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Agricultura sorocabana

29 de Agosto de 2019 às 00:01

Sorocaba é uma cidade tipicamente industrial e com um setor de serviços altamente desenvolvido. Sua área relativamente pequena -- são apenas 450 km2 -- abriga um gigantesco parque industrial que, em algumas regiões, já encontra dificuldades para expansão. O que pouca gente sabe é que, apesar de ter uma área pequena em comparação com outros municípios da região, há na cidade uma produção agrícola respeitável que gera riquezas e ajuda no abastecimento local e até cidades vizinhas.

Sorocaba nunca abrigou em seu território grandes propriedades rurais como aquelas que tornaram o Estado mundialmente conhecido pelas plantações de café. Mas foi importante produtor de algodão no século 19, o que estimulou o surgimento da indústria têxtil, no final do ciclo do Tropeirismo.

Esse pioneirismo industrial, que teve entre outras consequências a implantação de Estrada de Ferro Sorocabana, garantiu ao município um papel de destaque nesse setor econômico durante todo o século 20. No início do século passado, a cidade se destacou no plantio de laranjas e chegou a ser a segunda maior produtora de laranjas no Estado, perdendo apenas para Limeira.

Foi durante esse período importante exportador de frutas cítricas até o início da década de 1940, quando o início da Segunda Grande Guerra Mundial prejudicou as exportações e ao mesmo tempo surgiu uma praga que dizimou os laranjais.

Nas últimas décadas, Sorocaba sempre se destacou por seu desempenho nos setores industrial, comercial e de serviços. Nos últimos anos, empreendimentos imobiliários avançaram em praticamente todas as direções, ocupando espaços antes destinados à produção agrícola.

Mas mesmo dispondo de uma área pequena, Sorocaba ainda tem relativa importância na produção agrícola, por conta das pequenas e médias propriedades que colaboram na produção dos alimentos consumidos pela população local e regional.

A agricultura local é importante economicamente e na última segunda-feira foi realizado no Teatro Municipal Teotônio Vilela o 3º Seminário de Agricultura de Sorocaba, promovido pela Prefeitura por meio da Secretaria de Abastecimento, Agricultura e Nutrição (Seaban). O encontro contou com a presença de mais de 150 pessoas que debateram o conceito de agricultura urbana, periurbana e sustentabilidade, temas apresentados por palestrantes especializados nessa área.

Durante o encontro também foi debatido o projeto social Nossa Horta. A intenção é que a Prefeitura recupere áreas ociosas e terrenos degradados e as coloquem à disposição da comunidade, além de oferecer capacitação aos interessados, com orientações sobre o uso do solo, sementes e adubos. A proposta envolve uma contrapartida dos participantes, que é a destinação de parte da produção para obras assistenciais da cidade.

A agricultura de Sorocaba tem uma produção significativa, praticamente desconhecida da maioria da população. Segundo dados do IBGE, o município se destaca na produção de frutas como manga, laranja, caqui e maracujá. Em 2017, por exemplo (último ano com dados disponíveis), Sorocaba produziu 204 toneladas de feijão e 2.800 t de milho (o que rendeu R$ 1,675 milhão); 4.350 t de mandioca (R$ 2,958 milhões), além de cana-de-açúcar. Esta última cultura rendeu em 2017 24.200 toneladas, mas teve períodos melhores como em 2013 quando foram produzidas 60 mil toneladas de cana.

Como se vê, não temos grandes áreas de produção mecanizada como as utilizadas para produzir soja, mas são produtos consumidos pela população dos municípios do entorno. Essa vocação agrícola pouco conhecida, embora modesta, mostra que é possível que a agricultura sobreviva mesmo em um município com vocação industrial e com pequena área territorial.

De cada dez alimentos que chegam à mesa dos brasileiros, sete vêm de pequenas propriedades, geralmente administradas por famílias, como as existentes em Sorocaba. Esse cinturão produtivo garante o abastecimento com produtos frescos e também emprego e renda para milhares de pessoas.