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A dengue preocupa

04 de Abril de 2019 às 00:59

Nos últimos meses o número de casos de dengue começou a aumentar em várias partes do País, inclusive no Estado de São Paulo. De janeiro a março, período de chuvas abundantes, principalmente na região Sudeste, a dengue avançou bastante, com um aumento de 224% de casos no período que vai do início do ano até o último dia 15 de março e três Estados podem ser considerados com epidemia da doença: Tocantins, Acre e Mato Grosso do Sul.

No Estado de São Paulo houve um grande aumento de casos nos primeiros dias do ano. Os municípios paulistas com maiores infestações são Bauru, Barretos e Araraquara, com o registro de milhares de pessoas doentes e várias mortes. Até o mês passado, dez cidades, oito na região norte e noroeste do Estado, concentram a maioria dos casos.

Até agora, de acordo com o Ministério da Saúde, o Sudeste apresentou 65,4% dos casos prováveis de dengue no País, o Centro-Oeste concentrou 17,6% dos registros, seguido pelo Nordeste, com 7,05% dos casos. O Norte apresentou 6,66%. O menor porcentual ficou com a região Sul, com o equivalente a 2,9% dos números nacionais. Foi registrado também aumento de casos de zika, mas de forma discreta, e houve queda no número de casos de chikungunya (44%) em relação ao ano passado. Vale lembrar que as três doenças são transmitidas pelo mesmo mosquito, o Aedes aegypti. Essa característica do Aedes, de transmitir várias doenças, poderá levar alguns Estados como o Tocantins, a conviver com uma tripla epidemia.

O Ministério da Saúde atribui o avanço da dengue nos vários Estados à volta da circulação do sorotipo 2 do vírus. Fazia tempo que esse sorotipo não circulava. A dengue é provocada por quatro sorotipos do vírus. Quando uma pessoa se infecta com um dos tipos, não adoece mais com esse agente, mas fica suscetível aos demais. A última epidemia por sorotipo 2 aconteceu em 2002.

Em Sorocaba, a Vigilância Epidemiológica emitiu alerta aos centros de saúde sobre a possibilidade de o município entrar em período epidêmico de dengue nas próximas semanas. O número de casos já registrados coloca o município em situação pré-epidêmica, com risco moderado de se tornar uma epidemia. Tivemos 173 casos de dengue confirmados neste ano, sendo 145 autóctones, ou seja, contraídos no próprio município e 27 casos importados e há uma tendência de crescimento. Segundo a Secretaria da Saúde do município, os casos estão mais concentrados nas regiões oeste e norte da cidade, especialmente áreas cobertas pelas Unidades Básicas de Saúde (UBS) Nova Esperança e Nova Sorocaba, com atenção para as áreas de outras três UBSs da zona norte.

Votorantim também registra casos da doença. Este ano foram 39 casos confirmados, com 35 autóctones e as autoridades da Saúde seguem no trabalho de bloqueio nos bairros onde há casos suspeitos.

O aumento de casos da doença em Sorocaba ocorre depois de um período de campanhas promovidas pela Prefeitura para a erradicação do mosquito. Toneladas e toneladas de lixo e entulho foram retirados de vários bairros e em fevereiro ocorreu o dia “D” de combate ao mosquito que, com seu arrastão, visitou centenas de residências. Por uma diretriz do Sistema Único de Saúde (SUS), o trabalho de campo para o combate ao mosquito é competência dos municípios, com eventual auxílio dos Estados em casos especiais.

Em Sorocaba percebe-se que a Secretaria da Saúde vem trabalhando há meses na tentativa de eliminar os criadouros. O combate ao transmissor da doença não pode ter trégua, pois a dengue, zika e chikungunya ainda circulam na região. Mutirões de limpeza foram realizados e toneladas de lixo e entulho foram retirados de áreas públicas e particulares, mas esse trabalho depende muito da população, que precisa se conscientizar da importância de manter suas casas, quintais e terrenos próximos sem locais propícios para a procriação do mosquito. Sem esse esforço, todo trabalho é inútil. É preciso especial cuidado para que a epidemia registrada no município no início de 2015 não se repita. Naquele ano, de janeiro a maio, mais de 52 mil pessoas foram infectadas, atulhou de doentes o sistema de saúde do município e causou perto de 30 mortes. Certamente uma situação que ninguém quer que se repita.