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A importância dos debates

27 de Setembro de 2018 às 10:00

A dez dias do primeiro turno das eleições, o Brasil vive uma situação incomum. A divulgação de informações falsas e notícias inventadas, turbinadas pelo uso cada vez maior das redes sociais têm mostrado a necessidade do eleitor buscar informações corretas sobre aqueles que disputam a Presidência da República. Embalados pelas campanhas eleitorais, peças publicitárias criadas sem compromisso com a verdade, muitos eleitores ficam na dúvida sobre a escolha do melhor candidato.

O País atravessa uma das mais severas e longas crises econômicas de sua história, fruto de políticas econômicas equivocadas dos últimos governos e vemos candidatos prometendo repetir soluções sabidamente impróprias para estimular o crescimento. É nesse contexto que cabe ao eleitor buscar informações corretas sobre os candidatos, analisar se as propostas são viáveis. Uma boa oportunidade para analisar as propostas de governo é assistir aos debates que ainda serão realizados antes do primeiro turno. Além do debate realizado ontem pelo SBT, teremos outro na noite do dia 30 de setembro, promovido pela TV Record, e o último deles, dia 4 de outubro, quase às vésperas da eleição, que será realizado pela Rede Globo. Embora na corrida eleitoral já tenham se destacado alguns candidatos, como mostram as pesquisas, os debates programados serão decisivos para esclarecer o eleitor para que ele faça uma opção consciente. O número de indecisos ainda é grande, assim como aqueles que ainda declaram intenção de votar em branco ou anular o voto.

Durante esses encontros é possível ao eleitor tirar dúvidas sobre os programas partidários de seus candidatos e até conferir eventuais contradições entre seus próprios projetos. É importante, por exemplo, descobrir como os candidatos pretendem conduzir a questão da Previdência Social, uma bomba-relógio que, mais dia, menos dia, tende a explodir e afetar a vida de toda a população. Por ser um assunto impopular, muitos candidatos adotam a postura de avestruz, tendem a ignorá-lo durante a campanha, mas o problema é sério e tende a se agravar.

Ao eleitor brasileiro é importante saber nestes últimos dias de campanha, por exemplo, qual a posição dos candidatos com relação à Operação Lava Jato, a maior investigação realizada no País envolvendo agentes políticos, grandes empresários da construção civil e funcionários de estatais. Apesar da imensa quantidade de denúncias apuradas e muitos envolvidos já julgados e condenados, inclusive um ex-presidente que tentou se candidatar, mas teve sua candidatura barrada pelo Supremo Tribunal Federal --, a Lava Jato está longe de terminar. Há muitas denúncias a serem esclarecidas e ela precisará de sólido apoio do futuro governo para continuar atuando. Seria uma irresponsabilidade absoluta se o futuro presidente deixasse de apoiar as investigações e trabalhasse contra o que vem sendo feito em Curitiba e em outros desdobramentos da operação.

Os debates entre candidatos se tornaram comuns no Brasil nas últimas décadas, tendo começado logo após a redemocratização do País, em meados dos anos 1980. A prática já existia em outros países. Exemplo clássico de debate político entre presidenciáveis ocorreu nos Estados Unidos e reuniu, em 1960, o democrata John Kennedy, um jovem senador católico ainda pouco conhecido nacionalmente, e o veterano político republicano Richard Nixon. Foi o primeiro debate televisivo entre candidatos à Casa Branca e consagrou o formato de debates que temos até hoje. Kennedy, bem preparado e com melhor imagem, saiu do debate praticamente eleito.

É fundamental também ao eleitor saber dos candidatos qual será a postura deles, em caso de eleição, sobre a situação dos empresários, executivos e políticos denunciados ou condenados pela operação. Há candidatos que, longe das câmeras, acenam com anistia para condenados, anulando um trabalho de anos de investigação, um tapa na cara da Justiça. Por esses e outros motivos, é essencial colher o máximo de informação e fazer uma avaliação minuciosa dos candidatos antes do voto.