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Chuvas de verão

03 de Dezembro de 2020 às 00:01

Com uma frequência típica dos meses de verão, autoridades e veículos de comunicação têm recebido alertas de temporais da Defesa Civil do Estado de São Paulo nas últimas duas semanas. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) também tem divulgado com frequência a possibilidade de chuvas fortes e temporais na região. O último alerta da instituição foi distribuído na última terça-feira e atingia praticamente todo o Estado de São Paulo onde poderiam ocorrer chuva forte, com ventos intensos e possibilidade de queda de granizo até a tarde de ontem para algumas regiões. O informe descartava eventuais cortes de energia elétrica, mas não afastava a possibilidade de estragos em plantações, queda de galhos de árvores e alagamentos. Com a tecnologia que esses órgãos têm à disposição nos dias de hoje, é possível alertar autoridades e a população para se precaverem diante desses eventos naturais.

Com a primavera perto do fim, mesmo sem qualquer aparato tecnológico, o cidadão comum sabe que nos próximos meses poderemos ter tempestades com frequência. Há risco de se repetirem imagens como as divulgadas na última terça-feira em que uma árvore de grande porte, plantada em área de uma escola, caiu sobre dois carros na Vila Mariana, em São Paulo, matando uma pessoa e ferindo várias outras, ou ainda o temporal registrado em São Carlos, há duas semanas, onde mais de duas dezenas de carros foram arrastados pela enxurrada após uma tempestade.

É para evitar tragédias como essas que todo ano a Coordenadoria Municipal de Proteção e Defesa Civil (CMPDC), e o Sistema Estadual de Defesa Civil criam o Plano Verão, uma espécie de estado de alerta, que entrou em vigor na última terça-feira, dia 1º de dezembro e permanecerá em funcionamento até o dia 31 de março, podendo ser prorrogado, dependendo das circunstâncias.

Em Sorocaba são levantados anualmente os pontos críticos, locais que estão sujeitos a problemas durante os temporais. Segundo a Defesa Civil, são 88 pontos mapeados, sendo 41 sujeitos a alagamentos, 21 sujeitos a inundações e 26 pontos onde podem ocorrer deslizamentos. Nesse período há vários pontos estratégicos da cidade que têm monitoramento diário, assim como o nível do rio Sorocaba, acompanhado por videomonitoramento em um ponto próximo à praça Lions e com a Plataforma Coletora de Dados Estação Hidrológica na ponte Francisco Dell’Osso, acompanhada pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais.

O monitoramento tanto do volume de chuvas como de áreas em perigo é importante para que a Prefeitura, com suas diversas secretarias, possa minimizar as ocorrências durante o período de maior incidência de chuva, reduzindo assim os danos materiais do patrimônio público e da população. Mas todo o aparato montado pela Prefeitura, com a colaboração do Corpo de Bombeiros, Polícia Militar, Serviço Autônomo de Água e Esgoto, CPFL e Cetesb, não obterá pleno êxito se não houver colaboração efetiva da população. As pessoas precisam se conscientizar de uma vez por todas que todo lixo jogado na rua pode provocar o entupimento de bueiros, causando alagamentos. Todo esse lixo ou materiais descartados inapropriadamente também chegam a córregos e rios e contribuem para causar enchentes, além de criar locais de fácil proliferação de mosquitos.

Há outro aspecto que preocupa muitos moradores de Sorocaba e que já foi tema de reportagem no mês de outubro, o risco de queda de árvores durante as chuvas de verão. Moradores de vários bairros manifestaram preocupação com o fato de terem árvores aparentemente com problemas em suas ruas, um perigo potencial durante uma chuva mais forte acompanhada de ventania. Além do risco de queda sobre casas ou mesmo veículos nas ruas, há ainda o perigo de galhos derrubarem fios da rede elétrica provocando a falta de energia. Enquanto a CPFL só realiza podas de galhos que podem entrar em contato com a fiação, o corte ou poda de árvores só podem ser feitos pela Secretaria do Meio Ambiente e Sustentabilidade (Sema). Ocorre que o corte das árvores é realizado com critérios técnicos, ou seja, quando a espécie realmente está condenada, muitas vezes contraria a expectativa dos moradores. De toda maneira, é sempre importante comunicar à Prefeitura as árvores que aparentemente representam risco de queda, para que equipes especializadas possam examiná-las. E espera-se da municipalidade atendimento rápido no exame dessas árvores, para não deixar a comunidade exposta a riscos. População e poder público precisam unir esforços para atravessar três meses com tempo instável e chuvas volumosas, para reduzir ao mínimo os danos materiais e preservar vidas.