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Mortalidade infantil

08 de Dezembro de 2019 às 00:01

O índice de mortalidade infantil no município de Sorocaba em 2018 foi de 10,3 mortes a cada mil crianças nascidas vivas. O índice obtido por Sorocaba foi menor que a média de todos os municípios do Estado de São Paulo -- 10,7 --, e menor que a média das cidades que formam a Região Metropolitana de Sorocaba, que atingiu 12,3 mortes por mil. Os dados foram divulgados há alguns dias pela Fundação Seade, ligada à Secretaria de Planejamento e Gestão do governo estadual. O índice de 2018 de Sorocaba é um pouco superior ao do ano anterior (10,1). Em 2016 a taxa era de 10,7. A Secretaria da Saúde (SES) da Prefeitura de Sorocaba, mesmo assim comemora o resultado, pois confirma uma contínua melhora nesse indicador. Em 2014, por exemplo, o índice era de 12,4 mortes de crianças a cada mil nascidas vivas.

Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), a taxa de mortalidade infantil é um dos principais indicadores das ações realizadas pela saúde pública em determinada região. A taxa é considerada um indicador por meio do qual é possível avaliar não apenas como vai a saúde infantil de determinado município, mas também as condições de vida de sua população. Ela reflete a qualidade dos serviços de saúde, nutrição de seus habitantes, fatores socioeconômicos e por isso é importante para avaliar as condições de vida da população. Uma taxa de mortalidade infantil alta reflete a ausência de acompanhamento médico da gestante e até seu nível de instrução, fato muito comum em muitas regiões do País e mesmo no Estado de São Paulo. Revela ainda deficiências na assistência hospitalar, problemas de nutrição da família onde nasce a criança e também os déficits no sistema de saneamento da localidade. A ausência de saneamento básico pode provocar a contaminação da água e dos alimentos, com condições para desencadear doenças como a hepatite A, malária, febre amarela e, principalmente, diarreia. No final da década de 1970 e início dos anos 1980, Sorocaba tinha uma taxa de mortalidade infantil bastante alta. Médicos sanitaristas identificaram uma região onde ela era muito mais alta que o restante da cidade e alertaram as autoridades para o problema. Era uma região com áreas ocupadas na zona leste da cidade, embrião dos bairros Zacarias, Sabiá, João Romão e Vila Colorau. Eram ocupações e loteamentos clandestinos não atendidos por rede de água, muito menos por coleta de esgotos. A Prefeitura de Sorocaba iniciou então, com o auxílio do Saae, a urbanização daquela região e implantação de saneamento básico. Nos anos 1980 começou também a regularização fundiária naquela região, legalizando os imóveis ali construídos. O resultado foi que, em pouco tempo, a taxa de mortalidade infantil despencou naquela região e baixou consideravelmente no município, prova de que a ausência de saneamento gerava problemas de saúde que levavam os recém-nascidos à morte.

No Estado de São Paulo, a região Sudoeste e algumas cidades do litoral concentram os municípios com mais taxa de mortalidade. A região Sudoeste chegou a ter índices altíssimos, próximos aos de algumas localidades do Nordeste brasileiro, justamente por ser a mais pobre do Estado. Alguns municípios tinham um precário atendimento à saúde e não contavam com saneamento básico. Houve uma evolução nessas regiões, mas continuam mantendo os piores índices estaduais de mortalidade infantil. O combate à mortalidade infantil foi intenso no Estado de São Paulo e a evolução foi muito boa. Segundo levantamento da Fundação Seade, ela caiu 65,7% de 1990 a 2015. Em 1990 a mortalidade infantil era de 31,2 para cada mil no Estado. Em 1990 foram 653.576 nascidos vivos e 20.384 óbitos de bebês com menos de 1 ano. Em 2015 foram 632.407 nascidos vivos e 6.743 mortes de menores de 1 ano de idade, uma taxa de 10,7. O governo estadual atribuiu a redução ao aprimoramento da assistência ao parto e à gestante, às campanhas de incentivo ao aleitamento materno, fator importante para a saúde do bebê; à ampliação do acesso ao pré-natal, levando esse tipo de exame a regiões onde ele não existia; à vacinação em massa de crianças pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e à expansão do saneamento básico.

A taxa de mortalidade infantil mundial é de 45 óbitos para cada mil crianças nascidas vivas, segundo o Fundo de População das Nações Unidas (Fnuap). Felizmente é um número em declínio, visto que há 20 anos a taxa era de 65 mortes por mil. Dos 645 municípios do Estado de São Paulo, mais de 150 não tiveram nenhum óbito e um quarto dos municípios apresentou índices inferiores a dois dígitos, uma prova de que o caminho é esse. Ampliação do atendimento à gestante, vacinação, aleitamento materno e saneamento básico estão salvando milhares de vidas.