Altos e baixos
A Secretaria de Estado do Meio Ambiente divulgou o ranking das cidades paulistas inscritas no Programa Município VerdeAzul (PMVA), que avalia políticas públicas relacionadas ao meio ambiente. Ficamos sabendo que Sorocaba ficou na 11ª posição no ano de 2018. O programa, segundo a secretaria estadual, tem como objetivo medir e apoiar a eficiência da gestão ambiental dos municípios. Há, segundo as regras do programa, uma avaliação das políticas públicas em 12 setores: arborização urbana; biodiversidade; conselho ambiental; educação ambiental; esgoto tratado; estrutura ambiental, estrutura e educação ambiental; gestão de águas; Município sustentável, qualidade do ar, resíduos sólidos e uso do solo.
A posição de Sorocaba nesse ranking é bastante irregular. Quando começou a participar dessa avaliação, em 2008, a cidade ocupou a preocupante 118ª posição. Em 2012, saltou para a segunda posição até chegar à primeira colocação em 2013, classificação bastante festejada pelo então prefeito Antonio Carlos Pannunzio (PSDB) e funcionários da Secretaria de Meio Ambiente. Se algumas ações de impacto foram implementadas naqueles anos para tornar a cidade uma espécie de exemplo no quesito meio ambiente, não tiveram continuidade, pois de lá para cá nunca mais atingiu o topo do ranking. Em 2016 alcançou a 7ª posição, mas em 2017 a cidade caiu 22 posições e ficou em 29º lugar.
Há especialistas em meio ambiente que criticam os critérios de avaliação, uma vez que no período de um ano não é possível mensurar grandes alterações ambientais em um município. Outros criticam o fato de a simples criação de conselhos e órgãos burocráticos pesem na classificação final da cidade. De qualquer forma, a simples divulgação dos primeiros classificados no ranking serviu para gerar protestos. Moradores de Araçoiaba da Serra (8ª classificada), por exemplo, estranharam o fato, uma vez que, segundo eles, a cidade tem sérios problemas com lixo e a disposição irregular de lixo e entulho em estradas vicinais e mesmo assim ficou à frente de Sorocaba.
Mas se Sorocaba avançou alguns pontos nessa classificação anual, não podemos nos esquecer de que a cidade tem sérios problemas na área ambiental e que precisam ser resolvidos. Alguns deles: a Prefeitura determinou este ano o fechamento dos Ecopontos, locais onde caçambas eram colocadas para acondicionar entulho. A administração alegou que a população fazia mau uso do equipamento, mas com a retirada dos recipientes, o entulho e o lixo continuam sendo despejados nesses locais, focos de reprodução de insetos e roedores. A cidade também não tem um sistema de coleta seletiva de lixo estruturada. As cooperativas que atuam hoje conseguem coletar uma mínima parte do lixo reciclável da cidade. A cidade também continua sem um aterro sanitário e precisa mandar todo o seu lixo para um local particular em outro município.
Outro problema seríssimo é a qualidade da água da represa de Itupararanga, de onde vem a maior parte da água consumida por Sorocaba, Votorantim e outros municípios. Mesmo fazendo parte de uma Área de Proteção Ambiental (APA), a represa vem recebendo esgoto sem tratamento de empreendimentos imobiliários daquela região, e agrotóxicos das áreas agrícolas existentes no entorno. Os nove municípios -- entre eles Sorocaba -- que fazem parte da Unidade de Conservação, até hoje não atacaram com rigor essas irregularidades e a qualidade da água do manancial cai a cada dia.
Sorocaba tem sérios problemas de arborização urbana, principalmente nos bairros onde foram permitidos loteamentos populares, ótimos para a especulação imobiliária, mas péssimos para a qualidade de vida de seus moradores, pois a pequena dimensão da testada dos terrenos praticamente não permite o plantio de árvores. E a cidade tem ainda um histórico problema de contaminação ambiental, herança da antiga fábrica de baterias Saturnia, problema que a Cetesb, agência do governo estadual responsável pela fiscalização de poluição, tinha conhecimento há vários anos, mas não solucionou .
Mesmo com critérios discutíveis, é importante ver a avaliação de Sorocaba melhorar na área do meio ambiente. Mas é preciso avançar muito para que problemas que se arrastam há anos sejam resolvidos.