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A luta contra um vírus

01 de Fevereiro de 2020 às 11:21

 

Crédito da foto: Out / AFP / DPA / Marijan Murat

O mundo corre sério risco de ter uma nova pandemia, uma epidemia em escala global que poderá fazer um grande número de vítimas. Na última quinta-feira, a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou que diante do avanço do coronavírus, passa a classificar a epidemia atual como emergência de saúde pública de interesse internacional.

O coronavírus, que a OMS chama de doença respiratória aguda 2019-nCoV, que tem epicentro na cidade chinesa de Wuhan, já infectou quase 9,6 mil pessoas na China e aproximadamente uma centena de pessoas em outros 18 países e já matou pelo menos 258 pessoas até agora. Em uma reunião realizada no dia 23 de janeiro, um grupo formado por 16 especialistas da OMS achou prematuro declarar situação emergencial naquele dia, mas na última quinta-feira, apesar de 99% dos casos estarem no interior da China, foi declarada a emergência internacional, diante do potencial de maior disseminação global da doença.

O que impressiona na epidemia, e o que levou a OMS a declarar emergência internacional, é a sua velocidade de propagação. Os casos aumentaram de 500 para mais de 11 mil casos em menos de uma semana. O número de mortes também aumentou vertiginosamente, de 17 para 258 no mesmo período. Os números de doentes e mortes estão crescendo tão rápido que precisam de atualização diária.

Nos últimos dez anos somente em cinco situações foi declarado estado de emergência de saúde pública internacional pela OMS: em 2009, com o vírus H1N1, que causou epidemia de gripe; em 2014, nas epidemias de ebola e pólio no oeste da África; em 2016 com a epidemia de zika no Brasil e em 2019 com a de ebola no Congo. Há casos confirmados em 18 países.

Ontem, o governo Trump declarou emergência de saúde pública após o surto de coronavírus e disse que irá proibir a entrada nos Estados Unidos, a partir de amanhã (2), de estrangeiros que viajaram para a China. No Brasil estão sendo monitorados 13 casos suspeitos, nove já foram descartados e não há nenhum caso confirmado. Dos 13 casos suspeitos do Brasil, sete são de São Paulo.

Outras características que assustam nessa doença é que além dela ter passado de animais para humanos, está avançando rapidamente pelo mundo, pois segundo evidências recentes, pode ser transmitida entre humanos antes mesmo que o transmissor apresente sintomas da doença. Por esse motivo, o governo chinês praticamente isolou Wuhan, uma importante região industrial daquele país, especializada, inclusive, na produção de componentes para veículos elétricos.

Assim que os primeiros casos de coronavírus foram confirmados na China, iniciou-se uma verdadeira corrida em busca de uma vacina, com avanços significativos nos últimos dias. Cientistas norte-americanos trabalham para fazer uma vacina capaz de barrar o coronavírus e esperam concluir a pesquisa e iniciar os testes em humanos dentro de alguns meses.

A China, que também tem muitas equipes pesquisando o assunto, forneceu a sequência do DNA do vírus, o que facilita o trabalho dos pesquisadores. Se essa cronologia se confirmar, será a vacina desenvolvida e testada mais rapidamente em um período de surto. E cientistas australianos comunicaram que desenvolveram uma versão de laboratório do coronavírus, a primeira a ser recriada fora da China, o que poderá acelerar o processo de criação da vacina.

É uma luta contra o relógio para encontrar uma maneira de conter a epide mia que pode se espalhar pelo mundo. E toda vez que as autoridades da saúde falam em pandemia, é impossível não relacionar o caso com a Gripe Espanhola (Influenza) que se espalhou pelo mundo após a Primeira Guerra Mundial e matou entre 50 e 100 milhões de pessoas, num tempo em que as poucas viagens internacionais eram feitas de navio.

Esse esforço coletivo em busca de uma vacina que pode livrar a humanidade de um problema sério mostra como muita gente no Brasil age equivocadamente ao evitar tomar vacinas e em não levar seus filhos para cumprir a tabela de vacinação obrigatória. Sorocaba tem mostrado que é uma realidade essa concepção errônea a respeito das vacinas, bem como notícias falsas sobre supostas reações das vacinas e ainda desabastecimento pontual de algumas delas.

Esta semana a Secretaria de Saúde comunicou que Sorocaba não atingiu a meta de vacinação infantil no ano passado. Algumas vacinas, como a SCR D1, contra sarampo, caxumba e rubéola, teve cobertura de apenas 45,8%. Esse comportamento do brasileiro tem levado ao ressurgimento de várias doenças que se acreditava erradicadas, como o sarampo. É um equívoco que pode levar a situações catastróficas.