Editorial
2026 começou efetivamente

O início do ano legislativo no Brasil, ocorrido ontem (03), costuma ser um termômetro para as articulações políticas futuras e, em 2024, já aponta para as disputas eleitorais de 2026. As movimentações no Congresso Nacional, os embates entre governo e oposição e até mesmo a dinâmica entre possíveis candidatos indicam que os agentes políticos já estão posicionando suas peças para a próxima eleição presidencial e para os governos estaduais.
Após a eleição de Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) para a presidência do Senado (e, consequentemente, do Congresso Nacional, formado pelo Senado e pela Câmara) e de Hugo Motta (Republicanos-PB) como presidente da Câmara dos Deputados, no sábado à tarde, a cerimônia de abertura do ano legislativo ontem, em Brasília, foi cercada de simbolismo e entrelinhas.
A solenidade de posse dos novos presidentes da Câmara e do Senado, realizada em frente ao Congresso Nacional, seguida de uma sessão solene com parlamentares e autoridades dos três Poderes, marcou o início da sessão legislativa de 2025 nesta segunda-feira (3). As mensagens do Executivo e do Judiciário, além dos pronunciamentos dos novos presidentes do Senado e da Câmara, foram o ponto alto da cerimônia, que oficializou o reinício dos trabalhos das duas Casas legislativas e, consequentemente, das demais casas legislativas estaduais e municipais em todo o Brasil.
Assim como acontece em anos ímpares, a cerimônia de início do ano legislativo deste ano marca o começo de um novo mandato de dois anos para os presidentes do Senado e da Câmara, período no qual também ocorrem mudanças nas presidências das comissões permanentes. Esses comandos escondem muitos acordos que só começam a ficar mais evidentes à medida que o ano eleitoral e o dia das eleições se aproximam. Os apoios para se obter o comando de casas legislativas não são gratuitos. Há um preço político a ser pago, às vezes no momento certo e, outras, a qualquer momento.
A sessão solene de inauguração dos trabalhos legislativos reuniu deputados e senadores, além de autoridades dos outros Poderes. Essas presenças vão além do rito. Foi feita a leitura da mensagem enviada ao Congresso pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e houve pronunciamentos do presidente do Supremo Tribunal Federal, atualmente Luís Roberto Barroso, e dos novos dirigentes das duas Casas do Congresso Nacional.
Entre outras autoridades presentes na sessão solene, estiveram um representante do Poder Executivo, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, ministros de Estado e representantes de embaixadas.
Alcolumbre afirmou que um de seus principais compromissos é garantir que o Senado recupere sua autonomia dentro do cenário político nacional. Disse, ainda, que um de seus principais desafios será assegurar a governabilidade sem abrir mão da independência do Senado. Ele defendeu o diálogo e afirmou que a palavra empenhada entre os senadores deve ser mantida para garantir um ambiente político mais previsível e confiável. E mandou um recado: “É essencial respeitar as decisões judiciais e o papel do Judiciário em nosso sistema democrático. Mas é igualmente indispensável respeitar as prerrogativas do Legislativo”.
Hugo Motta também enfatizou sua visão sobre como pretende comandar a Câmara dos Deputados. Em seu discurso de vitória, fez diversas defesas em prol da “harmonia” entre os Poderes. “Estamos virando uma página da história. Todos os ruídos dos últimos anos, o estranhamento dos diversos agentes diante da afirmação do Poder Legislativo, as reações geraram momentos de maior ou menor tensionamento. O Brasil não pode errar e não podemos deixar que ninguém erre contra o Brasil. Temos de estar sempre do lado do Brasil.”
O certo é que este início do ano legislativo está sendo marcado por movimentações estratégicas que visam influenciar, sim, as disputas eleitorais de 2026. Partidos e lideranças políticas estão moldando pautas legislativas, alianças e discursos com o objetivo de fortalecer suas posições e nomes no cenário político e, assim, conquistar o eleitorado. Temas de grande relevância estão sendo priorizados no Congresso Nacional, refletindo interesses que podem impactar as eleições de 2026.