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Esqueça o Governo. A solução está em nossas mãos

26 de Agosto de 2018 às 13:29

O Jornal deste domingo mostra alguns exemplos de solidariedade. Com maior ou menor envolvimento de sorocabanos -- aqui incluídos os que elegeram esta cidade como sua -- são pessoas que, por iniciativa sua, particular, têm procurado dar retorno à sociedade que lhe deu alguma coisa, seja uma boa educação, seja o sucesso profissional ou uma boa situação econômica.

Alguns desses exemplos de solidariedade extrapolam as fronteiras de nossa cidade, como o caso de refugiados venezuelanos que estão sendo acolhidos não apenas no Brasil -- apesar de alguns casos planejados de repulsa, como aconteceu em Roraima -- mas também nos países vizinhos. Estas famílias refugiadas passam pela triste decisão de deixar suas coisas, parentes e poucas posses e munidos apenas de suas memórias e alguma habilidade profissional, tentam a sorte em outro lugar. São refugiados do descaso, da crueldade tirânica que força famílias a passarem pelas incertezas, fome, cansaço, pela insegurança do êxodo. Reflita um pouco sobre isso, caro leitor. Muitos dessas famílias não são diferentes da nossas.

Ao mesmo tempo dois aspectos de solidariedade local chamam a atenção e merecem observação mais próxima. Mesmo porque são soluções que independem do Grande Estado Devorador de Recursos. São atitudes que não esperam que o governo resolva tudo, seja ele local ou estadual. Muito menos federal. Esse federal que estaremos escolhendo um dirigente em breve e que, triste ilusão, achamos que alguma coisa será mudada. O que deve ser mudado é nosso ato, nossa ação para melhorar nosso jardim, nosso quintal, nossa cidade. Um deles é o caso do Rotary Club e seu Programa de Intercâmbio de Jovens e alguns de seus patrocinadores e voluntários que focamos na página A6.

Ao oferecer uma oportunidade única a jovens em seu ponto máximo de transformação, de passagem para a vida adulta, o programa leva para diversos países do mundo -- e recebe aqui em Sorocaba -- jovens para a convivência familiar em culturas diferentes. É um programa que é pago pelas famílias do intercambista com valores muito próximos -- às vezes menores -- do que custaria um jovem morando com sua família. E, para aqueles que não tinham recursos, um sorocabano que mora hoje nos Estados Unidos e outros idealistas locais doaram de seus próprios recursos para que jovens completamente desconhecidos pudessem passar pela transformadora experiência de viver numa outra sociedade. Para que se registre o que isso implicou recursos, apenas um dos patrocinadores doou por vários anos um total de US$ 75 mil em bolsas de estudos, sem qualquer intervenção na escolha dos jovens que passaram pela classificação dos diversos clubes de serviço -- sempre bom lembrar a palavra serviço que está ligada nesse caso a voluntariado --, os Rotary Clubs da região. Que também sejam lembrada uma equipe enorme de adultos que trabalham pro bono para que nossa sociedade melhore um pouco, que jovens de diversas origens sociais tenham oportunidade de viver no exterior por algum tempo. São os mesmos voluntários que se dedicam ao trabalho de erradicação da poliomielite ao redor do mundo e procuram trazer atenção à importância da vacinação conforme mostramos em nossas páginas recentemente.

Outro caso que o Jornal traz é o de um outro idealista em busca de melhorias para nossa cidade e região. Na seção Do Leitor, logo abaixo, a publicação de um chamado à população e pessoas que têm poder de decisão para uma solução para o nosso velho e problemático Conjunto Hospital de Sorocaba, o nosso velho Hospital Regional. Com sua longa e bem-sucedida carreira como administrador hospitalar, o signatário está procurando apoio da iniciativa particular para resolver uma situação séria em nosso atendimento de saúde pública.

Poderíamos continuar a citar exemplos de atos particulares de solidariedade que trazem soluções coletivas, de alcance a um maior número de pessoas, como o caso de amigos e conhecidos e estranhos que estão movimentando o assunto delicado da doação de medula óssea que não resolveria apenas a questão de uma pessoa, mas de todos os envolvidos no sistema público.

Ou mesmo do caso da Associação Comercial que criou um grupo de pessoas de expressão e influência em Sorocaba para trabalhar em soluções pela cidade, sem precisar depender da vontade ou orçamento de prefeituras, governos estaduais e burocratas afins.

Ou como a própria Fundação Ubaldino do Amaral que há anos, por meio de seus diretores voluntários, tem se dedicado a melhorar a vida de diversos segmentos de nossa sociedade, desde crianças a pessoas em idade mais avançada, de mulheres a jovens em idade escolar.

A solidariedade é mais que uma vontade, que um gesto isolado. É uma ação de cidadania, de mudança e melhoria em nossa sociedade que resolve muito mais que aguardar que governos façam sua parte. É o cidadão em controle direto de suas ações e recursos.

Mais que um gesto de nossa humanidade é uma grande vacina contra programas públicos dito sociais que consomem os nossos recursos, pouco produzem em efetividade e alimentam generosamente uma intricada rede de amigos com intenções pouco nobres.