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A importância do Censo Demográfico

08 de Abril de 2021 às 00:36

A palavra diagnóstico vem do latim. É a junção de “dia”, que significa “por meio de” com “gnosticu”, alusivo ao conhecimento. Ou seja, é o conhecimento por meio de algo ou de alguma coisa.

Um diagnóstico pode ser empregado em praticamente todas as áreas e atividades. Na medicina, por exemplo, ele é a determinação de uma doença a partir da descrição de seus sintomas e dos exames. Já um diagnóstico empresarial é um relatório detalhado de tudo o que se passa dentro da organização.

Ou seja, um diagnóstico é ferramenta fundamental para quem precisa de uma avaliação ampla e real de determinada situação. Ter um diagnóstico é necessário para a definição de estratégias, procedimentos e ações a serem tomadas para se chegar ao objetivo proposto. Um paciente faz um diagnóstico para se tratar e se curar.

Uma empresa faz um diagnóstico para saber como está e o que precisa ser feito para chegar onde pretende. É a mesma coisa para um País. E qual é o diagnóstico de uma nação? O Censo Demográfico. Desde que seja feito com competência e profissionalismo, o censo é usado para uma infinidade de ações e definições.

No Brasil, por exemplo, seus dados servem de base para a transferência dos recursos do Fundo de Participação de Estados e Municípios, para a administração do Bolsa Família e para todas as políticas de educação, saúde e transferência de renda do governo federal, Estados e municípios.

É o censo, também, que dá confiabilidade para as pesquisas amostrais de emprego, saúde e educação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e outras entidades.

Porém, uma alteração de última hora na proposta orçamentária para 2021 ameaça cancelar o Censo Demográfico decenal que deveria ter sido feito no ano passado, e foi adiado para este ano por causa da Covid, como na maioria dos países do mundo.

Segundo o parecer final apresentado pelo relator-geral da Comissão Mista Orçamentária (CMO) do Congresso Nacional, o orçamento de R$ 2 bilhões sofreu um corte de R$ 1,76 bilhão. Ou seja, sobraram R$ 240 milhões. É muito dinheiro, sim, mas pouco para um censo nacional.

E é preciso lembrar que o censo não custa R$ 2 bilhões por ano. Se dividirmos isso pelos 10 anos, o censo custa R$ 200 milhões/ano. Perto dos gastos e falcatruas do Executivo, Legislativo e Judiciário, esse valor é café pequeno.

O primeiro Censo Demográfico brasileiro foi feito em 1872 e, desde 1920, tem sido realizado decenalmente, nos anos terminados em zero, com três exceções: não foi realizado em 1930 devido à Revolução; foi adiado de 1990 para 1991 no governo Collor; e, finalmente, foi adiado em 2020, em decorrência da pandemia.

Mais recentemente, a periodicidade foi estabelecida por lei, a cada 10 anos, justamente por sua importância.

Nosso último censo ocorreu em 2010, e, sem ele, o Brasil se junta atualmente ao Haiti, Afeganistão, Congo, Líbia e outros países falidos ou em guerra que estão há mais de 11 anos sem informação estatística para apoiar suas políticas econômicas e sociais.

Claro que o Brasil -- e o mundo -- atravessa momento peculiar e complicadíssimo com o enfrentamento da Covid. Mas com recursos, ferramentas e pessoal certos, o censo de 2021 poderia ser feito em um formato diferente, por exemplo, que levasse em conta as adversidades relativas à pandemia, mas que não deixasse o País sem essas relevantes informações ou com dados extremamente defasados.

A coleta de dados poderia utilizar as novas tecnologias, sendo feita de forma virtual, por exemplo, ou em um modelo híbrido que mesclasse virtual com presencial em áreas sem tecnologia.

A defesa do censo demográfico é crucial não apenas para o pacto federativo, mas também para a geração de dados que permitam solucionar os enormes desafios impostos ao País.

Sem o Censo em 2021, as ações governamentais pós-pandemia poderão ficar fragilizadas pela ausência de informações. Por fim, a não realização do censo em 2021 pode levar até ao fim do IBGE, cuja função primordial ficaria esvaziada. Ou seja, o censo é importante e deve ser defendido.