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Editorial

Vem aí mais uma elevação da Selic

30 de Abril de 2025 às 21:30
Cruzeiro do Sul [email protected]
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Maio chega trazendo muito além de um novo feriadão. O novo mês inaugura com a expectativa de uma elevação de 0,50 ponto percentual na taxa básica de juros, a Selic, que passaria, então, a 14,75%. A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central do Brasil, está marcada para os dias 6 e 7, e o seu atual presidente, Gabriel Galípolo, escolhido de Lula, já sinalizou que haverá o aumento. Portanto, a taxa básica de juros da economia brasileira irá a 14,75%.

Isso indica que a inflação ainda precisa do controle da taxa básica de juros para não ser “salgada”. Os preços elevados dos produtos atestam essa condição. No fim das contas, o reflexo no dia a dia é claro: menos crédito, consumo mais restrito, e orçamento doméstico sob pressão. Em tempos de juros altos, o planejamento financeiro se torna ainda mais essencial para enfrentar os efeitos de uma economia em compasso de espera.

Nesta semana, foi anunciado que a mediana do relatório Focus para o IPCA de 2025 caiu de 5,57% para 5,55%, a segunda baixa seguida. Agora, está 1,05 ponto porcentual acima do teto da meta, de 4,5%. Para 2026, a projeção do IPCA passou de 4,50% para 4,51%, também além do teto da meta. O Relatório Focus resume as estatísticas calculadas considerando as expectativas de mercado.

O Banco Central espera que o IPCA some 5,1% em 2025 e 3,7% em 2026, conforme a trajetória divulgada no último Relatório de Política Monetária (RPM). A autarquia trabalha com o terceiro trimestre de 2026 como horizonte relevante. No entanto, a mediana para a Selic para o fim de 2025 permaneceu em 15% pela 16.ª semana seguida — sugerindo que os juros terão de subir 0,75 ponto porcentual acima do nível atual, de 14,25%. Ou seja: 0,50 ponto percentual agora e mais 0,25 ponto percentual no futuro.

Mas, há outra preocupação, além da elevação da taxa básica de juros. As taxas médias de juros cobradas pelos bancos subiram para famílias e empresas em março, tanto no crédito livre quanto nas concessões de empréstimos direcionados. Nas operações de crédito livre para pessoas físicas, o destaque foi o avanço de 2,5 pontos percentuais (pp) na taxa média do cartão de crédito rotativo, chegando a 445% ao ano.

A modalidade é uma das mais altas do mercado. Mesmo com a limitação de cobrança dos juros do rotativo, em vigor desde janeiro do ano passado, os juros seguem variando sem uma queda expressiva ao longo dos meses. Isso porque a medida visa reduzir o endividamento, mas não afeta a taxa de juros pactuada no momento da concessão do crédito, aplicando-se apenas a novos financiamentos. Nos 12 meses encerrados em março, os juros da modalidade subiram 23,7 pp para as famílias.

Os dados são das Estatísticas Monetárias e de Crédito divulgadas ontem (30), pelo Banco Central. O crédito rotativo dura 30 dias e é tomado pelo consumidor quando paga menos que o valor integral da fatura do cartão de crédito. Ou seja, contrai um empréstimo e começa a pagar juros sobre o valor que não conseguiu quitar. Após os 30 dias, as instituições financeiras parcelam a dívida do cartão de crédito. Nesse caso do cartão parcelado, os juros subiram 0,1 pp no mês e caíram 9,6 pp em 12 meses, indo para 181,1% ao ano. Importante saber que no crédito livre, os bancos têm autonomia para emprestar o dinheiro captado no mercado e definir as taxas de juros cobradas dos clientes.

Na prática, cada brasileiro é quem sabe onde o seu calo aperta. Segundo o Banco Central, a inadimplência — atrasos acima de 90 dias — registrou 3,2% em março, sendo 3,8% nas operações para pessoas físicas e 2,2% com pessoas jurídicas.

O endividamento das famílias — relação entre o saldo das dívidas e a renda acumulada em 12 meses — ficou em 48,2% em fevereiro, aumento de 0,4% em 12 meses. Com a exclusão do financiamento imobiliário, que pega um montante considerável da renda, o endividamento ficou em 30,1% no segundo mês do ano.

Já o comprometimento da renda — relação entre o valor médio para pagamento das dívidas e a renda média apurada no período — ficou em 27,2% em fevereiro, aumento de 0,1% na passagem do mês e 1,3% em 12 meses.

Esses dois últimos indicadores são apresentados com uma defasagem maior do mês de divulgação, pois o Banco Central usa dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).