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A dengue chegou

26 de Abril de 2019 às 00:01

De acordo com a Vigilância Epidemiológica de Sorocaba, ao atingir 350 casos confirmados de dengue, a cidade entrou em um momento epidêmico da doença. Por enquanto, é uma situação bem diferente daquela vivida em 2015, quando mais de 50 mil pessoas adoeceram, mas o crescimento do número de doentes é um sinal de alerta que tem que ser considerado. O aumento da circulação do vírus no Estado de São Paulo seria um sorotipo de dengue que não era comum no município, o DENV2, e a população não está imune a ele.

Como resposta a essa expansão da doença, as autoridades sanitárias de Sorocaba programaram outro Dia D de combate à doença para este sábado (27), que deverá mobilizar perto de 300 funcionários das unidades básicas de saúde, das 9h às 13h. É o segundo Dia D realizado este ano, em que os funcionários visitarão casas orientando a população sobre a necessidade de se evitar a procriação do mosquito. Em regiões onde há grande concentração de doentes, como os bairros Nova Sorocaba e Parque São Bento, será realizado um arrastão, para a remoção de criadouros. Nesse caso, caminhões da Prefeitura percorrem as ruas do bairro e funcionários removem recipientes que podem propiciar o desenvolvimento de larvas do mosquito.

Sorocaba não é um caso isolado na expansão da dengue neste ano. A doença está se alastrando muito rapidamente no Estado de São Paulo. A atual epidemia atingiu primeiramente municípios das regiões noroeste e norte do Estado e agora se expande para outras regiões. A cidade de Bauru lidera o ranking nacional da doença, com 12,3 mil resultados positivos neste ano, de acordo com o Ministério da Saúde. Naquela cidade já foram confirmadas 12 mortes e há oito outros óbitos sendo investigados. Desde janeiro, Bauru vive em situação de emergência por conta da epidemia de dengue. Em 2015, aquela cidade também registrou uma epidemia, mas com 8,5 mil casos e seis mortes, foi muito menor que a registrada em Sorocaba. Campinas é outra cidade que contabiliza um grande número de doentes. Esta semana as autoridades sanitárias divulgaram relatório informando que a cidade registrou 5.493 casos neste ano. A doença já causou uma morte e há outra sendo investigada. A dengue se alastrou muito rapidamente em Campinas, pois em janeiro deste ano, o município, um dos maiores do Estado, tinha registrado apenas 48 casos. O vírus que circula naquela cidade também é do sorotipo 2. Outras cidades daquela região também estão sofrendo com a doença. Jundiaí já tem quase 700 casos e Piracicaba registrou número semelhante ao de Sorocaba.

De nada adiantará a Secretaria da Saúde de Sorocaba mobilizar centenas de funcionários amanhã para o chamado Dia D se a população não colaborar, um pedido que vem sendo feito pelas autoridades há um bom tempo. A Divisão de Zoonoses, por exemplo, vem fazendo sua parte. Somente em 2019 ela coordenou uma operação que retirou mais de 179 toneladas de entulho, materiais que poderiam servir como criadouros de mosquitos. Também realizou mais de 3 mil visitas domiciliares, entregou 436 notificações e aplicou 58 multas, além de realizar milhares de nebulizações nos bairros mais críticos. É preciso que as famílias vistoriem suas casas e seus quintais em busca de locais que sirvam de criadouro do mosquito. Essa fiscalização tem de se tornar um hábito, válido para o ano todo.

O Aedes aegypti transmite várias outras doenças além da dengue. Em Sorocaba já foram confirmados 24 casos de chikungunya. Foram notificados também nove casos de febre amarela sendo que cinco já foram descartados e os outros seguem em investigação. Nenhum caso de zika foi registrado em 2019. Além da ação concentrada contra a doença neste sábado e do apelo feito à população, as autoridades da saúde agora torcem para que o frio do outono chegue rápido, pois ele dificulta a proliferação do mosquito. Baixas temperaturas poderão evitar que uma epidemia semelhante à de 2015 se repita em Sorocaba.