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A ameaça da dengue

17 de Fevereiro de 2019 às 00:01

Levantamentos realizados pela Secretaria de Estado da Saúde desde o final do ano passado indicavam o crescimento do número de casos de dengue no Estado de São Paulo. O Centro de Vigilância Epidemiológica do Estado confirmou o aumento de casos em janeiro deste ano. No primeiro mês de 2019 foram confirmados 4.595 casos da doença, um número cinco vezes maior que o registrado em janeiro de 2018 (888 casos). As autoridades da área da Saúde alertam que esses casos não configuram um surto e muito menos uma epidemia, mas um aumento forte provavelmente em virtude do clima: período chuvoso aliado a altas temperaturas. Quando houve a grande epidemia no Estado, em 2015, só no mês de janeiro daquele ano foram registrados 41 mil casos de dengue. Mas como são números expressivos, o crescimento da dengue no Estado acendeu o sinal de alerta.

Os órgãos estaduais da Saúde já vinham se preparando para o aumento de casos da doença há algum tempo, mas um fator tem trazido preocupações adicionais: o surgimento de muitos casos do sorotipo 2 do vírus, que não circulava havia muito tempo no Estado. Na epidemia de 2015 circularam vários tipos de vírus da dengue, mas predominou o sorotipo 1. Se a mesma pessoa tiver nova infecção pelo sorotipo 2, os sintomas podem ser mais graves. Em todo o Estado foi constatado que esse sorotipo já circula em 19 municípios na região noroeste e dez deles concentram a maior parte dos casos de dengue. Informações do Instituto Adolfo Lutz confirmam a circulação do sorotipo 2 da dengue que, segundo a Secretaria da Saúde do Estado, tende a provocar casos clinicamente mais graves da doença em pacientes anteriormente infectados com outros sorotipos.

Embora a situação mais crítica de dengue se localize na região noroeste do Estado, a região de Sorocaba também tem motivos para preocupação. Sexta-feira, a Prefeitura de Sorocaba informou através de nota da Secom que a Secretaria da Saúde (SES), por meio da Divisão de Vigilância Epidemiológica e Zoonoses realizou durante o mês de janeiro a Avaliação de Densidade Larvária (ADL) visitando 7.196 imóveis e o trabalho revelou um índice predial de 4,4%, ou seja, em 4,4% dos imóveis vistoriados foram encontradas larvas do Aedes aegypti, o que coloca a cidade em situação de risco. O índice considerado satisfatório pela Vigilância Epidemiológica é 1% e o índice considerado de alerta varia de 1% a 3,9%. Dias atrás ficamos sabendo que o índice na Avaliação de Densidade Larvária (ADL) em Votorantim chegou a 5,39, bastante alto, e que também aponta risco de epidemia. Votorantim já teve neste ano 77 casos de dengue notificados, embora somente um tenha sido confirmado e outros seguem em investigação no Instituto Adolfo Lutz. Segundo a diretoria de Vigilância em Saúde daquele município, a vistoria de imóveis foi realizada durante o mês de janeiro e percorreu mais de 600 deles de 118 quarteirões da cidade.

Embora o mosquito transmissor esteja presente em todos os bairros de Sorocaba, há regiões mais preocupantes, como a noroeste, que inclui bairros como a Vila Barão, Lopes de Oliveira, Jardim Maria Eugênia, São Guilherme e Parque São Bento, como as regiões leste, atingindo bairros como Brigadeiro Tobias, Aparecidinha, Cajuru, Éden e Vila Sabiá. Há forte infestação também na região sudoeste, afetando bairros como Cerrado, região da praça Márcia Mendes, Jardim Simus, Júlio de Mesquita e Wanel Ville.

Sorocaba passou por uma grande epidemia de dengue em 2015. Foram perto de 53 mil casos notificados da doença, com aproximadamente 30 mortes. No Estado de São Paulo, por onde a doença se alastrou no mesmo período, foram mais de 1 milhão de casos notificados e perto de 700 mil confirmados com quase 500 mortes em decorrência da doença.

Enquanto não se cria uma vacina contra os quatro tipos de dengue -- a expectativa é que o imunizante esteja disponível em 2020 --, todas as autoridades na área da Saúde concordam que a melhor arma para enfrentar a dengue é a eliminação dos criadouros dos mosquitos e em 80% dos casos eles estão no interior das residências. Em pleno verão, com chuvas constantes, o mosquito tem ambiente propício para procriação. Precisamos nos conscientizar que evitar uma nova epidemia é possível, mas é preciso a colaboração de todos.