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Lagos, lagoas e afogamentos

09 de Setembro de 2020 às 00:01

Com a proximidade da primavera e o aumento gradativo da temperatura, cresce a procura, principalmente nos finais de semana e feriados, por rios, lagos e lagoas, públicos ou privados, da região de Sorocaba, locais que ofereçam algum tipo de lazer. Mas muitos banhistas, às vezes sem muita habilidade para nadar, acabam se arriscando em locais impróprios e perdendo a vida. Caso típico aconteceu na tarde do último dia 7, feriado nacional, quando um jovem se afogou quando nadava no lago existente no Porto das Águas, uma área de lazer municipal bastante ampla e construída às margens do rio Sorocaba.

De acordo com a reportagem deste jornal, várias pessoas nadavam no lago do parque, apesar de placas indicativas mostrando que esse tipo de atividade é proibido no local, mais apropriado para esportes náuticos como vela, remo de caiaques ou stand up paddle. O parque foi inaugurado em 2016 e conta com uma pista de caminhada e outras instalações. Mas a grande atração é o lago que tem 900 metros de extensão. O local, antes de ser transformado em parque pelo poder público, foi um porto de areia e sabe-se que é bastante perigoso, pois tem 26 metros de profundidade em algumas partes e por isso é proibida a prática da natação. Mas existem ainda dezenas de lagos e rios na região utilizados por banhistas, o que resulta em grande número de acidentes. O calor dos meses de primavera e verão são estímulo para o uso dessas áreas. No último final de semana, o feriado prolongado da Semana da Pátria, o Corpo de Bombeiros registrou nada menos que 11 mortes por afogamento nas praias paulistas. As praias, apesar da vigência de regras de isolamento social, ficaram lotadas em todo o litoral. As praias do Guarujá e Mongaguá foram as que mais registraram afogamentos, com três casos cada uma. É pertinente lembrar que essas cidades, típicas de veraneio, têm salva-vidas destacados para atuar nas principais praias. Mesmo assim os acidentes foram inevitáveis diante da quantidade de banhistas.

Além de lagos em parques municipais onde é proibida a prática da natação, mas mesmo assim muita gente entra na água, Sorocaba e a região contam ainda com grande número de lagoas naturais e ainda lagos formados pela extração de areia, como o do Parque Porto das Águas e vários localizados na região do Parque Vitória Régia. Temos ainda represas, várias delas usadas igualmente para a prática da natação, sendo a maior delas, a de Itupararanga, onde na semana passada um empresário de 24 anos que nadava com amigos também morreu afogado. Ele nadava em área permitida e na companhia de outras pessoas, mas por motivos desconhecidos acabou se afogando. Nas cidades da região também existem inúmeros locais muito frequentados por banhistas, como a Cachoeira da Chave, em Votorantim, e os lagos da área central de Araçoiaba da Serra.

É evidente que as prefeituras não dispõem de pessoal suficiente para trabalhar nos parques públicos impedindo o acesso à água, muito menos de vigiar represas e lagos em áreas particulares. É preciso, portanto, que a população se conscientize dos perigos de nadar nesses locais, principalmente nesta época do ano, quando a temperatura começa a subir. Os bombeiros orientam que em todos os locais onde existam rios, lagos, represas, cachoeiras e piscinas, os frequentadores respeitem as sinalizações ou orientações dos responsáveis, evitando assim riscos de acidentes ou afogamentos em decorrência da falta de cuidados. Se o local for impróprio para a natação, a orientação é que para ninguém entre na água. E uma das orientações mais práticas é aquela que diz para não entrar na água em local onde a água chega até o umbigo. Muitos casos de afogamento também estão relacionados com o uso de bebida alcoólica e à imprudência dos banhistas. A bebida alcoólica leva à perda da percepção do perigo, tornando o banhista muito mais vulnerável. Crianças merecem atenção especial. Além de ter sempre um adulto por perto para fiscalizar a diversão na água, é necessário que estejam sempre usando boias e em local onde não possam ficar submersas.

O mais seguro, na primavera e verão que se aproximam, é que os banhistas adquiram o hábito de só frequentar locais onde é permitida a natação e que sejam supervisionados por equipes de salva-vidas. Aventurar-se em locais desconhecidos é um risco muito grande e que precisa ser evitado.