Alternativa de abastecimento
A cidade de Sorocaba é abastecida, em quase sua totalidade, por um dos maiores mananciais da região, a represa de Itupararanga. O Saae coleta água que abastece aproximadamente 70% da população em um ponto abaixo da represa e leva todo o líquido, por meio de várias adutoras, para a Estação de Tratamento de Água (ETA) do Cerrado. Também retira água, em muito menor quantidade, da represa do Ipaneminha, igualmente tratada no Cerrado. Essa estrutura foi suficiente para atender a população durante um bom período. A região de Brigadeiro Tobias, por carência de fontes hídricas e pela distância da ETA Cerrado, sempre foi abastecida por poços artesianos, enquanto há décadas, a zona industrial e regiões de Aparecidinha e Éden, uma área de crescimento acelerado, passou a ser abastecida com a água retirada e tratada da modesta represa do Ferraz. Mas o abastecimento chegou a um limite com o crescimento vertiginoso da zona norte, onde praticamente outra cidade surgiu e não para de crescer. Nos últimos anos, não foram poucas as vezes em que foi necessário realizar rodízio de abastecimento em muitos bairros e mesmo assim as reclamações de falhas no abastecimento só crescem.
Há alguns anos, o Saae de Sorocaba projetou a primeira estação de tratamento da zona norte, com o diferencial de ter capacidade para retirar e tratar a água diretamente do rio Sorocaba, na altura do Parque Vitória Régia. Esse projeto só foi possível porque, anos antes, havia sido concluída a despoluição do rio no trecho que passa por Sorocaba. Livre de poluentes industriais e com a entrada em funcionamento das estações de tratamento de esgoto, a projeto tornou-se viável. Sorocaba não será a primeira cidade a retirar água diretamente do rio para abastecimento. Vários municípios localizados a jusante já fazem isso há décadas e igualmente foram beneficiados pelo trabalho de despoluição do Sorocaba, justamente na área em que recebia maior carga de poluentes.
Uma vantagem da nova estação é estar localizada na zona norte da cidade, ou seja, próxima aos bairros que consumirão sua água, evitando grandes gastos com anéis de distribuição cruzando a cidade. Outra vantagem é que vai retirar a água diretamente do rio. Hoje, a água que chega da represa de Itupararanga até a ETA do Cerrado percorre mais de 14 quilômetros em adutoras de materiais diferentes. Elas atravessam áreas montanhosas da Serra de São Francisco, áreas sujeitas a deslizamentos durante o período de chuva, áreas urbanizadas, rodovias e cursos d’água, entre outros obstáculos. Para evitar surpresas, a autarquia mantém um pessoal treinado que diariamente percorre trechos das adutoras, o que não evita alguns acidentes, como os registrados anos atrás. Uma queda de barreiras ou outro acidente natural é suficiente para danificar as adutoras e provocar o colapso no abastecimento de água na cidade, como já ocorreu em diversas oportunidades. Além da interrupção no fornecimento de água para mais de 70% da população, que é o que atende a ETA Cerrado, os reparos às adutoras são complicados, geralmente realizados em locais de difícil acesso e demoram dias.
A nova ETA, segundo informações do Saae, está testando seus equipamentos e, ao contrário do que se esperava, não entrará em funcionamento ainda este ano. O início das atividades está previsto para janeiro de 2021, quando começará a funcionar por etapas, até atingir, algum tempo depois, sua capacidade máxima de tratamento, que é de tratar 750 litros de água por segundo, com possibilidade de aumentar esse volume em uma etapa futura.
A ETA Vitória Régia começou as ser construída em 2017 e sofreu atrasos, tanto que seu início de funcionamento foi adiado em mais de uma oportunidade. Ocupa uma área de 166 mil metros quadrados na zona norte e atenderá os bairros daquela região da cidade. Mas segundo o Saae, terá condições de atender também a região dos bairros do Éden, Cajuru e Aparecidinha, abastecidos pela represa do Ferraz que tem reduzida capacidade de armazenamento e, em determinados períodos do ano, obriga a realização de rodízios de abastecimento.
O sistema adotado pelo Saae para tratar a água do rio é moderno e deixa o líquido potável. Mas é importante que o poder público e a população realizem uma constante vigilância para impedir o surgimento de fontes poluidoras industriais e de produtos químicos e, principalmente, o despejo de esgoto sem tratamento no rio, o que ocorre geralmente em áreas invadidas ou loteamentos clandestinos desprovidos de rede de esgoto. A preservação da qualidade da água do rio Sorocaba é essencial.