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Avanço lento

02 de Agosto de 2019 às 00:01

Sorocaba gera mensalmente 15 mil toneladas de lixo, aproximadamente 500 toneladas diárias de resíduos sólidos coletados por empresa contratada pela Prefeitura e encaminhados para um aterro sanitário particular localizado no vizinho município de Iperó. É uma quantidade imensa de lixo que, por maior que seja a área do aterro sanitário, dentro de alguns anos vai esgotar toda sua capacidade de armazenamento. Sorocaba recicla, por meio do trabalho de cooperativas, somente 3% desse volume de lixo, uma quantidade muito pequena e que não ajuda a prorrogar a vida útil de aterros sanitários. De acordo com informações do Plano Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), 30% do lixo produzido no Brasil têm condições de ser reciclado, ou seja, dez vezes mais do que é reciclado no município.

Esta semana a Secretaria de Saneamento (Sesan) informou que vai ampliar o número de bairros que terão coleta seletiva. Segundo a nota, em parceria com as cooperativas de reciclagem, a Sesan inicia o cadastramento em algumas ruas dos bairros Wanel Ville, do Jardim Villagio Torino e Nova Sorocaba e pede que os moradores atendam as pessoas responsáveis pelo cadastramento da cooperativa e participem do projeto de reciclagem. Os interessados deverão ser orientados a separar corretamente o lixo e o que interessa para a reciclagem. A separação dos materiais recicláveis tem de seguir alguns critérios. Precisam estar limpos e secos e não podem, por exemplo, estar misturados com lixo orgânico, que continua a ser recolhido pela coleta domiciliar de lixo ou depositados no contêiner de lixo mais próximo.

A ampliação do número de bairros que receberão a coleta seletiva é sempre uma notícia boa, pois revela preocupação do poder público municipal com o meio ambiente. Mas o curioso é que o comunicado, distribuído em forma de notícia pela Secretaria de Comunicação, não fala em atendimento total desses bairros, mas apenas em algumas ruas, o que mostra que o avanço da coleta seletiva é muito tímido e carece de uma estrutura mais robusta para ampliar seu raio de atuação. Há um ano a Prefeitura de Sorocaba anunciava a conclusão do Plano Municipal de Coleta Seletiva (PMCS), que foi motivo de análise neste espaço. Trata-se de um levantamento minucioso sobre as necessidades do município nessa área, elaborado por uma empresa de consultoria especializada e financiado com recursos do governo federal. O trabalho começou a ser elaborado em 2013 e consiste em um volume com 700 páginas de informações técnicas sobre a necessidade da coleta seletiva e a destinação correta de resíduos sólidos. No PMCS não existem soluções imediatas ou rápidas. Na verdade são 22 metas específicas sobre o assunto, nenhuma realizável no curto prazo, mas aponta soluções para os próximos 20 anos. O projeto prevê a reorganização e otimização da coleta seletiva em um período de três anos. Prevê também, num prazo de quatro anos a oito anos, a criação dos Pontos de Entrega Voluntária, locais onde o cidadão que mora em bairro não atendido pela coleta seletiva, possa depositar seu lixo reciclável.

O sistema de coleta seletiva em Sorocaba, assim como ocorre em outros municípios, é baseado no trabalho de cooperativas de reciclagem. Há dois meses a frota de veículos que trabalha na coleta seletiva recebeu novos caminhões. Segundo a Sesan, agora são nove veículos, o que está permitindo a ampliação no número de bairros atendidos. Hoje são três cooperativas atuando na cidade em um trabalho que, além de promover a reciclagem de materiais, promove a inclusão social, gera renda e promove o desenvolvimento sustentável. A ampliação da coleta domiciliar é compreensivelmente lenta, pois envolve uma frota grande de veículos, despesas com combustíveis e o esclarecimento da população sobre a correta separação do lixo. Mas algumas medidas podem acelerar esse processo. A criação de Postos de Entrega Voluntária, por exemplo, é uma medida de baixo custo que poderia ser adotada. Vários postos poderiam ser criados nas diversas regiões da cidade para que os munícipes interessados em colaborar com as cooperativas pudessem depositar, ao menos uma vez por semana, seu lixo reciclável. Um avanço que poderá beneficiar o sistema de coleta e o meio ambiente sem grandes despesas para o poder público.

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