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Estagnação que preocupa

19 de Setembro de 2018 às 08:10

Embora com números desanimadores que revelam estagnação econômica e social do País, é oportuno que o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil tenha sido divulgado neste momento pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Humano (Pnud). O relatório mostra que o País alcançou a nota 0,759, apenas 0,001 a mais que no ano anterior, o que o coloca em 79ª colocação entre os 189 países analisados. A escala do IDH vai de zero a um e quanto mais próximo de um, maior é o desenvolvimento humano. O desenvolvimento brasileiro, que já foi significativo em um passado recente, se mostra estagnado há três anos.

O Pnud analisa o IDH dos países com base em três áreas: saúde, educação e renda. Os dados usados para esse último cálculo são de 2017. O primeiro colocado no ranking foi a Noruega, com o indicador 0,953, seguida pela Suíça, com 0,944, e Austrália, com indicador 0,939. Níger foi o último colocado, com IDH de 0,354. O Brasil, pela pontuação obtida, continua no grupo classificado como de Alto Desenvolvimento Humano e neste último levantamento 60 países mantiveram a colocação no ranking. De todo o grupo, 34 países subiram de posição e 94 tiveram queda na colocação, sendo que na América do Sul, somente o Uruguai melhorou sua posição, passando de 56º para 55º.

No último levantamento, o Brasil manteve sua posição graças a um dos itens da saúde: a expectativa de vida do brasileiro, que é de 75,7 anos, um indicador que ano a ano apresenta melhoras. Outro indicador, o de educação, revela que a expectativa de anos de escolaridade para uma criança que entra no ensino em idade escolar permanece a mesma na marca de 15,4. As coisas se complicam com o quesito renda, que apresenta uma queda importante com relação a 2015. A renda nacional per capita era de 14,5 ppp (paridade do poder de compra) naquele ano, caiu para 13,730 em 2016 e chegou a 13,755, com uma leve recuperação em 2017. O IDH não usa a conversão do real para o dólar, mas quanto se pode comprar com ele, a tal ppp. A pesquisa mostra ainda que o desemprego entre os jovens é o maior da América do Sul (30,5%). Quando a desigualdade é considerada, o Brasil perde 17 posições na classificação do Pnud. O cálculo considera as diferenças entre os mais e menos abastados. Se o chamado coeficiente de Gini for considerado, um índice que mede a concentração de renda, o País é o 9º mais desigual de todos os pesquisados. Outro fator negativo é a disparidade de renda entre homens e mulheres. A pesquisa mostra que os homens no Brasil recebem 17.566 ppp e as mulheres 10.073, ou seja, elas ganham 42,7% a menos do que os homens.

Ao observar a questão da renda dos brasileiros é inevitável associar os dados com a grande crise econômica verificada a partir de 2014 que fez despencar a renda dos brasileiros e criou uma legião de desempregados que hoje, apesar de pequena recuperação, ainda afeta mais de 12 milhões de pessoas.

É oportuno que a estagnação do País, constatada por uma pesquisa reconhecidamente isenta, seja revelada quando os brasileiros se preparam para escolher um novo presidente, novos governadores, senadores e deputados. Informações como essas são preciosas para que o eleitor consciente analise as propostas dos candidatos que possam refletir no desenvolvimento e tirar o Brasil desse cenário de estagnação. Essa situação constrangedora do IDH brasileiro nos coloca abaixo de países como a Venezuela que vive um caos político e econômico, Cuba, México, Uruguai, Argentina e Chile, para citar somente países da América Latina. A menos de 20 dias das eleições, é preciso que a população atente para esses números e os confrontem com as propostas dos postulantes à Presidência da República. É importante analisar o que pretendem fazer no campo da economia, educação e saúde, pois como se vê, o Brasil tem desafios enormes para vencer e recuperar os anos perdidos. Será preciso um trabalho árduo -- e na direção certa para nos aproximarmos dos primeiros classificados no ranking do Pnud, o que obrigatoriamente resultará em melhores condições de vida para a população.