômica.

Em época de certo pessimismo com os rumos da economia, sobretudo pelos reflexos dos desencontros entre Executivo e Legislativo, as pesquisas mostram aquecimento na atividade econômica. Os números revelam que apesar dos sobressaltos políticos, houve recuperação do poder de consumo da população, ou seja, os brasileiros consumiram mais no mês passado. Outra informação importante e que precisa ser levada em conta vem da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo. O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec), um trabalho da entidade, cresceu 2,1% no mês de março deste ano em comparação com o mês anterior. Foi o índice mais alto para meses de março desde 2012. A avaliação sobre as condições atuais cresceu 6,4% de fevereiro para março, puxada pela melhora na avaliação sobre a situação econômica do País (9,2%). Foi registrado também aumento nas intenções de investimento. Na comparação com março de 2018, o crescimento chegou a 10,9%.

Muitos setores esperavam um crescimento um pouco mais rápido após três meses do novo governo. Os números positivos do Caged dos dois primeiros meses, segundo os próprios técnicos do governo, precisam ser vistos com cautela. Isto porque há sinais de retomada em praticamente todos os setores, recomposição de investimentos, mas a continuidade dos resultados positivos depende da aprovação de medidas e reformas que foram e serão encaminhadas pelo governo ao Legislativo. Há um ponto comum na análise dos especialistas na área de emprego: o crescimento do mercado de trabalho está diretamente ligado ao sucesso da reforma da Previdência, prioridade do governo, a grande agenda econômica do País, que vem encontrando resistências em certos setores do Legislativo. Este momento importante, em que está em jogo a retomada de crescimento, exige foco e atenção do governo no encaminhamento objetivo de suas propostas e no trabalho de convencimento dos parlamentares. Deputados e senadores, por outro lado, precisam se concentrar no que é importante para o País neste momento. A reforma é importantíssima e precisará ser acompanhada de outras mudanças igualmente relevantes, como no sistema tributário. As medidas que estão sendo propostas precisam ser examinadas com atenção, pois ainda temos um contingente gigantesco de desempregados. Só assim será possível que a economia se recupere e o PIB volte a crescer com mais vigor, puxando o mercado de trabalho.