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A bicicleta e a pandemia

26 de Maio de 2020 às 00:01

A necessidade de proteger a população do contágio pelo novo coronavírus levou ao fechamento de academias de ginástica, quadras esportivas e demais locais onde tradicionalmente são praticados esportes e realizados exercícios físicos.

A medida adotada em todo o mundo tem por objetivo evitar aglomerações em locais fechados. Ao mesmo tempo, muitas pessoas que trabalham em serviços essenciais e têm que se locomover pelas cidades se sentem temerosas em utilizar transporte público, pelos mesmos motivos.

A combinação desses fatores e a necessidade de locomoção de quem trabalha nesses serviços está valorizando o uso da bicicleta.

Sorocaba tem um relacionamento amistoso com esse tipo de veículo. Já há algum tempo a cidade tem uma grande rede de ciclovias que chega a 130 km e já foi uma das maiores do País.

Segundo a Urbes - Trânsito e Transportes, 96% são de ciclovias especialmente projetadas e o restante de ciclofaixas. Há ainda, segundo a empresa pública, 90% de conectividade entre elas. Existem algumas interrupções nas ciclovias, principalmente na região da avenida Itavuvu, onde estão sendo implantadas as vias exclusivas do BRT, mas que em breve serão liberadas.

No período mais severo de isolamento social nos países europeus, a Organização Mundial de Saúde divulgou em seu site orientações sobre os deslocamentos necessários durante o período e defendeu o ciclismo e a caminhada como formas de limitar o contato físico e prevenir a doença.

Além de evitar a aglomerações dentro dos ônibus e do metrô, o uso de bicicleta não traz problemas para o meio ambiente, pois não produz qualquer tipo de poluição, com a vantagem de fazer bem à saúde do usuário, que acaba fazendo exercícios físicos em período que academias estão fechadas.

Em Nova York, possivelmente a megalópole mais afetada pelo novo coronavírus, as bicicletas ganharam destaque nas últimas semanas. Enquanto quase todas as lojas tiveram que fechar na quarentena, empresas de venda e reparos de bicicletas foram consideradas essenciais e tiveram autorização para permanecerem abertas.

As bikes se tornaram essenciais para os nova-iorquinos que se dirigem a hospitais e clínicas, para imigrantes que usam o veículo para fazer entregas e para pessoas que precisam escapar dos pequenos apartamentos onde vivem para fazer algum tipo de exercício.

Pesquisas mostram que os moradores de Nova York evitam o metrô e os ônibus por conta do distanciamento social e hoje têm trânsito bastante livre nas ruas e avenidas que não apresentam os tradicionais engarrafamentos.

Curiosamente, a mais tradicional loja de reparos e venda de bicicletas de Nova York foi fundada em 1918 e pertence a uma mesma família desde a fundação. A loja foi inaugurada no mesmo ano em que a gripe espanhola matou aproximadamente 20 mil nova-iorquinos. O uso do veículo de duas rodas está se tornando uma verdadeira mania naquela cidade.

Vários países, inclusive os que já se encontram na fase de afrouxamento das regras de distanciamento social, têm se empenhado em apoiar o uso de bicicletas. No Reino Unido, por exemplo, seriamente afetado pelo novo coronavírus, surgiram inúmeros pedidos para a implantação de espaço protegido para o uso exclusivo de ciclistas, enquanto a pandemia durar.

Uma pesquisa realizada por um fabricante europeu de automóveis mostrou recentemente que nas grandes cidades do Reino Unido é possível chegar ao local de trabalho de bicicleta usando a metade do tempo caso fosse de carro.

Outros países se anteciparam e ampliaram espaços para uso exclusivo de ciclistas, como é o caso da Alemanha. Na Itália, outro país seriamente afetado pela Covid-19, há um forte movimento em favor do uso de bicicletas pela população.

Em Milão, que fica na região que reuniu maior número de casos da doença, existem planos para aumentar as rotas de ciclistas permanentemente.

Em Sorocaba, mesmo sendo uma cidade com topografia desfavorável, é fácil perceber que aumentou o número de pessoas que se utilizam a bicicleta para o lazer, como forma de fazer exercícios, ou por aqueles que a adotaram como transporte para o trabalho.

Ainda não há números sobre o aumento do empréstimo de bicicletas pelo Integrabike, sistema implantado pela Urbes para oferecer bicicletas para a população, mas é perceptível o aumento pela procura de lojas e empresas que fazem reparos e manutenção desses veículos.

Os especialistas acreditam que o uso da bicicleta para locomoção é uma tendência mundial e veio para ficar. As pessoas continuarão por um bom tempo preocupadas com o uso do transporte coletivo. Será uma das mudanças mais perceptíveis no pós-pandemia.