Cidades Inteligentes
Em pleno início de dezembro, nos dias 5 e 6, época do ano em que habitualmente as pessoas desaceleram o nível de concentração sobre assuntos de alta densidade tendo em vista o clima de preparação para as festas de Natal e fim de ano, um público altamente qualificado se reuniu em Sorocaba para discutir o conceito de Cidades Inteligentes.
O ponto central foi a tecnologia e quais as possibilidades de extrair dela todo o potencial para melhorar a vida dos cidadãos.
Os setores públicos nos três níveis de governos (municipal, estadual, federal), assim como empresas e universidades, estavam representados no encontro com a participação de técnicos e especialistas nas mais variadas áreas de composição da sociedade.
O primeiro dia do evento teve como cenário o auditório da Faculdade de Engenharia de Sorocaba (Facens) e, no segundo dia, o palco dos debates foi o Parque Tecnológico de Sorocaba (PTS).
O “Forum Cidades Inteligentes: Tendências” recebeu elogios pelo número e qualidade dos temas.
Foi unânime a constatação de que a tecnologia é ferramenta importante para os planos de crescimento e progresso social.
Mas considerações devem ser feitas porque os desafios abrangem pessoas e suas necessidades em todas as áreas.
Para a Prefeitura, Sorocaba está integrada no conceito de Cidades Inteligentes.
São 500 quilômetros de fibra ótica distribuídos no município, 338 pontos em próprios municipais conectados à rede de internet, e mais 64 pontos de internet gratuita espalhados pela cidade.
Mas isso não significa que a cidade está pronta. Contribuindo para o debate, o presidente da Associação dos Engenheiros e Arquitetos (Aeas), José Carlos Carneiro, disse que não bastam vários pontos de ferramentas tecnológicas no município porque também é preciso decifrar como elas são usadas.
Por sua vez, o professor de administração e engenharia Luiz Leite destacou que “tecnologia é ferramenta”, mas advertiu que “ela não pode ser um fim em si mesma quando a gente pensa em sociedade”.
Isso porque, na gestão pública, por exemplo, podem surgir problemas que acabam por provocar a paralisação de um projeto por conta de uma emergência que surge e precisa ser resolvida.
Diante desses pontos de vista vale ressaltar que, enquanto o tempo da tecnologia é um, o tempo da gestão pública é outro e os tempos que regem o ritmo dos setores empresariais e acadêmicos seguem em outras frequências.
Basta citar que a gestão pública recebe o impacto do calendário eleitoral -- um instrumento democrático que pode alterar políticas adotadas por um governo que sucede outro e tem perfil diferente do anterior.
Com essas interrupções, quem sofre não é só o planejamento, mas a população como um todo.
Como conciliar essas contradições e garantir que a tecnologia possa servir à sociedade dentro desse leque de diversidades? As respostas são imprescindíveis para a busca de resultados eficientes.
Essa constatação leva à evidente conclusão de que o debate é permanente e outros encontros desse nível se fazem necessários.
E foi justamente com essa disposição que o encontro se encerrou com a criação do Comitê Cidades Inteligentes de Sorocaba.
A iniciativa merece todo o aplauso da sociedade local e regional diante da perspectiva de que Sorocaba não pode parar e deve seguir em busca de uma melhor qualidade de vida para a população.
Isso é o que realmente vai importar para o sorocabano.
Nesse contexto, vale tomar como inspiração ideias como a de Jaime Lerner, um dos grandes nomes da arquitetura e urbanismo da atualidade, eleito três vezes prefeito de Curitiba, responsável pela revolução urbana que fez da capital paranaense referência nacional e internacional em planejamento.
Jaime Lerner ensinou que “a maior atração de uma cidade é a qualidade de vida de seus moradores” e que “governar é fazer das cidades redutos de solidariedade”.
Eis bons caminhos a serem seguidos pelos municípios.