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Consequências da quarentena

24 de Abril de 2020 às 00:01

A queda da atividade econômica e os números resultantes da quarentena em vigor em praticamente todo o País desde o final do mês de março é assunto debatido à exaustão, principalmente nos meios eletrônicos nestes tempos de isolamento social.

Esse tema só perde para os números trágicos da Covid-19, internações hospitalares, falta de equipamentos médicos e mortes, uma situação inimaginável meses atrás quando começaram a chegar as primeiras informações do surgimento de uma nova epidemia do outro lado do mundo.

A pisada brusca no freio da economia mundial como consequência da pandemia afetará a todos. Países melhor preparados e com maiores recursos poderão sair da crise com mais facilidade. Os países periféricos, fornecedores de matérias primas, terão mais dificuldades em superar a situação.

O ministro Paulo Guedes, da Economia, afirmou na última segunda-feira que a recuperação econômica, após a crise do novo coronavírus, será rápida no Brasil e usou a imagem da letra “V” para ilustrar uma retomada tão rápida quanto a queda na atividade econômica. Segundo o ministro, o Brasil tem tomado medidas melhores ou iguais que a de outros países e que vai surpreender o mundo.

O impacto econômico causado pela luta contra a pandemia com os aumentos dos gastos com a área da saúde e principalmente os reflexos do fechamento das indústrias, comércio e serviços na arrecadação de impostos está levando governos estaduais e municipais a refazerem as contas.

Na Prefeitura de Sorocaba a situação é semelhante a de tantos municípios brasileiros, com previsão de queda de arrecadação nos próximos meses. Em entrevista exclusiva ao Cruzeiro, o secretário da Fazenda, Marcelo Regalado, falou sobre o impacto que as medidas de isolamento estão tendo nas finanças municipais e os cortes inevitáveis que algumas secretarias terão no orçamento deste ano, visto que o aumento das despesas com a saúde não estava previsto.

Segundo o secretário, até o fim de março as medidas não causaram impacto na arrecadação. No cenário mais positivo, com base em dados do boletim Focus, do Banco Central, que considerou o isolamento social até o final de abril, a queda de arrecadação ficará em 9,3%, o que representa R$ 232 milhões a menos no orçamento.

Com base em estudos do Banco Mundial, a queda será maior, com uma queda de 12,9%, o que equivale a R$ 307 milhões no orçamento deste ano. Outro cenário estudado pela Prefeitura tem por base projeções da Frente Nacional de Prefeitos, e traz uma realidade mais complicada, com queda de 18,8%, o que equivale a R$ 439 milhões a menos nos cofres municipais.

E há ainda um cenário -- este próximo da tragédia -- projetado pelo Instituto Brasileiro de Pesquisa Tributária que traz quatro estudos. No pior deles, com o isolamento prorrogado até o final de julho, a arrecadação teria uma queda gigantesca de R$ 881 milhões.

Nessas condições se criaria uma situação complicada para as contas municipais, com cancelamento de contratos de vários tipos de serviços. Como as medidas de isolamento foram prorrogadas, resta esperar que a recuperação econômica seja rápida, para não afetar com muita força o orçamento previsto.

Na última quarta-feira, o governador João Doria concedeu entrevista coletiva junto com seus auxiliares diretos envolvidos no combate à pandemia e revelou que as atividades não-essenciais continuam proibidas no Estado até o dia 10 de maio.

As autoridades estaduais inclusive alertaram as cidades do interior paulista que estão paulatinamente liberando algumas atividades, para que sigam as orientações do governo de São Paulo.

O fechamento do comércio, indústria e serviços é péssimo para a economia. Prejudica tanto empresários como empregados desses setores, além de toda a sociedade, com a consequente queda na arrecadação dos impostos.

E também na quarta-feira, entidades representativas de Sorocaba, como a Associação Comercial e o Ciesp Sorocaba reuniram-se para discutir e planejar a retomada da economia da cidade após a quarentena. De modo geral, os representantes dessas entidades concordaram com as medidas estaduais de buscar a abertura do comércio e outras atividades com segurança, preservando a saúde e a vida da população.

O ponto positivo desse encontro, com base em uma data limite para o isolamento, é o início do planejamento das atividades pós-quarentena, sempre pensando no bem-estar da população. É bem possível que esse planejamento e a retomada dos negócios marque o início da retomada vigorosa prevista pelo ministro da Economia.