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Editorial

O trânsito que mata

03 de Março de 2025 às 21:30
Cruzeiro do Sul [email protected]
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Os dados mais recentes do Sistema de Informações Gerenciais de Sinistros de Trânsito, o Infosiga, sob responsabilidade do Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Dentra-SP), mostram que Sorocaba lidera o ranking de cidades paulistas — com população acima de 300 mil habitantes — com mais mortes no trânsito.

Num período que considerou os últimos 12 meses até janeiro de 2025, foram 133 mortes no trânsito, que representa uma taxa de 18,14 por 100 mil habitantes. Somente em janeiro de 2025, foram registradas 11 mortes em acidentes ocorridos em vias urbanas e rodovias da cidade. Em Sorocaba, 38% dos acidentes envolveram motocicletas em 2024, com 82% deles com homens jovens envolvidos. A avenida Itavuvu, na zona norte, é considerada uma das vias mais perigosas.

É certo que as mortes no trânsito são um problema global que afeta milhões de vidas anualmente. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 1,35 milhão de pessoas morrem em acidentes de trânsito a cada ano, e essa estatística alarmante revela a urgência de ações efetivas para mitigar essa tragédia. O desafio é complexo, envolvendo fatores como infraestrutura, comportamento humano, legislação e educação.

O número de óbitos em Sorocaba fez aumentar o alerta para a violência no trânsito na cidade e provocou reações por meio de medidas preventivas por parte das autoridades de segurança pública e administrativa da cidade.

Um enfoque multidisciplinar, com a colaboração de diversos setores da sociedade é fundamental para investir em ações educativas que despertem a consciência de motoristas, motociclistas, ciclistas, pedestres e toda e qualquer pessoa que se preocupa com a vida do próximo e, lógico, a sua própria e de seus familiares.

A educação no trânsito é uma ferramenta poderosa para mudar comportamentos. Campanhas de conscientização devem ser implementadas em escolas, empresas e comunidades, e também nas redes sociais, abordando temas como respeito às regras de trânsito, uso de cinto de segurança e capacetes, condução responsável e a promoção de mensagens sobre os perigos da direção sob efeito de álcool e drogas, além da distração causada por celulares.

Há leis punitivas, talvez o que falte é a aplicação efetiva das legislações específicas, essenciais para garantir a segurança no trânsito. Da mesma forma, o monitoramento eletrônico e a reciclagem de condutores também é importante e eficaz.

Importante lembrar que Sorocaba hoje pode ser considerada uma cidade grande. Aqui vivem mais de 700 mil habitantes e a frota de veículos, em agosto de 2024, era de mais de 547 mil unidades. Em 2023, a frota da cidade era de 536.540 veículos, um aumento de 3% em relação a 2022. Porém, entre dezembro de 2023 e julho de 2024, a frota aumentou em 11 mil veículos

Nos primeiros dez meses de 2024, foram registrados 15.847 novos emplacamentos, um aumento de 11,8% em relação ao mesmo período de 2023.

Nessa quantidade de veículos há carros, motos, caminhões que não estão em condições ideais para a circulação. A manutenção preventiva também contribui para a paz no trânsito.

A verdade é que mortes no trânsito, muitas vezes, são encaradas como inevitáveis, como se fossem um preço a se pagar pela mobilidade. Mas esse pensamento não deveria ser levado a sério. Será que é por isso que a cada 15 minutos uma pessoa morre por conta de sinistros de trânsito no Brasil? Não raro vemos notícias de situações perigosas tanto nas estradas quanto nas cidades, que causam mortes ou geram alguma sequela em decorrência da imprudência no trânsito.

A Secretaria Municipal de Mobilidade de Sorocaba informa que tem atuado na fiscalização, educação para o trânsito e engenharia de tráfego. O monitoramento do sistema viário é permanente. Há câmeras em pontos estratégicos de trânsito, que permitem uma visão panorâmica, para análise ampla do sistema viário e fluxo de veículos, dentre outras situações. São mais de 2.500 interligadas ao Centro de Controle Operacional Integrado. Resumindo: educação, conscientização, senso coletivo e de cidadania são necessários para a paz no trânsito. São ações simples e não precisa muito além disso.