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Editorial

Janjômetro

08 de Fevereiro de 2025 às 20:40
Cruzeiro do Sul [email protected]
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Como 2026 está logo ali, a corrida eleitoral já começou, e o governo Lula não está indo tão bem quanto se esperava. Diante disso, o presidente iniciou uma série de viagens pelo país, de norte a sul, para promover agendas com o objetivo de aumentar sua popularidade.

A estratégia foi definida pelo ministro da Secretaria de Comunicação Social, Sidônio Palmeira, e deve contar com a participação da primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, que certamente integrará a comitiva.

As agendas de viagens começaram na quinta-feira (6), com a ida de Lula a uma cerimônia de reabertura da emergência de um hospital federal no Rio de Janeiro, cujo serviço estava fechado desde 2020.

Na sexta-feira (7), o presidente visitou a Bahia. Vale lembrar que a região Nordeste é, historicamente, um reduto eleitoral petista, mas tem registrado queda na aprovação do governo, com recuo de sete pontos na pesquisa Genial/ Quaest, divulgada em 27 de janeiro.

Na próxima semana, os destinos serão na região Norte, com visitas a Belém (PA) e Macapá (AP). No dia 22, Lula retornará ao Rio de Janeiro para participar de um ato político em comemoração aos 45 anos do PT. Também está prevista uma visita do presidente ao Polo Naval de Rio Grande (RS), ainda sem data definida.

A expectativa é que o presidente faça até duas viagens por semana. Após as mudanças na Secom, além das agendas pelo Brasil, também foi decidido que a comunicação será “regionalizada” e “segmentada”, com formatos e peças produzidos especificamente para cada região do país.

Além de viajar com Lula, Janja também acompanhará as agendas de ministros no Brasil e no exterior. A primeira-dama integrará a comitiva do ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, que participará de uma reunião em Roma (Itália), entre os dias 10 e 12 de fevereiro.

As viagens pelo Brasil ainda não têm um cronograma fechado, mas a primeira-dama deverá ter agendas com os ministros Camilo Santana (Educação), Alexandre Silveira (Minas e Energia) e Cida Gonçalves (Mulheres).

Como não tem mandato nem cargo público, a agenda de Janja não era divulgada, apesar de sua atuação informal no governo. Essa prática, no entanto, mudou quando a primeira-dama passou a divulgar seus compromissos nas redes sociais, após críticas sobre o sigilo de sua agenda.

Em meio às discussões sobre transparência no uso dos recursos públicos por Janja, o deputado estadual Guto Zacarias, de São Paulo, lançou uma ferramenta chamada Janjômetro, com o objetivo de monitorar e divulgar os gastos relacionados às atividades da primeira-dama.

Integrante do Movimento Brasil Livre (MBL) e filiado ao União Brasil, Zacarias se destacou nos últimos anos por uma atuação voltada ao combate ao que considera excessos no uso do dinheiro público. Sua nova iniciativa gerou intenso debate na política nacional, dividindo opiniões entre aqueles que veem a ferramenta como um importante mecanismo de controle e os que a consideram um instrumento político de oposição.

O Janjômetro apresenta dados obtidos de fontes oficiais, como o Portal da Transparência e o Diário Oficial da União, além de reportagens jornalísticas. Segundo o deputado, a ideia surgiu da percepção de que a primeira-dama tem assumido um papel de destaque na agenda presidencial, participando de eventos, viagens internacionais e outras atividades custeadas pelo governo. O site www.janjometro.com busca compilar e expor esses custos ao público, permitindo que os cidadãos acompanhem de perto os valores envolvidos. Na última consulta ao site, a informação era de que Janja já havia gasto R$ 116.825.823,95 em recursos públicos.

Desde seu lançamento, o Janjômetro tem sido alvo de críticas e elogios. Para seus apoiadores, a plataforma representa um avanço na fiscalização de gastos públicos, uma vez que a primeira-dama, apesar de não ocupar um cargo oficial no governo, tem presença ativa em diversas ações governamentais. Já os críticos acusam o projeto de ter um viés ideológico, argumentando que as despesas do governo são complexas e que expor apenas os gastos associados a Janja seria uma forma de ataque direcionado.

Independentemente das divergências, o Janjômetro trouxe novamente à tona o debate sobre o papel da primeira-dama na administração pública e os limites da transparência fiscal. A iniciativa de Guto Zacarias pode abrir caminho para outros projetos semelhantes, reforçando a necessidade de um debate amplo sobre a gestão dos recursos públicos no Brasil.