Escolas com problemas
O início das aulas na rede municipal de ensino de Sorocaba foi marcado por problemas graves em algumas escolas.
Em uma das unidades o problema se arrasta desde 2013 e não foi resolvido e temos ainda problemas em uma escola que sequer foi inaugurada e já perdeu o muro que desabou no último temporal.
Sabe-se que há vários prédios escolares mal conservados e necessitando de reparos, mas há três casos que precisam ser resolvidos.
É possível argumentar que a rede municipal é grande e que as escolas interditadas ou com problemas representam uma pequena parte da rede, mas o que é estranho é que os problemas nas unidades em questão surgiram logo após a construção e as empresas que as ergueram não quiseram se responsabilizar pelos problemas, mesmo havendo, em caso de obras públicas, um prazo de “garantia” para as obras.
Foi preciso, em um caso, recorrer à Justiça para que a construtora assuma a responsabilidade.
A Secretaria de Educação de Sorocaba tem uma vasta rede de escolas e pré-escolas sob sua responsabilidade.
De acordo com o site da própria Sedu são 54 escolas de ensino fundamental e 108 destinadas à educação infantil.
Muitas delas também funcionam em determinados períodos como creches, para atender à grande demanda por esse tipo de atendimento.
Uma das escolas com problemas é a Luiz Almeida Marins, localizada no bairro Júlio de Mesquita Filho.
O vestiário do ginásio de esportes da escola foi interditado pela Defesa Civil pelo risco que representava para os alunos.
A medida foi tomada após a visita de técnicos ao local que constataram rachaduras e trincas em vários pontos da edificação.
As trincas surgiram, segundo a direção da escola, depois que houve o deslocamento de um talude na rua João Batista Machado, afetando a parte dos fundos do estabelecimento.
A Sedu informou que existem três licitações em fase final relacionadas a essa unidade, uma para contratação de consultoria para analisar as condições do solo; outra para contratação de sondagem do terreno e uma terceira para a demolição de parte do vestuário afetado.
Mas não soube informar sobre prazos para a solução da questão. Outra unidade com problemas é a Escola Municipal Antenor Monteiro de Almeida, que sequer foi inaugurada, mas que já atende alunos do bairro desde o último dia 5 de fevereiro.
O temporal do último domingo derrubou parcialmente o muro da escola, o que evidencia algum problema no sistema de drenagem. A Sedu informa que a solução desse problema é mais simples e deverá ser resolvido dentro de dez dias.
Mas o caso mais emblemático, que se arrasta há anos é a do Centro de Educação Infantil Dona Zizi de Almeida, localizado próximo ao Largo do Divino.
O prédio foi construído para substituir a terceira pré-escola do município existente na rua Dr. Luiz Mendes de Almeida, antiga e muito pequena para atender as crianças daquela região. A edificação foi concluída em 2012, mas como surgiram alguns problemas estruturais, a inauguração foi adiada para 2013.
O prédio passou a ser usado atendendo cerca de 100 crianças, mas funcionários perceberam rachaduras e a escola foi interditada em 2015. Desde então os alunos assistem aulas em local improvisado, mesmo a Prefeitura tendo investido R$ 3 milhões na construção da unidade.
Diante dos problemas apresentados pela construção, sabe-se que a Prefeitura entrou com uma ação contra a empresa responsável pela obra para obrigá-la a arcar com os custos de recuperação da unidade que estava com a estrutura ameaçada.
As obras de recuperação foram orçadas em R$ 4 milhões. A construtora argumenta que as trincas foram motivadas por um acidente em uma tubulação não relacionado à obra e negou-se a fazer os reparos. Diante do impasse, o município recorreu à Justiça e em 2016 o TJ-SP designou um engenheiro para periciar a obra.
O laudo desse profissional mostrou a necessidade de demolição do bloco A da escola e que desestabilizaram o bloco B, por conta de falta de qualidade do aterro sobre o qual foi construída a escola.
Com boa parte do prédio condenado, a escola está abandonada e é alvo de vandalismo, com vidros quebrados e outros danos.
Ocorre que a reforma do prédio para sua recuperação definitiva não foi incluída no orçamento de 2020 da Sedu. A promessa é que a obra seja colocada no orçamento do próximo ano, para só então começar a recuperar o prédio, um prejuízo irreparável às crianças do bairro que estudam em prédio improvisado e alugado pelo município.
A Prefeitura de Sorocaba precisa com urgência aperfeiçoar seu sistema de fiscalização de obras entregues por empresas contratadas. Não se justifica a existência de tantos problemas em construções recém-concluídas e pagas com o dinheiro dos contribuintes.