A lenta retomada
Depois de uma série de avanços e retrocessos, Sorocaba inicia uma semana em nova faixa de flexibilização da atividade econômica -- a fase laranja -- que permite o funcionamento de comércios e alguns serviços não essenciais durante curto período durante o dia, desde que sejam observados cuidados de distanciamento e higienização no contexto de combate ao avanço da pandemia causada pelo novo coronavírus.
Muito já se falou sobre benefícios e desvantagens da política de distanciamento social que foi adotada em praticamente todos os países onde foi constatada a presença do novo vírus. Alguns países realizaram quarentenas rigorosas, onde se uniram as determinações governamentais com a boa vontade da população que entendeu ser aquela a melhor estratégia para derrotar o vírus que infestou o mundo a partir do início do ano. Não foi o caso do Brasil onde, desde a chegada da pandemia, foram registradas divergências entre o pensamento do governo federal e dos governos estaduais e municipais com relação aos períodos e tipos de quarentena. A obediência às determinações de isolamento dos governos estaduais, nunca foi total. Fato é que, pelo menos na região de Sorocaba os municípios nunca chegaram ao índice ideal de isolamento de 70%, mesmo nos primeiros dias, no mês de março. Essa inconstância no distanciamento social aliada aos altos índices de ocupação hospitalar, critérios adotados pelo Plano São Paulo de retomada da economia, fizeram com que muitos municípios, inclusive Sorocaba, avançassem e recuassem na abertura de estabelecimentos comerciais e de serviços.
É importante que todos observem as determinações nos planos de reabertura da economia. Tanto comerciantes, os prestadores de serviços e a população precisam ter consciência de que será preciso observar uma série de regras e protocolos daqui para a frente, pois a Covid-19 ainda está presente entre nós e não chegamos à tão esperada vacina contra essa doença.
Mas se no comércio de rua e mesmo nos shoppings, assim como nas empresas prestadoras de serviço é mais difícil o controle por conta da presença do público, o mesmo não acontece na indústria que já há algumas semanas começou a religar suas máquinas e retomar a produção. Diante da necessidade de produzir o mais rápido possível e, se possível, recuperar o tempo perdido, as indústrias aperfeiçoaram protocolos de distanciamento em todas as suas atividades produtivas e seus funcionários têm que seguir à risca esses preceitos. Os dados estatísticos disponíveis mostram não só a retração econômica provocada pela pandemia do novo coronavírus no primeiro trimestre, mas também a reação da atividade industrial. A produção cresceu 7% enquanto as vendas no varejo aumentaram 13,9% em maio, revelando que o fundo do poço das duas atividades foi registrado no mês de abril. O mesmo não aconteceu com o setor de serviços que não apresentou reação no período. Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), os dados da atividade econômica têm revelado uma retomada forte. O faturamento das indústrias, por exemplo, cresceu 11,4% e as horas trabalhadas, 6,6%.
Em Sorocaba, muitas indústrias já retomaram as atividades, adaptando os métodos de produção aos protocolos de saúde. Algumas delas até registraram crescimento nas vendas no primeiro semestre, considerado perdido por muitas empresas. A indústria automobilística nacional, que tem uma das maiores cadeias produtivas, foi uma das primeiras a parar a produção quando a pandemia chegou ao País. Mas já retomou a produção nos diversos Estados. A retomada da produção automotiva também refletiu em Sorocaba, onde é grande o número de indústrias que fornecem autopeças e equipamentos para o setor. A própria Toyota, que possui uma fábrica na cidade, já retomou a produção, assim como as unidades próximas de Porto feliz, que produz motores, e Indaiatuba, onde é produzida a linha Corolla. As atividades foram paralisadas no mês de março, com a chegada da pandemia. O fabricante de origem japonesa informa ainda que mantém investimentos previstos para a planta de Sorocaba onde deverá ser produzido mais um modelo, um utilitário esportivo compacto que chegará ao mercado no ano que vem.
O retorno da produção industrial no município assim como a flexibilização dos horários do comércio são sinais positivos para o retorno à normalidade. Mas é preciso que a população e os empresários se conscientizem da necessidade de obediência aos protocolos sanitários. Se todos respeitarem as regras de distanciamento, uso de máscaras e medidas de higiene e desinfecção, será mais fácil superar este período crítico.