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Editorial

O Brasil, o Carnaval e todo o resto

24 de Fevereiro de 2025 às 21:30
Cruzeiro do Sul [email protected]
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O Carnaval é, sem dúvida, uma das festas mais emblemáticas do Brasil, atraindo milhões de turistas e celebrando a rica diversidade cultural do País. No entanto, essa festividade também marca um ponto de inflexão no calendário brasileiro, pelo qual muitos afirmam que o País só realmente “começa a funcionar” após o término das festividades. Essa percepção pode ser analisada sob diferentes ângulos: cultural, econômico, social e principalmente o político.

Culturalmente, o Carnaval é um momento de pausa e celebração. Durante os dias de festa, há alteração na rotina de funcionamento de empresas e dos trabalhadores e do serviço público. Mas tem um setor que para tudo no período: o político. Para muitos brasileiros, o Carnaval é um período de descanso e descontração, quando as preocupações do dia a dia são deixadas de lado. Essa pausa cultural é tão significativa que, ao retornar ao trabalho, muitos sentem que o ano realmente começou. Essa sensação é reforçada pela ideia de que o Carnaval é um marco que divide o período de férias e festividades do restante do ano. Em Brasília, é uma certeza de que é assim que as coisas funcionam.

Economicamente, essa pausa também tem suas implicações. O Brasil é um País com uma economia que, em muitos setores, é influenciada por ciclos sazonais. Após o Carnaval, as empresas costumam retomar suas atividades com mais vigor, impulsionadas pelo aumento da demanda e pela necessidade de recuperar o tempo perdido. Assim, o Carnaval não é apenas uma festa é um marco.

Socialmente, o Carnaval também serve como um momento de reflexão e renovação. Após dias de festa, muitos brasileiros retornam ao trabalho com uma nova perspectiva, prontos para enfrentar os desafios do ano. Essa renovação de energia é essencial para a produtividade e o engajamento no ambiente de trabalho.

Em resumo, a ideia de que o Brasil começa a funcionar somente após o Carnaval é uma construção cultural que reflete a importância dessa festividade na vida dos brasileiros. O Carnaval não é apenas um feriado; é um fenômeno que impacta a cultura, a economia, a política e a sociedade como um todo. Assim, ao final das festividades, o País se reinventa, pronto para enfrentar os desafios e oportunidades que o ano tem a oferecer.

Dito isso, pode surgir a pergunta: Isso é verdade mesmo ou um “folclore” nacional? Daí vem a Câmara dos Deputados e o Senado e anunciam que a votação do Orçamento 2025 da União, que já deveria ter ido a sanção do presidente Lula em 22 de dezembro de 2024, vai acontecer em março, portanto depois do Carnaval. Na Câmara, a matéria deve entrar na pauta no dia 11, e, no Senado, mais para o final do mês.

O presidente da Comissão Mista de Orçamento da Câmara, deputado Julio Arcoverde (PP-PI) disse que o colegiado sempre demonstrou interesse em discutir e votar o projeto orçamentário. Ele afirmou que, se houve desinteresse em votar o Orçamento no ano passado, foi do próprio Palácio do Planalto, em face do que ele chamou de “confusões jurídicas provocadas pelo Supremo Tribunal Federal”, em referência ao impasse sobre as regras das emendas parlamentares ao Orçamento.

O deputado Pedro Lupion (PP-PR), presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, também se manifestou em suas redes sociais sobre a questão e afirmou que o governo não pode culpar o Congresso pela não votação do Orçamento. “O Congresso não votou ainda o orçamento por uma total inabilidade política desse governo”, disse.

Na avaliação do senador Angelo Coronel (PSD-BA) o projeto da Lei Orçamentária Anual de 2025 já deveria estar aprovado, mas o atraso na aprovação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a votação da emenda constitucional do corte de gastos, no fim de 2024, acabaram prejudicando o andamento dessa matéria. Todo o processo de elaboração do Orçamento já é, por si só, bastante complexo, desde o seu início, no Poder Executivo, até as diversas fases de discussões e análises minuciosas da proposta pelo Congresso.

Pois bem, é fato que o Brasil vai mesmo dar a tradicional paradinha de Carnaval, mas também pós- Quarta-feira de Cinzas, quando todos já souberem quem ganhou o desfile no Rio de Janeiro e São Paulo, espera-se que o País, enfim, comece a funcionar.