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Fase laranja foi vitória política

30 de Janeiro de 2021 às 01:43

Quando se pratica um jornalismo isento e transparente é preciso cobrar e criticar algo errado ou atitudes questionáveis. Mas também é necessário relatar, explicar e elogiar quando algo positivo é feito em prol da população. Aqui, no Cruzeiro do Sul, tem sido assim.

Anteontem, por exemplo, tecemos elogios à operação conjunta de órgãos municipais e Polícia Militar no combate à poluição sonora causada pelas motocicletas. De forma sistemática, temos cobrado ações dos governos federal, estadual e municipal em relação ao combate da pandemia do novo coronavírus.

Recentemente, também questionamos a pressa do prefeito Rodrigo Manga (Republicanos) na aprovação de um empréstimo de longo prazo de cerca de R$ 300 milhões para a cidade, por meio de linha de crédito internacional. Mas hoje é dia de elogiar. De forma até inesperada, Sorocaba e as demais 47 cidades do Departamento Regional de Saúde (DRS-16) saíram da fase vermelha e voltaram para a fase 2 (laranja) do Plano São Paulo de combate à pandemia.

O anúncio foi feito pela secretária de Desenvolvimento Econômico do Estado, Patrícia Ellen, durante a 20ª reclassificação do plano, na tarde de ontem em coletiva no Palácio dos Bandeirantes. Assim, a partir de segunda-feira (1) e até o dia 7 (domingo), Sorocaba e as cidades da região terão regras menos restritivas.

Os serviços não essenciais, como shoppings, comércios, restaurantes e cinemas, entre outros, poderão voltar a funcionar de segunda a sexta-feira, seguindo regras de horários e lotação: poderão abrir por até oito horas no período entre 6h e 20h, com lotação máxima de 40% da capacidade. O consumo presencial em locais que gerem aglomeração fica proibido.

De qualquer modo, tal mudança é um alento para muita gente que vive e depende do comércio ou de serviços não essenciais. Nos finais de semana seguem valendo a fase vermelha e suas respectivas restrições. Objetivamente, o DRS de Sorocaba retornou para a fase laranja devido à ampliação da capacidade hospitalar na região.

Anteriormente, havia 11,8 leitos Covid para a cada 100 mil habitantes. Atualmente, o número aumentou para 12,6

unidades, considerando a mesma amostra populacional.

Politicamente, porém, é preciso reconhecer, elogiar e aplaudir a atuação de Rodrigo Manga nessa reclassificação. Desde o momento em que Sorocaba e região foram rebaixados à fase vermelha, na sextafeira (22), o prefeito se mexeu para tentar reverter esse quadro.

Dois dias depois, em pleno domingo (23), promoveu um encontro de prefeitos da região para montar uma espécie de bloco, a fim de traçar estratégia que o ajudasse a pleitear uma revisão de classificação. Com um pacote de medidas, entre elas mais leitos destinados ao combate da Covid-19 e promessa de ônibus municipais antivírus em toda a frota da cidade em até seis meses, Manga reuniuse na segunda-feira (25) com o secretário estadual Marco Vinholi, do Desenvolvimento Regional.

No encontro, pleiteou nova avaliação da região antes do período inicial dado pelo governo estadual, de 15 dias. Na ânsia de querer tirar a cidade da fase vermelha, Manga inclusive até passou por cima do organograma protocolar da Região Metropolitana de Sorocaba (RMS), grupo que reúne 27 cidades e que, atualmente, é presidido pela prefeita Simone Marquetto (MDB), de Itapetininga.

Marquetto chegou a desautorizar Manga publicamente, dizendo que o prefeito de Sorocaba não tinha legitimidade

para falar em nome das cidades da região. O prefeito de Sorocaba também foi desmentido pelo próprio Vinholi. Em reunião virtual com a RMS, o secretário de Estado disse a Marquetto que não havia a menor chance de uma nova classificação de Sorocaba e região antes do dia 5/2, ou seja, da próxima sexta-feira.

Manga não deu bola para as críticas, seguiu articulando e conseguiu o que parecia bastante improvável. Em apenas

uma semana ajudou para que Sorocaba e região voltassem para a fase laranja. Independentemente do grau de influência que a articulação dele teve no processo de revisão da fase pelo Plano SP, trata-se, sem dúvida, de uma vitória política do atual prefeito. E uma vitória bastante relevante.

Enquanto a RMS reclamava de Manga e fazia reunião virtual com Vinholi, ele foi para a capital e teve um encontro presencial. Seguiu buscando mais leitos e atingiu seu objetivo.

O retorno para a fase laranja é muito importante, sobretudo do ponto de vista da economia. Após um ano dificílimo, os comerciantes precisam trabalhar para recuperar as fortes perdas de 2020, evitar demissões e fazer a roda girar.

Por mais que os comerciantes tentem manter os negócios com novidades como drive-thru, delivery, lojas e vitrines virtuais etc, é muito difícil conseguir compensar a queda de faturamento ou manter o mesmo patamar que as lojas físicas apresentavam em tempos sem Covid-19.

Como já dito neste espaço, a questão das aglomerações está muito mais relacionada à falta de consciência de boa parte da população do que uma regra de cores de bandeiras. Com respeito ao próximo, com respeito ao distanciamento social, com uso permanente de máscara, álcool em gel etc, é possível evitar o contágio em massa sem punir empresários, empregadores, empregados e prestadores de serviço.

Bora trabalhar!!!