Na segunda-feira (16), uma intervenção da Secretaria do Meio Ambiente, Parques e Jardins (Sema) da Prefeitura de Sorocaba, com o objetivo de promover a reflexão sobre a necessidade de ampliação da arborização da cidade chamou a atenção de muitos moradores.

Uma das ações realizadas durante a semana, a intervenção consistia no desenho de árvores nas calçadas das ruas São Bento e 15 de Novembro, na região central da cidade. A intenção do projeto desenvolvido pela equipe de Educação Ambiental da pasta era chamar a atenção da população para valorizar a arborização urbana de Sorocaba.

O evento fez parte das comemorações do Dia da Árvore, celebrado neste sábado (21), para promover a reflexão sobre a necessidade de ampliação do número de árvores na cidade.

As pessoas que observaram os desenhos da ação educativa e foram ouvidas pela reportagem do Cruzeiro do Sul, praticamente foram unânimes em afirmar que a cidade precisa de mais árvores, principalmente no Centro e nas praças, como ocorria no passado.

Percebe-se que a população tem consciência de que as árvores melhoram a qualidade do ar, alteram o microclima, deixando as ruas mais frescas. Na quinta-feira (19), um workshop com o tema “Arborização Urbana em Sorocaba -- Desafios e Potencialidades” foi realizado na Biblioteca Municipal e contou com a participação de profissionais da área para discutir especificamente a arborização urbana.

Tanto o projeto dos desenhos das árvores nas calçadas como o workshop mostram que há interesse da Sema em melhorar a arborização na cidade, mas é preciso encarar essa tarefa de uma maneira mais prática, assumindo inclusive falhas que qualquer bom observador percebe.

Sorocaba tem várias obras em andamento e o que se vê com frequência é o corte e retirada de árvores. Na avenida Dr. Afonso Vergueiro, nas proximidades do shopping, está sendo realizada uma grande obra de drenagem. Estão sendo implantados dispositivos para aumentar o escoamento de água, que durante os temporais ficava represada na Vila São João, causando inundações.

Os tubos implantados naquele local há décadas estão sendo substituídos sob o canteiro central da avenida. A Sema comunicou com antecedência que árvores precisariam ser cortadas para a realização das obras, mas o resultado é que a avenida, que já era muito pobre em arborização, ficou ainda pior e não se tem notícia de algum plano paisagístico para o replantio de árvores naquele local.

Na zona norte, principalmente na avenida Itavuvu, onde estão sendo implantados corredores do BRT, várias árvores foram suprimidas, empobrecendo a arborização daquela via. O próprio conceito do BRT, que prevê em muitas vias a construção de corredores junto ao canteiro central, onde são construídas as estações de embarque, colabora para a diminuição de áreas verdes.

Moradores e comerciantes das avenidas General Carneiro e Armando Pannunzio -- onde será construído o eixo oeste do BRT -- estão apreensivos com a possibilidade da retirada das palmeiras-imperiais da primeira avenida e de árvores frondosas da segunda, quando as obras ali chegarem.

A prefeitura tem um Plano Municipal de Arborização Urbana que prevê o plantio de um número grande de árvores, mas é preciso dar visibilidade a esses projetos. Há uma semana, como parte das comemorações do Dia da Árvore, foram plantadas 75 mudas em área do Jardim Guadalajara, onde existe uma nascente, e outras 16 em uma escola do Jardim Santa Bárbara, num total de 91 árvores.

São ações positivas, mas muito tímidas diante das necessidades do município. Ao mesmo tempo em que ocorreram os plantios, outra ação da Sema retirou 90 árvores mortas de ruas e parques da cidade, um trabalho preventivo antecipando o período das fortes chuvas de verão, quando os casos de quedas de árvores são mais frequentes. Ou seja, não houve aumento no número de árvores na cidade, mesmo durante a semana comemorativa.

O ideal seria a reposição imediata daquelas que foram cortadas e uma revisão, bairro a bairro, para levantar a carência de verde na cidade. Grandes plantios como os realizados no passado têm resultado duvidoso, pois ocorrem em locais distantes dos bairros e da região central e nem sempre dão bons resultados, por falta de cuidados.

Repor árvores que caíram ou foram cortadas, plantar espécies apropriadas em praças, ruas e jardins em trabalho constante precisa entrar na rotina da Sema para que seu trabalho se torne visível.