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Iniciativas positivas

04 de Outubro de 2018 às 09:32

A área da saúde, ao lado da segurança e da educação é das mais problemáticas no País. Há problemas em toda cadeia de atendimento aos pacientes que dependem do Sistema Único de Saúde (SUS). Desde a falta de médicos, pessoal especializado, medicamentos e equipamentos nas unidades básicas de saúde, que são a porta de entrada do sistema, chegando à área de especialidades, onde existem filas de meses e até anos para consultas com especialistas ou para alguns procedimentos mais complexos, como exames e pequenas cirurgias.

É nesse contexto que chega em boa hora a notícia da parceria firmada entre o Banco de Olhos de Sorocaba (BOS), uma referência nacional na área de oftalmologia, e o governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria Estadual da Saúde, com o objetivo de zerar a fila de espera para transplantes de córnea em nível estadual. Por meio de um convênio já estabelecido, o BOS poderá instalar unidades de captação de córneas em qualquer hospital estadual ou filantrópico que manifestar interesse e tiver estrutura para o procedimento. Pelas informações divulgadas, dois hospitais da Capital, o Hospital Geral de Taipas e o Conjunto Hospitalar do Mandaqui, já aderiram.

Levantamento realizado pelas autoridades da área da saúde mostra que até o dia 26 de setembro exatos 2.548 pacientes aguardavam na fila de transplantes de córnea em todo o Estado, sendo que 454 pessoas (18% do total) eram de Sorocaba. A fila é grande e resultado da desativação de serviços nos últimos anos, informa um diretor do BOS, acrescentando que são dois meses de espera nas cidades do interior paulista e até um ano de espera para quem vive na Capital. Com o acordo recém-firmado, a expectativa é que a fila possa ser zerada em dois anos de trabalho, como já ocorreu em 2009.

Pela reportagem publicada por este jornal ficamos sabendo que os dois primeiros hospitais que aderiram ao plano são importantes, por serem bastante movimentados e o trabalho do BOS será de abordar as famílias dos doadores para obter as autorizações e fazer a captação e o processamento dos tecidos oculares. Para esse fim, serão enviados grupos com quatro ou cinco funcionários para cada hospital conveniado. O BOS, que hoje é referência nacional para esse tipo de transplante, tem experiência acumulada de 40 anos e capta, em média, 500 córneas por mês no Estado.

A ampliação da capacidade de transplantes por meio de convênios que permitirão aumentar o número de doadores é uma iniciativa que merece elogios, pois os resultados serão extremamente positivos. Se conseguir zerar a fila de pessoas que esperam pelo transplante, será um enorme benefício à população, comparável ao trabalho que as senhoras que integram a Liga Sorocabana de Combate ao Câncer vêm fazendo. Além de divulgar a necessidade dos exames preventivos contra o câncer de mama -- atividade que a entidade se dedica há muitos anos -- de uns tempos para cá aperfeiçoou seu trabalho voluntário. As campanhas preventivas contra o câncer de mama sempre levaram muitas mulheres a procurar pela mamografia, mas aquelas que dependem de exames pelo SUS encontram uma barreira pela frente, uma gigantesca fila que pode adiar o exame por meses e até anos. Constatada essa realidade, a Liga resolveu realizar eventos, como a corrida Pink do Bem, programada para o próximo dia 21, para conseguir recursos para pagar mamografias em uma clínica particular conveniada para mulheres que estão esperando há meses na fila do SUS. Um levantamento realizado no final do ano passado mostrava que somente em Sorocaba a fila tinha mais de 7 mil mulheres à espera desse exame. No ano passado, graças ao trabalho das voluntárias, foram pagos 800 exames com o dinheiro arrecadado com as inscrições da corrida.

Esse tipo de iniciativa da Liga Sorocabana de Combate ao Câncer, assim como o convênio firmado pelo BOS, mostra que parcerias podem ser extremamente úteis e podem fazer a diferença para quem pode ter a saúde comprometida pela morosidade da saúde pública brasileira.