Buscar no Cruzeiro

Buscar

Explicações sobre a dengue

22 de Junho de 2019 às 00:01

A dengue, a exemplo do que aconteceu há alguns anos, avança rapidamente no Estado de São Paulo. Desde o início do ano as autoridades sanitárias chamavam a atenção para o aumento de casos, sobretudo nas regiões norte e nordeste do Estado, com uma multiplicação de números preocupante. Esse avanço da doença, apesar dos alertas, não foi estancado e agora ele atinge grandes cidades mais ao sul do Estado e já tem um grande número de casos confirmados na Capital.

Sorocaba vive uma situação de alerta para nova epidemia da doença há algumas semanas e os casos continuam aumentando. Essa situação levou o Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) a abrir um inquérito para investigar se o município agiu corretamente para prevenir a doença. O MP-SP quer saber, por exemplo, se todas as providências para evitar o aumento de casos foram tomadas, assim como o cumprimento das obrigações sanitárias, os fluxos de informações sobre possível epidemia. Esse inquérito foi aberto a partir do momento que o MP-SP recebeu denúncia sobre suposta negligência da Prefeitura de Sorocaba e da Secretaria de Saúde (SES) do município no combate à dengue e outras endemias. A ação também tem como objetivo verificar se haverá necessidade de intervenção do MP para apurar quais as medidas estão sendo adotadas pelas autoridades sanitárias ou que se encontram em fase de planejamento em relação ao caso.

O representante do MP, que cuida do caso, encaminhou à administração municipal pedido de informações sobre as providências que estão sendo tomadas e quer saber também se a Prefeitura usa seu poder de polícia nos casos que exigem tal medida, como contra proprietários de imóveis recalcitrantes que não cuidam na limpeza de suas propriedades e muitas vezes impedem a fiscalização de agentes da Secretaria da Saúde. O MP também pede à Prefeitura informações sobre o número de casos da doença nos últimos cinco anos.

Sorocaba realmente vive uma situação delicada. No último boletim epidemiológico divulgado pela SES no último dia 10, que trouxe informações sobre dengue e Influenza, a cidade havia registrado 846 casos confirmados de dengue, sendo 725 autóctones, 87 importados e 34 indeterminados; 56 casos de chikungunya e um caso importado de febre amarela. Nenhum caso de zika foi registrado e não ocorreram óbitos por conta dessas doenças neste ano. São números preocupantes se levarmos em consideração que durante todo o ano passado foram registrados apenas 46 casos de dengue e 62 de chikungunya.

O último relatório do Centro de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde, que contabiliza os casos de arboviroses até o final do mês de maio, revela que Bauru, na região noroeste do Estado, teve até o final do quinto mês do ano 24.490 casos confirmados de dengue. Ribeirão Preto, no mesmo período, contabilizou 7.209 casos e Campinas, município bastante próximo a Sorocaba, já registrou mais de 22 mil casos dessa doença. Em todo o Estado de São Paulo foram confirmados 260.402 casos de dengue. A chegada do inverno e das baixas temperaturas poderá auxiliar a conter um pouco o avanço da doença.

Difícil dizer se a Prefeitura deixou de tomar todas as providências para evitar o avanço da dengue. O que se sabe é que várias campanhas de esclarecimento público foram realizadas e a equipe de Vigilância Epidemiológica não deixou de realizar visitas nos bairros, principalmente naqueles onde surgiram casos da doença, para inspecionar quintais e tentar localizar possíveis criadouros dos mosquitos. Foram noticiados também inúmeros mutirões de limpeza com a retirada de toneladas de entulho e lixo que acumulavam água em terrenos baldios. A Vigilância também promoveu dois dias específicos de combate à doença, mobilizando os funcionários dos 32 postos de saúde para alertar a população. Apesar de todo esse esforço, percebe-se que uma parcela da população, embora pequena, ainda não se conscientizou dos perigos da dengue. Não se importa em impedir a reprodução do transmissor, a melhor forma de evitar a doença. Não podemos esquecer que a cidade passou por uma severa epidemia em 2015 quando mais de 55 mil pessoas adoeceram e a cidade viveu uma situação de emergência e cerca de 30 pessoas perderam a vida por causa da doença. Essa tragédia não pode se repetir.