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Editorial

Cesta básica consome 60% do salário mínimo em SP

05 de Março de 2025 às 21:30
Cruzeiro do Sul [email protected]
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Levantamento de preços de itens de consumo básicos nas capitais do País identificou aumento no custo da cesta básica em janeiro deste ano em 13 das 17 cidades pesquisadas. Mas a dificuldade do brasileiro para comprar comida, devido ao preço, é uma realidade nos 5.570 municípios que compõem a República Federativa do Brasil, sem exceções.

A maior alta foi em Salvador (6,22%), seguida por Belém (4,80%) e Fortaleza (3,96%). O levantamento — realizado desde 2005 — é do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

A cesta básica mais cara foi cotada em São Paulo, onde os alimentos que a compõem custam R$ 851,82, e consomem 60% do salário mínimo oficial, que é de R$ 1.518.

As cidades do sul e sudeste estão entre as mais caras cotadas. Em Florianópolis, o valor médio da cesta básica foi de R$ 808,75, no Rio de Janeiro, R$ 802,88, e, em Porto Alegre, R$ 770,63.

Curitiba, com R$ 743,69, Vitória com 735,31 e Belo Horizonte com R$ 717,51 completam o setor, mas foram superadas por Campo Grande (R$ 764,24), Goiânia (R$ 756,92) e Brasília (R$ 756,03). As capitais do norte e nordeste pesquisadas têm custos abaixo da metade do valor do salário mínimo. Em Fortaleza, a cesta básica custou em média R$ 700,44, em Belém R$ 697,81, em Natal R$ 634,11, em Salvador R$ 620,23, em João Pessoa R$ 618,64, no Recife R$ 598,72 e em Aracaju R$ 571,43.

Em janeiro, segundo o levantamento do Dieese, o salário mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria ter sido de R$ 7.156,15.

Estudo divulgado em dezembro pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) indica que a renda média do trabalhador brasileiro foi de R$ 3.279,00 em outubro de 2024, dado mais atual disponível.

A comparação, segundo o Dieese, é possível “com base na cesta mais cara, que, em janeiro, foi a de São Paulo, e levando em consideração a determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e da família dele com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência”.

Em janeiro de 2024, deveria ter ficado em R$ 6.723,41 ou 4,76 vezes o valor vigente. A inflação dos últimos 12 meses, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), foi de 4,8%, valor próximo ao aumento indicado.

A análise do Dieese liga o aumento da cesta básica ao comportamento de três itens principais: o café em pó, que subiu em todas as cidades nos últimos 12 meses; o tomate, que aumentou em cinco cidades, mas diminuiu em outras 12 nesse período, mas teve aumento acima de 40% em Salvador, Belo Horizonte, Brasília e Rio de Janeiro, por conta das chuvas; e o pão francês, que aumentou em 16 cidades pesquisadas nos últimos 12 meses, o que se atribui a uma “menor oferta de trigo nacional e necessidade maior de importação, nesse cenário de câmbio desvalorizado”.

Nos últimos meses, a alta no preço dos alimentos no Brasil tem sido um dos principais fatores de pressão sobre a renda das famílias. A inflação dos alimentos compromete o poder de compra dos brasileiros e agrava a insegurança alimentar, tornando-se um problema de ordem econômica e social. Diante desse cenário, surge o debate sobre a responsabilidade do governo federal e as medidas que deveriam ser adotadas para mitigar esse problema, já que tem um papel central na formulação e execução de políticas que possam conter a alta dos preços dos alimentos e reduzir seus impactos sobre a população.

A alta dos preços dos alimentos no Brasil é um problema complexo que exige uma abordagem estratégica e coordenada por parte do governo federal, a famosa “vontade política” de fazer algo em favor do brasileiro. Medidas de curto prazo, como subsídios e controle da inflação, devem ser combinadas com políticas estruturais de longo prazo, incluindo investimentos na produção agrícola, melhorias na infraestrutura e revisão da carga tributária. Somente por meio de uma ação governamental eficaz será possível garantir que a população tenha acesso a alimentos a preços justos, promovendo segurança alimentar e estabilidade econômica no País.