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Editorial

A cautela e a falta de otimismo dos varejistas

28 de Fevereiro de 2025 às 22:00
Cruzeiro do Sul [email protected]
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Falta pouco para o Brasil começar a funcionar, tão logo passe o Carnaval. Pelo menos é isso que toda a cadeia produtiva brasileira espera, assim como a totalidade dos brasileiros que torcem para o País, enfim, reagir às desesperanças. É impossível que haja quem torça para o Brasil não dar certo — mesmo quem é de direita ou faça oposição ao governo Lula. Afinal, o País deve estar acima de qualquer governo — e suas decisões (boas ou más).

Porém, um dos setores que mais gera renda e emprego no País vive uma expectativa que não anima muito. Apesar de ser o segundo maior empregador brasileiro, o principal setor em número de empresas, o varejo está com um pé atrás em relação à política econômica do governo Lula.

Aqui, cabe um parênteses. O varejo é um dos pilares da economia brasileira, impactando cerca de 50% do PIB do País. Ele desempenha um papel crucial na economia, contribuindo para o crescimento econômico. É o setor que vende produtos e serviços diretamente aos consumidores finais. Ele engloba todas as etapas da comercialização, desde a aquisição dos produtos até a venda e entrega aos clientes. Por isso mesmo consegue sentir o ânimo de toda a cadeia produtiva e também dos consumidores.

Dessa forma, pelo segundo mês consecutivo, o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) registrou em fevereiro queda de 2,1% na comparação com janeiro e de 5,4% em relação a fevereiro do ano anterior, atingindo 103,7 pontos.

Para a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a pesquisa evidencia o clima menos otimista no varejo diante de um cenário econômico mais desafiador.

Segundo a entidade, o resultado é reflexo da queda de quase todos os componentes analisados, com peso maior para “condições atuais da economia”, que caiu 6,5% na variação mensal e 18,7% no comparativo com o mesmo mês do ano passado. O único subíndice em crescimento foi o de “intenções de investimento em estoque”, que subiu 0,1% nos dois cenários em retrospecto.

“A redução da confiança é coerente com o ambiente de juros elevados e de trajetória mais complexa do que no início de 2024. Esses fatores seguem impactando as decisões do empresariado e exigindo cautela na condução dos negócios nos próximos meses. É algo a ser acompanhado de perto, já que o otimismo do setor é essencial para impulsionar os investimentos e gerar crescimento para o País”, afirmou o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros.

Contribuiu para o saldo negativo do Icec a retração de todos os segmentos observados, principalmente pelas lojas do varejo de supermercados, farmácias e lojas de cosméticos, com variação negativa mensal de 3,3%. Roupas, calçados, tecidos e acessórios recuaram 1,7%, enquanto o segmento de eletroeletrônicos, eletrodomésticos, móveis e decorações, cine/foto/som, materiais de construção e veículos tiveram uma queda de 2,7%.

“Os comerciantes têm sentido muito o impacto da Selic alta, com a tendência de novos aumentos. A prova disso é que na percepção atual do comércio, as atividades que englobam os bens de maior valor agregado (eletroeletrônicos, móveis e decorações, cine/foto/som, materiais de construção e veículos) caíram 5,3% em relação a janeiro porque são eles os mais afetados pela evolução dos juros”, disse o economista-chefe da CNC, Felipe Tavares.

Mas esses dados são realmente relevantes? O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) é um indicador mensal antecedente, apurado entre os tomadores de decisão das empresas de varejo para detectar as tendências das ações do setor do ponto de vista do empresário. A amostra é composta por aproximadamente seis mil empresas situadas em todas as capitais do País, e os subíndices apresentam dispersões que variam de zero a duzentos pontos. O Icec avalia as condições atuais, as expectativas de curto prazo e as intenções de investimento dos negócios do comércio.

Ou seja, é um importante raio-x de um momento da economia. Serve para, além das necessárias reflexões, nortear medidas que podem determinar mudanças positivas que reflitam na melhoria do Índice de Confiança do Empresário do Comércio para o bem de todos.