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Consumo preocupante

21 de Dezembro de 2018 às 00:01

Estamos entrando no Verão, época de chuvas abundantes na região Sudeste do país, o que não impediu o Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Sorocaba (Saae) de emitir um alerta para que a população economize água devido à possibilidade de desabastecimento de alguns bairros das regiões mais altas da cidade. As altas temperaturas dos últimos dias incentivaram o aumento do consumo em 25% e o volume de chuvas da Primavera não foi suficiente para manter o nível de todas as represas que abastecem a cidade em níveis satisfatórios. Para manter água suficiente nos reservatórios, o Saae vem desligando durante a noite as bombas de alguns deles, mas o desabastecimento poderá ocorrer se a população não fizer uso consciente da água.

O pouco volume de chuva que caiu na região até agora está prejudicando os principais mananciais que abastecem a cidade. A represa de Itupararanga, que é responsável pelo abastecimento de mais de 70% da cidade apresenta níveis baixos, mas ainda acima do esperado para este ano e tem monitoramento constante. Também é razoável a situação das represas Castelinho e do Ferraz, ambas de pequeno porte, que servem para o abastecimento da região do Éden e Zona Industrial. Diferente é a situação da represa de Ipaneminha, na zona oeste, que se encontra em estado crítico. Esta represa, apesar de não armazenar grande volume de água, ajuda no abastecimento da Estação de Tratamento de Água (ETA) do Cerrado, que distribui 85% da água tratada.

Sorocaba, como se vê, deve a maior parte de seu abastecimento à represa de Itupararanga, o grande manancial da região e que abastece também Votorantim e outros municípios. Há pelo menos dois problemas sérios com relação a essa fonte. O primeiro deles é a distância de Sorocaba. Do local de captação até a ETA do Cerrado são 14 quilômetros em que a água é transportada por adutoras. Em várias ocasiões já ocorreram rompimentos de uma ou mais adutoras por conta de deslizamentos registrados durante o verão nesta época de chuvas fortes. Em mais de uma ocasião o abastecimento entrou em colapso por conta do rompimento desses dutos. A última vez que isso ocorreu foi em fevereiro do ano passado, afetando toda a cidade. Em anos anteriores também ocorreram problemas ainda mais graves, deixando a cidade praticamente sem água por vários dias. O perigo de deslizamentos de terra, principalmente em trechos mais íngremes cortados pelas adutoras, fez com que o prefeito José Crespo (DEM) determinasse que a criação de um plano especial de manutenção desses dutos e equipes dedicadas exclusivamente à prevenção de rompimentos.

Outro fator preocupante é a queda acelerada da qualidade da água daquele manancial. Apesar de estar teoricamente protegido há 20 anos por uma Área de Proteção Ambiental (APA), análises recentes mostram uma situação preocupante. De acordo com relatório da Cetesb para o ano de 2017, a qualidade da água que vinha se mantendo boa desde 2013 apresentou pela primeira vez classificação regular. Se medidas urgentes e rigorosas não forem adotadas rapidamente, corremos o risco de ver a mais importante fonte de água potável da região comprometida. Essa ameaça só será afastada quando forem utilizadas outras fontes de abastecimento. Segundo o Saae, em 2020 entrará em funcionamento uma estação de tratamento no Parque Vitória Régia que vai retirar água diretamente do rio Sorocaba. A água será retirada de local mais próximo da cidade e poderá se transformar em uma nova opção de abastecimento, desde que o rio de mantenha despoluído.

Com esse quadro complexo e que absorve muitos recursos, nada justifica o desperdício de água. O líquido que chega tratado nas torneiras não pode ser utilizado para lavagem de calçadas, de automóveis, por exemplo, muito menos em vazamentos. O alerta do Saae merece atenção. É preciso usar a água de maneira racional, para que não venha a faltar nos períodos de estiagem.