Em busca de doadores
Nesta sexta-feira (27), é comemorado o Dia Nacional de Doação de Órgãos e Tecidos no Brasil. O objetivo principal da comemoração é conscientizar a população em geral sobre a importância de ser doador de órgãos. Essa prática pode ajudar milhares de pessoas que lutam por uma oportunidade de salvar suas vidas.
Nesta sexta, o Ministério da Saúde divulgará em São Paulo um balanço de transplantes e doações de órgãos no país e na mesma oportunidade lançará a Campanha Nacional de Incentivo à Doação de Órgãos 2019. A data foi instituída por lei em 2007.
Para aumentar o número de doadores, divulgar o tema transplante e esclarecer dúvidas comuns da população é que a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) organiza todos os anos a Campanha Nacional de Doação de Órgãos, com eventos e ações informativas em todas as capitais brasileiras.
Apesar de o tema ter sido amplamente discutido nos últimos anos, ainda é um assunto polêmico e de difícil entendimento por parte da população, refletindo no alto índice de recusa familiar em permitir transplantes.
Um estudo realizado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) identificou os três principais motivos dessa alta taxa de recusa, comum a vários países: incompreensão dos familiares do paciente sobre a morte encefálica, falta de preparo da equipe para fazer a comunicação sobre a morte e religião.
O transplante é um procedimento cirúrgico que consiste na reposição de um órgão ou tecido, que pode ser rim, coração, pulmão, pâncreas, fígado, medula óssea, córneas e ossos de uma pessoa doente, o chamado receptor, por outro órgão ou tecido em boas condições de um doador vivo ou morto.
A legislação determina que a família é a responsável pela decisão final, não tendo mais valor a informação de doador ou não doador de órgãos registrada no documento de identidade.
Em Sorocaba, por iniciativa da Unimed, será realizada a Semana de Doação de Órgãos e Transplantes, com palestras voltadas para médicos e colaboradores da instituição. Nesse período, a Unimed usará as redes sociais para apresentar a campanha cujo mote será a palavra “sim”.
A campanha alerta justamente para o fato de que muitas pessoas têm o desejo de serem doadoras de órgãos, mas seus familiares muitas vezes desconhecem essa intenção. A campanha incentiva que os potenciais doadores manifestem essa disposição aos seus familiares.
Na mesma data, a instituição comemora a realização de 1.202 procedimentos classificados como de alta complexidade no Hospital Dr. Miguel Soeiro, muitos deles realizados para pacientes cobertos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
O hospital da Unimed em Sorocaba é o único hospital privado do interior do Estado de São Paulo habilitado para realizar transplantes de fígado e o quinto centro com maior produção desta modalidade. Os transplantes no hospital da instituição começaram na década de 1990, quando foram realizados os primeiros transplantes de córnea.
Em 2003 foi realizado o primeiro transplante de fígado e o primeiro transplante de coração ocorreu em 2004. Com equipes especializadas, o hospital realiza hoje transplantes complexos, tanto intervivos como de doadores falecidos.
Outra instituição que se destaca é o Banco de Olhos de Sorocaba (BOS), que se tornou referência no transplante de córneas. Recordista nacional nessa modalidade de transplante, o BOS lançou no mês de abril deste ano um aplicativo para ser usado exclusivamente por profissionais da saúde que permite que a doação do tecido ocular seja acompanhada em tempo real, desde o momento da comunicação do óbito do doador, até a finalização do processo.
Com esse aplicativo, a equipe do hospital tem mais tempo para conversar com a família sobre a possibilidade de doação, antes que se esgote o prazo para a utilização dos tecidos.
A meta do Ministério da Saúde e das campanhas relativas à doação de órgãos é ampliar o número de doadores e, consequentemente, o de transplantes. Fato importante a ser considerado é que quase 100% dos transplantes feitos no Brasil são realizados pelo SUS.
Há, entretanto, muito a ser aperfeiçoado, como o aumento da captação de órgãos via esclarecimento das famílias e até da formação de equipes e centros capacitados para transplantes que atendam em todo o País.