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Editorial

A atual percepção dos brasileiros

16 de Junho de 2025 às 21:00
Cruzeiro do Sul [email protected]
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A parcela de brasileiros que acredita em uma piora da economia nos próximos seis meses voltou a subir, passando de 34% para 39% entre dezembro de 2024 e junho deste ano, segundo pesquisa Ipsos-Ipec. O aumento do pessimismo ocorre em meio a avaliações majoritariamente negativas da gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em áreas como inflação, segurança e geração de empregos.

Esse é o maior nível de expectativas negativas desde setembro de 2023, quando somavam 27%. Somado a isso, apenas 31% esperam melhora daqui a seis meses, que também representa uma queda em relação aos 39% consultados no final do ano passado. Já a sensação de estabilidade aumentou de 22% para 24%.

A percepção de piora do cenário econômico já é sentida: o porcentual de brasileiros que consideram o cenário atual mais negativo do que há seis meses subiu de 40% para 49% em junho. Ao mesmo tempo, caiu de 28% para 23% a fatia dos que veem melhora no período. Para 26%, a situação está igual.

A piora das expectativas vem acompanhada de avaliações negativas sobre áreas da administração federal. Na segurança pública, a proporção dos brasileiros que consideram a atuação do governo “ótima” ou “boa” em junho caiu de 24% para 20%, em comparação com março deste ano.

A avaliação negativa permanece alta, com mais da metade dos entrevistados (52%) classificando o desempenho como “ruim” ou “péssimo”, um dos piores indicadores entre os temas avaliados.

Na área da saúde, subiu de 46% para 48% o número de brasileiros que enxergam piora nos serviços prestados. Apenas 22% avaliam a gestão como “ótima” ou “boa”, enquanto 28% a consideram “regular”. O cenário é semelhante no campo da educação: a avaliação negativa da atuação do governo federal passou de 36% em março para 40% em junho. As avaliações positivas também caíram, de 36% para 32%. Quanto ao nível de insatisfação com o combate à inflação, 55% dos brasileiros classificam a atuação do governo como “ruim” ou “péssima”.

Já a pesquisa bianual, Ipsos Populism Report 2025, mostra que 69% dos brasileiros acreditam viver em uma sociedade deteriorada. O clima de insatisfação é latente quando perguntados sobre os rumos do País. Com isso, 62% dos entrevistados afirmam perceber o Brasil em declínio, número que aumentou em 9 pontos porcentuais (p.p.) em relação à última edição e indica o avanço do pessimismo coletivo.

O levantamento aponta ainda que a maioria da população enxerga a economia nacional como manipulada para beneficiar ricos e poderosos, percepção compartilhada por 76% dos brasileiros.

O dado sinaliza uma intensificação da desconfiança nas estruturas econômicas e políticas, acompanhada pelo distanciamento entre cidadãos e representantes: 73% (+4 p.p. em comparação a 2023) acreditam que partidos e políticos tradicionais não se importam com pessoas como elas, enquanto 64% sentem que especialistas não compreendem a realidade da maioria.

Em resposta a esse contexto, segue alta a expectativa por soluções radicais e lideranças fortes. Para mais da metade dos brasileiros (58%), o Brasil precisa de um líder disposto a quebrar regras para promover mudanças e “consertar o País”.

Além disso, 71% defendem a necessidade de um líder forte para tirar o País das mãos dos ricos e poderosos, superando a média global representada por 64%, e +3 p.p. em reação ao resultado da última onda da pesquisa.

Diante de cinco perguntas sobre o tema que formam o estudo divulgado pela Ipsos, o Brasil em 2025 ocupa o sexto lugar do índice “Ipsos Sociedade Deteriorada” (Ipsos Society is Broken Index) - 68% dos brasileiros entrevistados concordaram com essas percepções, ficando em sexto lugar globalmente, atrás da Tailândia (77%), Peru (76%), África do Sul (74%), Coréia do Sul (71%) e Indonésia (69%). Embora haja uma piora do indicador brasileiro nas duas últimas medições do estudo, o número deste ano ainda é menor que o pico de 2021, quando 72% dos brasileiros precebiam a sociedade como deteriorada.

O Instituto Ipsos é uma empresa multinacional especializada em pesquisa de mercado e opinião pública. O resultado das duas pesquisa foi divulgado no dia 12 de junho.