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Ajudando a quem precisa

19 de Janeiro de 2019 às 10:39

 

Nesses cursinhos, o principal critério de seleção é o socioeconômico, o que os torna ainda mais importantes para ajudar estudantes de poucos recursos interessados em alcançar

O acesso a boas faculdades no Brasil nunca foi fácil. A explosão pela procura de vagas nas universidades ocorreu nos anos 1960, quando o número de instituições era limitado e composto, em sua maioria, por faculdades públicas. Surgiram então os vestibulares unificados, separados por áreas de interesse (ciências humanas, exatas e biológicas), ganharam força os cursinhos pré-vestibulares e deu-se o início da ampliação do número de universidades particulares em todo o País, uma forma de adequar a oferta à intensa procura por ensino de nível superior.

Em 1998 foi criado o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), inicialmente com o objetivo de avaliar os estudantes que concluíam o ensino médio. Nesse ano, 157 mil estudantes se inscreveram. Em 2004, a nota do Enem passou a ser critério de participação dos candidatos a bolsas de estudo do Programa Universidade para Todos (Prouni) e o número de candidatos subiu para 1,5 milhão. Mas a maior mudança ocorreu em 2009 quando o Ministério da Educação criou o Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Ao longo dos anos, conceituadas universidades públicas passaram a adotar o Enem como porta de entrada de suas faculdades, atraindo ainda mais candidatos. Hoje são mais de 5 milhões de candidatos que prestam o exame. Mas as condições de competição entre os candidatos que se apresentam para o exame criado para democratizar o acesso ao ensino superior não são exatamente iguais. Um levantamento recente mostra que quanto melhor a condição socioeconômica do candidato, maior é a tendência de obter melhor nota no exame.

É nesse contexto que ganha relevância os cursinhos pré-vestibulares gratuitos oferecidos por alunos e ex-alunos de faculdades de ótimo conceito, como mostrou reportagem publicada na edição de ontem do Cruzeiro do Sul. Nesses cursinhos, o principal critério de seleção é o socioeconômico, o que os torna ainda mais importantes para ajudar estudantes de poucos recursos interessados em alcançar seus objetivos.

Um grupo de estudantes voluntários e ex-alunos da Faculdade de Direito de Sorocaba (Fadi) abriu inscrições para a turma deste ano. São 200 vagas disponíveis para pessoas de baixa renda. As aulas acontecem na sede da própria Fadi aos sábados, das 8h às 14h e as inscrições estão abertas até o dia 28, como informou a reportagem. O cursinho existe há nove anos e além de aulas de conhecimentos como história e matemática, oferece ainda conteúdos voltados para a cidadania. Apesar de ser ligado ao curso de Direito, o cursinho não é voltado apenas para quem quer ingressar nessa área. Estudantes de outras faculdades também trabalham como voluntários.

Duas universidades públicas com câmpus em Sorocaba também oferecem esse tipo de ensino. A Unesp mantém o projeto Gerabixo com a participação de alunos voluntários da instituição. O critério para a seleção é que o candidato esteja cursando ou já tenha concluído o ensino médio em escola pública ou em escola particular com 100% de bolsa, além de ter renda familiar igual ou inferior a um salário mínimo e meio. Alunos voluntários da UFSCar oferecem o Curso Pré-Vestibular Educação e Cidadania (CEC) com 120 vagas para aulas no período noturno de segunda a sexta-feira nas dependências da própria universidade, na rodovia João Leme dos Santos. O processo seletivo também usa o critério socioeconômico. Há ainda uma turma semanal em que as aulas são ministradas aos sábados.

Em todas essas iniciativas percebe-se a louvável presença de estudantes ou ex-alunos que oferecem seu trabalho voluntariamente, uma maneira solidária de retribuir a educação que vêm recebendo. O trabalho voluntário hoje vem aumentando consideravelmente nos últimos anos e, felizmente, está presente em várias áreas de atividade. São grupos de senhoras que se juntam no combate ao câncer de mama; grupos que se reúnem para resgatar dependentes químicos ou mesmo para distribuir alimentos aqueles mais necessitados. O gesto louvável não passa despercebido. Muitas empresas, principalmente as de grande porte com métodos sofisticados de seleção de pessoal, colocam o trabalho voluntário como fator importante para a escolha de futuros funcionários. Um reconhecimento mais que merecido para aquelas pessoas solidárias que dedicam parte de seu tempo para ajudar o próximo.