Editorial
Obsessão arrecadatória

Quando será, enfim, o dia que irá aparecer o real motivo da obsessão arrecadatória do governo federal. Há uma dúvida no ar sobre a motivação, ainda escondida, para a corrida desarrazoada atrás de dinheiro. O que leva a essa compulsão. O problema é que o governo está atrás de um dinheiro “alheio” e quer chegar a ele aumentando as taxações e impostos.
Para expressar desejo do governo pelo dinheiro, podemos usar palavras como ganância, ambição, desejo, vontade, anseio, sede, apetite, querer, aspirar, anelar, ou ânsia.
Se a necessidade de equilibrar o caixa fosse para aumentar os investimentos, ainda sim aumentar impostos não seria a melhor das alternativas. Mas, no caso específico do atual governo, a ânsia arrecadatória é para tentar encolher o rombo fiscal, sem, no entanto, observar qual é o ralo que está sugando o dinheiro público.
Embora a arrecadação seja fundamental para a manutenção do Estado e o desenvolvimento do País, essa busca desenfreada por recursos levanta questionamentos sobre os limites e os efeitos de uma política fiscal excessivamente centrada na arrecadação.
De um lado, a necessidade de arrecadação é inegável. Com uma dívida pública elevada, gastos obrigatórios crescentes, outros enormes gastos desnecessários e uma economia que ainda enfrenta desafios, o governo precisa encontrar fontes de receita que garantam a sustentabilidade fiscal. Nesse contexto, medidas como aumento de impostos, mudanças na legislação tributária e ampliação da base de contribuintes parecem ser as estratégias mais fáceis.
Por outro lado, essa obsessão arrecadatória pode gerar efeitos colaterais preocupantes. A elevação de tributos, se não for bem planejada, pode desestimular o empreendedorismo, aumentar a informalidade e prejudica a competitividade do País. Além disso, uma política fiscal excessivamente focada na arrecadação pode comprometer a justiça social, ao onerar mais os setores produtivos e os contribuintes de menor renda, agravando desigualdades.
Na opinião de especialistas, o grande desafio está em equilibrar a necessidade de receitas adicionais com a preservação de um ambiente de negócios saudável e justo. É fundamental que o governo adote uma postura mais estratégica, investindo em reformas estruturais que ampliem a eficiência da arrecadação, combatam a sonegação e promovam uma distribuição mais equitativa da carga tributária.
A ânsia arrecadatória também revela uma questão mais profunda: a dificuldade de implementar uma gestão fiscal responsável e de longo prazo. Quando o foco se torna a arrecadação imediata, há o risco de se negligenciar o planejamento estratégico, a transparência e a responsabilidade fiscal, elementos essenciais para a credibilidade do País no cenário internacional.
A ânsia arrecadatória do governo federal pode gerar efeitos adversos que comprometem o crescimento econômico e a justiça social. O desafio está em encontrar o ponto de equilíbrio, adotando políticas fiscais que sejam sustentáveis, justas e capazes de promover o desenvolvimento do Brasil de forma responsável e consciente. Mas é nítido que o governo não sabe nem por onde começar isso e a pressa em arrumar dinheiro é infinitamente maior do que pensar em planejamento ou simplesmente governar adequadamente o País.
Neste momento, no Brasil, o foco está no aumento da taxação do IOF ou de outro imposto qualquer. A elevação do IOF já recebeu críticas de bancos e das indústrias, mesmo com a revogação parcial das medidas. Em notas, as entidades dos setores informaram que a tributação traz prejuízos para a economia, como a inibição dos investimentos, o desestímulo ao crescimento e a elevação de custos.
Segundo a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, o aumento das alíquotas vai na contramão de programas do governo para impulsionar o crescimento da indústria, como o Programa Nova Indústria Brasil e as políticas de transição energética. O setor financeiro também criticou a decisão do governo. Para a Associação Brasileira dos Bancos, o aumento do IOF pode contribuir para aumento da inadimplência e elevar custo de crédito.
É certo que as grande entidades do País sabem se defender e têm voz para isso. E o cidadão brasileiro, que já paga muitos impostos? Quem vai realmente representá-los e defendê-los da ânsia arrecadatória do governo?