Editorial
O aumento da desaprovação

Eleito em 2022, no segundo turno, com 60,3 milhões de votos, Lula, atualmente, tem experimentado um recuo em sua popularidade, que caiu para o nível mais baixo de seus três mandatos como presidente do Brasil. A desaprovação do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cresceu acima dos dois dígitos desde dezembro em Pernambuco e Bahia, estados que historicamente são base eleitoral do petista.
Segundo a pesquisa Genial/Quaest, divulgada na quarta-feira (26), a taxa de reprovação do presidente ultrapassa 60% nos outros seis Estados onde foram realizadas entrevistas: São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia, Paraná, Rio Grande do Sul e Goiás.
Lula era desaprovado por 33% dos eleitores baianos em dezembro do ano passado. O índice cresceu 18 pontos desde então e chegou a 51%. A aprovação caiu de 66% para 47% no mesmo período. Outros 2% não souberam ou não responderam.
Movimento similar ocorreu em Pernambuco. A desaprovação do presidente cresceu 17 pontos porcentuais, saindo de 33% para 50%, enquanto a aprovação caiu de 65% para 49%, 1% não soube ou não respondeu.
O levantamento foi realizado entre os dias 19 e 23 de fevereiro. Os oito estados, onde foram realizadas as entrevistas, correspondem a 62% do eleitorado brasileiro. Foram entrevistadas 1.644 pessoas em São Paulo, onde a margem de erro é de dois pontos porcentuais. Nas demais unidades, a margem é de três pontos.
Goiás, Paraná e Pernambuco tiveram 1.104 entrevistados cada, enquanto a Bahia teve 1.200 entrevistas, o Rio de Janeiro, 1.400, Rio Grande do Sul, 1.404, e Minas Gerais, 1.482. O nível de confiança é de 95%.
Lula é desaprovado pela maioria da população dos estados do sul, sudeste e centro-oeste onde a pesquisa foi realizada. A maior taxa negativa é registrada em Goiás (70%), seguido de São Paulo (69%), Paraná (68%), Rio Grande do Sul (66%), Rio de Janeiro (64%) e Minas Gerais (63%).
Nessas unidades, a maior aprovação do petista é no Rio de Janeiro e em Minas Gerais, ambos com 35%. O índice é de 33% entre os gaúchos e 30% entre os paranaenses. A aprovação entre os paulistas é de 29%. Entre os goianos, é de 28%.
Como algumas pesquisas são às vezes questionáveis, seria interessante checar esse cenário a partir de outra sondagem. Foi o que fez o instituto Paraná Pesquisas, entre os dias 19 e 23 de fevereiro, por meio de pesquisa com entrevistas presenciais em 137 municípios brasileiros. O resultado foi o de que a desaprovação do governo Lula chega a 63,1% no Estado de São Paulo, segundo levantamento do instituto Paraná Pesquisas, também divulgado na quarta-feira. O índice representa um aumento na desaprovação de quase nove pontos percentuais desde a edição anterior da pesquisa, em novembro do ano passado.
Em nível nacional, a reprovação ao governo Lula também foi apontada na pesquisa CNT/MDA. A gestão atingiu a pior marca desde janeiro de 2023, classificada como “péssima” por 32% dos entrevistados e “ruim” por 12%.
As avaliações “péssimo” e “ruim” somaram 44%, crescimento de 13 pontos percentuais desde a rodada anterior do levantamento, também em novembro de 2024. A pesquisa conduziu entrevistas presenciais em 137 municípios do País, também entre os dias 19 e 23 de fevereiro.
O desempenho do governo Lula, especialmente a partir de 2023, tem sido objeto de intensos debates e análises, refletindo um contexto político e econômico complexo. As últimas pesquisas de opinião divulgadas oferecem um panorama interessante sobre como a população brasileira avalia a gestão do presidente e os desafios que ele enfrenta. E isso é importante, afinal o cidadão/eleitor sente na pele as consequências das derrapadas do governo, com reflexo negativo no dia a dia, principalmente em relação ao preço da comida, da energia elétrica, dos combustíveis. A realidade é que todo mundo vive no aperto e na falta de perspectiva, pelo menos até as eleições de 2026.
Em primeiro lugar, é importante destacar que Lula voltou ao poder em um cenário marcado por uma polarização política acentuada e uma economia ainda se recuperando dos impactos da pandemia de Covid-19 e da crise econômica mundial. As últimas pesquisas indicam uma desaprovação considerável, com índices que variam entre 50% e 60%, o que demonstra que a população se mostra cética ou insatisfeita com a condução do atual governo. Uma análise mais profunda dessas pesquisas revela que a (re)aprovação de Lula está intimamente ligada a questões sociais e econômicas. A inflação e a alta dos preços continuam a ser preocupações centrais para a população e impacta negativamente a percepção popular sobre o governo agora e nos próximos meses, se não houver uma reação. No entanto, tudo indica que a crise econômica tende a demorar para se estabilizar e, consequentemente a impopularidade de Lula vai aumentar.
Além disso, a governança de Lula também enfrenta desafios em relação à articulação política. O apoio das bases aliadas e a capacidade de transitar no Congresso Nacional são cruciais para a implementação de sua agenda. As pesquisas de opinião mostram que a população valoriza a capacidade do governo de dialogar e construir consensos, mas há uma expectativa crescente de resultados tangíveis.