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Carros e pedestres

24 de Julho de 2018 às 11:42

Reportagem publicada por este jornal no último domingo mostra que houve aumento no número de atropelamentos em Sorocaba. De acordo com o Sistema de Informações Gerenciais de Acidentes de Trânsito do Estado (Infosiga), a maioria dos acidentes (64%) aconteceu na área urbana e 29,4% foram em rodovias que cortam a cidade.

No primeiro semestre deste ano os atropelamentos causaram a morte de 17 pessoas, entre pedestres e ciclistas. No mesmo período do ano passado foram 14 mortes de um total de 40 em todo o ano.

Na Região Administrativa de Sorocaba, composta por mais 47 municípios, morreram 60 pessoas vítimas de atropelamento no primeiro semestre e na Região Metropolitana de Sorocaba, 41 pessoas perderam a vida em atropelamentos nos seis primeiros meses do ano. São muitas vidas interrompidas por acidentes que, em muitos casos, poderiam ter sido evitados.

A Urbes, empresa municipal que gerencia o transporte e o trânsito no perímetro urbano, informa que foram registrados 68 atropelamentos entre janeiro e maio, dos quais cinco resultaram em óbito. De acordo com o número de ocorrências, a Urbes já tem uma lista de vias onde são mais comuns os atropelamentos, tanto de pedestres como de ciclistas.

A campeã de acidentes é a avenida Itavuvu, uma via que liga grande parte da zona norte à região central e tem trânsito intenso. A maioria das vítimas de atropelamento em Sorocaba e região tem entre 34 e 39 anos e é predominantemente do sexo masculino (94%).

Esse perfil difere um pouco da média de idade das vítimas de atropelamento do Estado de São Paulo. De acordo com o Movimento Paulista de Segurança no Trânsito, um programa do governo paulista, um em cada três acidentes desse tipo registrado no ano passado ocorreu com pessoas com mais de 60 anos.

A segunda faixa etária mais afetada por acidentes envolvendo pedestres é a de pessoas entre 30 e 49 anos. A predominância de idosos nos casos de atropelamento no Estado levou o grupo a recomendar aos municípios adaptações necessárias para atendê-los, como o aumento no tempo dos semáforos e campanhas de conscientização específicas.

São várias as causas dos atropelamentos. Em ambiente urbano, é imprescindível que motoristas obedeçam aos limites de velocidade e à sinalização de trânsito. Calçadas com buracos ou muito estreitas forçam os pedestres a caminharem pela rua, um fator de alto risco.

É comum vermos que mesmo onde existem lombotravessias muitos motoristas ignoram a preferência dos pedestres. Essas faixas muitas vezes são mal iluminadas e se transformam em armadilhas no período noturno. Há também muitos pedestres que atravessam as vias em qualquer ponto, colocando-se em situação de risco. Em algumas cidades existe a prática de alertar motoristas e pedestres sobre cruzamentos perigosos e com altos índices de acidentes, uma maneira simples de manter a comunidade informada sobre os riscos no trânsito.

Nas rodovias, esses riscos são ainda maiores devido à velocidade dos veículos. É preciso que o DER e as concessionárias que administram as rodovias da região levantem os locais onde há necessidade de novas passarelas para atender bairros que surgem ao longo das estradas, mas também são necessárias campanhas para incentivar seu uso, pois sempre há aqueles que as ignoram solenemente e tentam atravessar as pistas pulando alambrados ou outros equipamentos de segurança, colocando sua vida em risco.

E há sempre o fator imprudência nos atropelamentos, tanto dos motoristas como dos pedestres. Para enquadrar o motorista relapso há o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) que determina as penalidades para infratores que podem chegar até a perda definitiva da CNH.

O mesmo CTB previa, ao ser lançado em 1997, multas para pedestres e ciclistas que desobedecerem as normas de trânsito. As multas entrariam em vigor em abril passado, mas o Denatran decidiu adiar para 1º de março de 2019 para dar mais tempo aos órgãos de trânsito se adaptarem. Como se vê, algumas medidas simples e guiadas pelo bom senso ajudariam a reverter o alto número de atropelamentos.