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Editorial: ‘...Que não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita...’

01 de Agosto de 2018 às 11:00

Criada há 54 anos pela Loja Maçônica Perseverança III, a Fundação Ubaldino do Amaral (FUA), como muitas outras instituições em Sorocaba, é dedicada à prestação de serviços para melhoria da qualidade de vida de diversos setores da população: educação é um preceito fundamental, materializado na criação do Colégio Politécnico há 19 anos, que por muitos anos educou crianças e adolescentes de baixa renda com a melhor qualidade de ensino. Hoje, o Colégio Politécnico, mantendo sua exigência com uma educação de alta qualidade, atende aos diversos segmentos econômicos da sociedade.

A FUA é mantenedora do Jornal Cruzeiro do Sul, que completou recentemente 115 anos de idade. Sua coirmã, Fundação Cultural Cruzeiro do Sul, com 29 anos, é a mantenedora da Rádio Cruzeiro FM 92,3.

Há muito se conhece Sorocaba como uma cidade solidária, com uma grande participação do sorocabano em atividades do terceiro setor. É um fato corriqueiro. Muitos recém-chegados a nossa cidade observam que a grande maioria dos novos amigos e vizinhos estão comprometidos com uma ou mais atividades de cuidado com o próximo, de forma voluntária, sem remuneração. São atividades tão comuns ao cidadão e, muito provável, ao leitor que passam a ser parte de sua vida, uma questão rotineira. E exemplar.

Enquanto o poder público e seus representantes não dão o melhor exemplo no cuidado com as pessoas -- crianças, adolescentes, adultos, pessoas maduras, enfermos e mesmo aqueles cuja mente já nos deixou -- observa-se em Sorocaba um dedicado cuidado com o próximo. Uma questão cristã? Pode ser. Mas devemos observar que muitos agnósticos e de outras denominações também se envolvem no cuidado com o ser humano com igual intensidade. Solidariedade não tem credo, denominação ou ideologia. Apenas é um princípio, próprio do indivíduo que está atento ao semelhante.

Ao, também, completar aniversário, 149 anos, a Perseverança III, como é conhecida entre muitos sorocabanos, criou ou adotou outras instituições de atendimento e cuidado -- e muito carinho -- com outras faixas da população: Associação Protetora dos Insanos de Sorocaba, que tem 99 anos; a Vila dos Velhinhos de Sorocaba, com 84 anos e que passa por uma ampla remodelação; o Lar Escola Monteiro Lobato, que tem 72 anos; e a Liga Sorocabana de Combate ao Câncer, extremamente ativa com 43 anos.

Nesse ambiente fértil e propício de solidariedade, a FUA, clubes de serviços, instituições filantrópicas, igrejas e hospitais têm procurado com seu trabalho sério e sem personalização -- o indivíduo trabalha, serve voluntariamente e o objeto é o próximo -- suprir aquilo que está a seu alcance e em falta ao outro. É do que fala Mateus sobre o fazer com uma mão, de forma discreta para que a outra nem perceba. O valor está no ato, no resultado e não na personificação inglória. E hoje, em dias carentes de exemplos, que seja o ato da mão que faz seguido por muitos.

Os exemplos que se ouve e lê, quase que diariamente, de trabalhos voluntários em outros países mais avançados economicamente, em nada são mais maduros ou melhores que o trabalho que se faz em Sorocaba. Podem ser mais ricos, podem ser de alcance maior, supranacional até. Mas em seu âmago, no cuidado e dedicação, Sorocaba é a celebração que a Fundação Ubaldino do Amaral partilha com seus membros, com a cidade e, especialmente, com colegas do terceiro setor. Porque somos todos, em nossas famílias, com a bênção de Deus, pessoas que gostam do próximo, que reconhecem os presentes que receberam e querem retribuir à sociedade. Que reconhecem a importância do cuidado com o semelhante para a construção de uma sociedade mais justa. E que só assim, cuidando e criando oportunidades, construiremos uma nação voltada ao homem livre da dependência de governos com objetivos e exemplos pouco recomendáveis.