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A população envelhece

22 de Agosto de 2020 às 00:01

A população do Brasil está envelhecendo.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a parcela da população com mais de 65 anos era de 10,5% em 2018, e pelas projeções do instituto, esse porcentual atingirá 15% em 2034 e chegará a 25,5% em 2060.

Esse envelhecimento da população não é um fato novo.

Começou pelos países mais desenvolvidos, sobretudo nórdicos e asiáticos, chegou aos países europeus, e agora atinge os chamados países em desenvolvimento, onde igualmente ocorreu queda nos índices de natalidade e uma série de fatores levaram ao aumento da longevidade de seus habitantes.

De acordo com o IBGE, a tendência de envelhecimento da população é forte.

No ano passado, por exemplo, o número de pessoas com mais de 60 anos no País era superior em 6 milhões ao de crianças com até 9 anos de idade.

De acordo com a pesquisa, enquanto as crianças com idades entre 0 e 9 anos somavam 26,9 milhões, chegava a 32,9 milhões o número de idosos.

A Fundação Seade, entidade ligada ao Governo do Estado de São Paulo, divulgou esta semana números sobre o envelhecimento da população relativos a Sorocaba e foi tema de reportagem publicada por este jornal.

Um dado que precisa ser levado a sério por todos diz respeito a projeção feita para daqui a 15 anos.

Segundo a pesquisa da fundação, em 2035 as pessoas com 60 anos ou mais deverão representar 23,27% da população total do município, superior à faixa de jovens entre 15 e 29 anos.

Serão 155 mil idosos ante 126 mil jovens nessa faixa em que geralmente são produtivos e estão inseridos no mercado de trabalho.

E esse crescimento de idosos em relação aos jovens continuará nos anos seguintes.

É muito bom para a nação que as pessoas tenham mais saúde, vivam mais, um padrão atingido há algum tempo pelos países mais desenvolvidos.

Ocorre que para dar suporte a esse número de idosos, em sua grande maioria aposentados e fora do mercado de trabalho, é que o País e os municípios precisam se preparar para essa realidade.

De nada adianta termos uma população de idosos em crescimento se não conseguirmos oferecer um mínimo de conforto e vida digna para ela.

Essa mudança no perfil da população brasileira, que um dia foi predominantemente jovem, exige atenção especial dos governantes em todos os níveis.

Um estudo elaborado pela Secretaria do Tesouro Nacional no início deste ano projeta a necessidade de gastos adicionais de R$ 50,7 bilhões em saúde entre 2020 e 2027 somente com o envelhecimento da população, segundo o Relatório de Riscos Fiscais da União.

Para calcular o impacto do crescimento da população idosa nas despesas da área da saúde foram considerados os gastos com assistência farmacêutica, com programas semelhantes ao Farmácia Popular, e da atenção de média e alta complexidade, com atendimentos hospitalares e ambulatoriais.

Atender o número crescente de idosos no País exige muito planejamento e investimentos.

Além do atendimento na área da saúde, que irá aumentar consideravelmente, será preciso investir em formação de profissionais para atender essa nova demanda, como geriatras, cuidadores, enfermeiros, entre outros.

Sistemas de transportes públicos precisarão dar atenção ao aumento dos idosos em circulação pela cidade, assim como moradias.

Edifícios e condomínios planejados especialmente para pessoas mais velhas certamente terão boa aceitação no mercado.

Também será preciso aumentar o número de casas de repouso públicas e privadas para atender uma demanda maior.

Estamos nos aproximando de uma nova campanha eleitoral, desta vez para a escolha de prefeitos e vereadores e temas relacionados aos idosos, políticas públicas para esse grande contingente populacional certamente não estarão entre as prioridades dos postulantes aos cargos eletivos.

Candidatos muito raramente tocam no tema idosos, muito menos apresentam projetos consistentes para atender essa parcela cada vez maior da população.

Mas os idosos também são eleitores.

No Brasil, o voto obrigatório é para pessoas entre 18 e 69 anos.

É facultativo a partir dos 16 anos e acima dos 70.

E dos mais de 133 milhões de eleitores com votos obrigatórios, 67 milhões têm entre 35 e 59 anos.

Há muitos eleitores com mais de 70 anos que fazem questão de votar em todas as eleições.

Tanto que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) destaca que temos ainda 65,5 mil eleitores com mais de 100 anos que cumprem regularmente o dever cívico e estão aptos para votar nas próximas eleições.