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Editorial: Redução animadora

03 de Agosto de 2018 às 10:22

Sorocaba registrou nos últimos cinco anos uma queda considerável no número de furtos e roubos de veículos. Nesse período houve uma redução de 34,7% nos casos de furtos e 42,9% nos roubos de veículos. No primeiro semestre de 2013 tivemos 1.354 casos de furto e 884 no mesmo período de 2018. No caso dos roubos, a queda foi mais acentuada. Passaram de 401 para 203. Além da queda considerável nesses tipos de crime, é preciso considerar que a frota da cidade cresceu bastante nesse período. No início de 2013 circulavam por Sorocaba 381 mil veículos de todos os tipos, incluindo motos e veículos pesados. No final do ano passado, esse número havia subido para 473 mil, quase 100 mil veículos a mais. Ou seja, houve queda nos furtos mesmo com um número expressivamente maior de veículos nas ruas.

Mas o que teria acontecido nesse período para inibir a ação dos ladrões? Segundo a Secretaria de Segurança Pública, a queda se deve principalmente à ação das polícias Civil e Militar no período. De acordo com os dados divulgados pela secretaria, ações integradas entre as polícias resultaram na recuperação de 491 veículos, prisão de 2.522 pessoas e apreensão de 106 armas de fogo. Nesse período, algumas quadrilhas especializadas em furtos de veículos foram descobertas e boa parte de seus membros, presos. Em setembro de 2015, por exemplo, a Polícia Civil desarticulou um bando formado por nove pessoas que furtava e desmontava veículos na cidade. Especializados nesse tipo de crime, teriam furtado em um curto período, mais de 40 veículos na cidade. Outro exemplo da ação policial foi a prisão, no início do mês passado, de um homem acusado de ser o maior ladrão de automóveis da região, que tinha contra ele cinco mandados de prisão.

A tecnologia também teria auxiliado para a queda nesses dois tipos de crime como, por exemplo, a implantação de sistemas de leitura de placas na região, a partir de setembro do ano passado, com 56 pontos de fiscalização e 112 leitores de placas. Essa tecnologia consegue identificar a passagem de veículos furtados ou roubados, alertando e facilitando o trabalho policial.

Outro fator que certamente teve grande influência na queda de furtos e roubos de veículos foi a Lei dos Desmanches, que entrou em vigor no Estado de São Paulo em meados de 2014. Essa lei regulamentou as atividades de desmonte e reciclagem de peças de veículos, criando uma série de normas para a venda de peças automotivas usadas. Como se sabe, boa parte dos veículos furtados tem como destino suprir o mercado de peças clandestinas usadas, um mercado paralelo que movimenta muito dinheiro, mas que teve seu funcionamento dificultado pela nova legislação. Para começar, quem trabalha com desmanche de veículos deve ser credenciado no Departamento Estadual de Trânsito (Detran) e na Secretaria da Fazenda e somente empresas credenciadas poderão vender peças usadas para o consumidor final.

No primeiro ano de vigência dessa lei, o Detran fechou cerca de 700 desmanches em todo o Estado de São Paulo, dificultando a venda de peças de veículos furtados ou roubados no Estado. Numa segunda fase, para combater com mais eficácia o comércio de peças ilegais, a legislação passou a exigir dos vendedores de peças usadas etiquetas com um código que identifique a origem do produto e a existência de nota fiscal eletrônica para esse tipo de venda, o que facilita o rastreamento dos componentes de veículos furtados. A legislação passou também a exigir certos procedimentos no manuseio de peças usadas que evitem a contaminação do solo na área do desmanche. Certamente a fiscalização constante dos desmanches não eliminou de vez a venda de peças de veículos roubados, mas é um fator inibidor importante.