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Muito calor e pouca chuva

03 de Outubro de 2020 às 00:01

Especialistas em clima muitas vezes têm opiniões divergentes sobre as origens da onda de calor que afeta a região Sudeste do Brasil e a estiagem que prejudica a agricultura de vários Estados brasileiros, além de afetar os reservatórios de água para abastecimento da população.

Mas o fato é que o calor tem batido recordes -- São Paulo registrou 37,1ºC nos últimos dias, segunda maior temperatura nos últimos 78 anos -- e a estiagem continua sem previsão de terminar, embora a primavera já tenha chegado.

Segundo os meteorologistas há uma massa de ar quente estacionada na região central do Brasil, e o tempo seco eleva ainda mais as temperaturas, já que a radiação solar não atua na mudança de estado físico da água.

É nesse ambiente também que ocorrem as maiores queimadas no Pantanal, um dos biomas mais ricos do planeta.

A transição entre o inverno e a primavera sempre é marcada por períodos com altas temperaturas e chuvas, mas este ano os meteorologistas têm percebido que as chuvas estão muito atrasadas.

E esse atraso do início do período chuvoso, após a tradicional estiagem de inverno na região Sudeste, tem aumentado a cada ano.

A previsão dos especialistas agora é que chuvas intensas só devem chegar à região depois de 9 de outubro.

Na região de Sorocaba, a estiagem derrubou o nível dos reservatórios que abastecem a cidade de Salto e já começam a afetar a captação de água.

Segundo o Saae daquele município, os mananciais ribeirão Piraí e o rio Buru apresentaram um volume 20% mais baixo que o normal.

Nos dois casos, o volume de água não ultrapassa o limite da barragem, o que impossibilita a captação, afetando o tratamento e distribuição de água na cidade.

Também em Salto é possível ver como a estiagem afetou o nível do rio Tietê que corta a cidade e é um de seus pontos turísticos.

A estiagem mudou o cenário e a vazão do rio ficou cerca de 70% menor do que o normal. De acordo com a Prefeitura, a vazão do rio Tietê durante a manhã de ontem estava em 86 metros cúbicos. Em períodos normais, a vazão do rio fica entre 250 e 300 metros cúbicos.

A combinação de calor muito acima da média para esta época do ano e falta de chuvas, tem prejudicado os mananciais de toda a região.

Em Sorocaba, as represas Castelinho e Ferraz, que abastecem a Estação de Tratamento do Éden continuam com níveis muito baixos e por conta disso, o Saae de Sorocaba mantém o sistema de rodízio de abastecimento nessa região da cidade, que envolve as regiões do Éden, Aparecidinha e Cajuru do Sul.

Contribui para a manutenção desse esquema especial de distribuição de água -- 12 horas de abastecimento, por 12 horas sem água -- o forte calor dos últimos dias.

É muito importante que a população tome consciência que a situação é crítica e use o líquido sem desperdícios. O Saae da cidade informa que continua com seu trabalho de orientar a população, com a mobilização de 16 agentes do setor de Fiscalização e dois da equipe de Educação Ambiental que percorrem toda a cidade.

De acordo com a autarquia, do dia 12 de setembro quando essa ação ganhou maior intensidade, até o dia 1º de outubro, foram recebidas 303 denúncias sobre pessoas desperdiçando água e 275 visitas foram realizadas, com a entrega de uma notificação e um folheto com informações úteis sobre como economizar.

As orientações do Saae para gastar o mínimo devem ser obedecidas em todas as regiões da cidade, pois enquanto não vierem chuvas abundantes, capazes de recuperar os reservatórios, parte da cidade terá que conviver com o sistema de rodízio.

E é por isso que uma das obras mais aguardadas do ano é a conclusão da Estação de Tratamento de Água do Vitória Régia, que captará água diretamente do rio Sorocaba.

Paralelamente ao novo tipo de captação, deverá começar a funcionar, segundo o Saae, uma interligação entre todas as ETAs da cidade, permitindo que uma região com problemas -- como ocorre hoje com as áreas abastecidas pela ETA do Éden -- possam ser atendidas com água tratada pelas demais estações.

A previsão, segundo a autarquia, depois de vários adiamentos, é de que as obras sejam concluídas em dezembro.