Buscar no Cruzeiro

Buscar

A volta dos ecopontos

28 de Junho de 2019 às 00:01

Há dez meses a Prefeitura de Sorocaba anunciava que iria desativar temporariamente os três ecopontos que ainda funcionavam na cidade, mas sem data prevista para a retomada do serviço. O motivo alegado pela administração municipal à época foi o fim do contrato com a empresa que fazia a manutenção desses locais. Os três últimos remanescentes do projeto de ecopontos estavam localizados no Parque Vitória Régia, no Jardim Sorocaba Park e na Vila Helena, todos na zona norte da cidade.

A rede de ecopontos, criada pela Prefeitura de Sorocaba em 2007 representou um avanço na área ambiental e na disposição de resíduos. Destacou-se pela simplicidade do conceito e praticidade para a população. A ideia era instalá-los em pontos específicos de determinados bairros, geralmente em áreas em rápida expansão urbana, para que as pessoas depositassem nos contêineres ali instalados quantidades limitadas de entulho, resultado de reformas ou construções e também restos de aparas de jardins, materiais que a coleta domiciliar de lixo não recolhe. Os contêineres eram trocados periodicamente e o material encaminhado para o aterro de inertes do município. Quem precisava descartar grandes quantidades de entulho precisava contar com os serviços de empresas especializadas, pois somente as credenciadas têm acesso ao aterro de inertes, localizado na zona industrial da cidade. O projeto estava inserido no programa municipal Cidade Super Limpa e foi criado para solucionar o problema do descarte inadequado de entulho nas vias públicas.

Ao longo dos anos o projeto dos ecopontos foi desvirtuado. Em primeiro lugar pela população, que passou a descartar além de entulho, qualquer tipo de lixo, inclusive animais mortos. Com o desvirtuamento da função, em pouco tempo as caçambas disponibilizadas no projeto não conseguiam mais acomodar o material descartado, mas as pessoas continuaram jogando lixo e também entulho ao redor das caçambas, formando pequenos lixões, com todos os seus inconvenientes. Além de se tornar um foco fétido de mosquitos, roedores e outros animais, os ecopontos começaram também a atrair catadores que passaram a sobreviver com o que conseguiam retirar dos ecopontos em ambiente altamente insalubre, exatamente o que se quer evitar quando se destina o lixo e entulho para aterros controlados. Essa situação tornou os ecopontos, que deveriam colaborar para a limpeza da cidade, em alvo constante de reclamação dos moradores do entorno que, com razão, se sentiam prejudicados.

Se houve descaso da população em não usar corretamente os equipamentos de descarte de entulho, uma parcela de culpa também cabe à Prefeitura e à empresa contratada que não criaram um sistema de coibir os abusos. Poderia ser utilizado monitoramento feito por funcionários ou mesmo com câmeras, para multar quem desobedecesse às normas. Um sistema de vigilância dos cidadãos, semelhante ao de denúncias por WhatsApp da Urbes, ferramenta que contribui para fiscalização contra os maus motoristas, também seria bastante útil. Afinal, jogar lixo ou entulho em local proibido está previsto na legislação municipal e o infrator pode ser multado. Quando o sistema de ecopontos foi criado, a legislação municipal já previa multa de R$ 300 para quem fosse flagrado jogando material em qualquer lugar que não nas caçambas do projeto e ainda poderiam ter o veículo apreendido.

Dez meses depois da desativação dos ecopontos, sem qualquer sinal de retomada do projeto, os problemas persistem e prejudicam a vida dos moradores próximos. Isto porque mesmo após a retirada dos contêineres, muitas pessoas continuam jogando lixo e entulho nos antigos locais de coleta, mesmo sabendo que estão criando verdadeiros lixões a céu aberto. O resultado é que parte do entulho continua sendo jogada nesses locais e parte voltou a ser jogada em áreas públicas ou privadas, como é muito fácil de constatar. Curioso é que o site da Prefeitura está totalmente desatualizado. Nele existe a orientação para que o munícipe procure um dos oito ecopontos da cidade, só que quando o interessado procura pelos endereços não encontra nada.

A Prefeitura de Sorocaba precisa encontrar uma solução para o problema, principalmente num momento em que há uma ameaça real de nova epidemia de dengue. Retomar o projeto dos ecopontos, espalhar os pontos de recolhimento para outras regiões da cidade, mas com fiscalização rigorosa é uma possibilidade que precisa ser examinada.