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Final feliz

15 de Dezembro de 2018 às 08:51

Como noticia o Cruzeiro do Sul nesta edição, uma equipe da Secretaria do Meio Ambiente de Sorocaba, que trabalha no zoológico do Parque Municipal Quinzinho de Barros conseguiu ontem à tarde imobilizar a garça que é vista com frequência no Parque Carlos Alberto de Souza, no Campolim, e retirar o anel de plástico que a impedia de se alimentar. Como foi publicado em algumas edições deste jornal, frequentadores do parque notaram que a garça tinha o bico preso por um lacre de plástico e desde então, tentavam segurar a ave e retirar o objeto, sempre sem sucesso. A situação da ave sensibilizou a população. Após ser imobilizada e ter seu bico liberado, ela foi avaliada por um médico veterinário e foi constatado que, apesar da privação de alimentos dos últimos dias, está saudável.

Objetos de plástico descartados de maneira errada, principalmente canudos e lacres, têm feito muitas vítimas. Além da garça de Sorocaba, que felizmente foi salva, ficou famosa também a Toninha, uma espécie de golfinho de menor porte, que morreu de fome no litoral paulista por conta de um lacre que também a impedia de se alimentar. O animal foi localizado por um pescador quando ficou enroscado em sua rede de pesca. Segundo especialistas que examinaram o animal, ele já estava morto ao enroscar na rede, com sinais de desnutrição. Essa espécie de golfinho corre risco de extinção e ao ser examinada por um veterinário, constatou-se que ela não tinha restos de qualquer outro alimento no sistema digestivo, somente muito plástico acumulado.

Está se tornando rotina encontrar animais mortos no litoral brasileiro, inclusive nas praias do Estado de São Paulo em consequência de lixo plástico. O instituto costeiro responsável pelo monitoramento de 80 km de praia na região da Praia Grande, onde apareceu o golfinho, informa que mensalmente cerca de 70 animais encalham naquela região, a maioria já sem vida. No caso das tartarugas, 90% delas têm resíduos plásticos no sistema digestivo.

O descarte de lixo, principalmente de objetos confeccionados em material plástico de maneira errada tem provocado uma verdadeira tragédia nos oceanos. Estão se formando verdadeiras ilhas de plástico em vários oceanos. A mais famosa delas, a Grande Mancha de Lixo do Pacífico, tem o tamanho equivalente a duas vezes o território da França e é considerada uma das principais catástrofes ambientais produzidas pelo homem. Essa ilha flutuante fica no Pacífico entre a costa da Califórnia, nos Estados Unidos, e o Havaí. Acumula mais de 80 mil toneladas de lixo plástico que compõem uma área de 1,6 milhão de quilômetros. Sua existência é um verdadeiro atestado de como o ser humano está despreparado para tratar o meio ambiente como se deve.

O acúmulo de material plástico nos oceanos, na condição de microplástico (partículas diminutas do material) está entrando na cadeia alimentar da maioria dos peixes e levando a um quadro assustador. Até 2050, se continuarmos no mesmo ritmo, a massa de plástico nos mares e oceanos superará o peso de todos os peixes existentes.

O material plástico, como se sabe, tem inúmeras utilidades e vem auxiliando no progresso da humanidade. O problema é que não aprendemos a descartá-lo corretamente, reutilizá-lo ou reciclá-lo quando possível. É muito provável que nossos leitores sejam pessoas preocupadas com a preservação do meio ambiente e que até separem o lixo reciclável, apesar da precariedade desse serviço em Sorocaba. Mas muitas pessoas, com menos informação, não têm essa consciência e continuam a descartar lixo e materiais plásticos em locais inapropriados. Descartamos lixo e plástico em qualquer local. Esse material que jogamos displicentemente na calçada ou pela janela do carro é o mesmo que fere pássaros, mata golfinhos e é engolido por peixes. É o mesmo que forma gigantescas ilhas de lixo no meio dos oceanos.

Tomara que o sofrimento da garça, que despertou a atenção dos sorocabanos, tenha uma função pedagógica. Sirva para alertar as pessoas da necessidade de jogar lixo no lixo e separar materiais recicláveis, quando possível. É preciso alertar sempre as pessoas à nossa volta sobre a necessidade desse cuidado com o lixo, disseminar essa boa prática para evitar problemas ainda maiores no futuro.