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Editorial

ANS faz consulta sobre alteração da faixa etária para a mamografia preventiva

23 de Janeiro de 2025 às 21:39
Cruzeiro do Sul [email protected]
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Ao que parece, o governo Lula enfrenta uma enorme dificuldade em se comunicar de forma eficaz com a população. Essa falha é grave, tanto do ponto de vista prático da vida das pessoas quanto da importância de uma informação pública clara, bem difundida e, acima de tudo, verdadeira. A informação deve ser um conjunto de dados organizados que transmita significado e compreensão sobre um assunto, priorizando sua relevância e utilidade para a tomada de decisões e para a resolução de problemas, e não para gerar mais confusão.

A palavra “informação” tem origem no latim informatio, que significa “delinear, conceber ideia”. No entanto, o governo parece não compreender plenamente essa definição. Nem mesmo a chegada de Sidônio Palmeira, especialista e novo ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), substituindo o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS), conseguiu sanar esses problemas. Ao assumir o cargo, Sidônio afirmou: “A população não consegue ver o governo em suas virtudes.” Mas por que isso acontece? Será que é porque o governo não sabe se comunicar ou porque as notícias divulgadas não são bem recebidas pelos brasileiros?

Um exemplo recente de ruído na comunicação do governo foram sobre as novas regras do Pix. A normativa, que tratava do monitoramento dessa popular forma eletrônica de pagamento, gerou uma onda de críticas e desinformação. Como resultado, o governo precisou recuar e culpou os receptores da informação por não terem compreendido sua intenção.

Outro caso emblemático é o vídeo publicado recentemente pela apresentadora de TV Ana Furtado sobre a Consulta Pública nº 144 da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que termina nesta sexta-feira (24), e trata da mudança da faixa etária de mulheres para exames de mamografia. A ANS, vinculada ao Ministério da Saúde, é responsável pela regulação dos planos de saúde no Brasil.

No vídeo, Ana Furtado criticou a proposta da ANS, que sugere aumentar a idade mínima para a realização de mamografias de rastreamento. Atualmente, a recomendação é que mulheres realizem mamografias a partir dos 40 anos. Porém, de acordo com a proposta, essa faixa etária passaria para 50 anos. A apresentadora classificou a ideia como “absurda e cruel” e pediu que a população se manifestasse contra a medida por meio da consulta pública.

Ana Furtado, que enfrentou um câncer de mama diagnosticado em 2018, sabe por experiência própria da importância da mamografia como exame preventivo. Após identificar um nódulo em um autoexame, ela passou por cirurgia, sessões de quimioterapia e radioterapia, e hoje usa sua voz para alertar sobre a relevância do diagnóstico precoce.

Seu vídeo teve grande repercussão, e, mais uma vez, o governo precisou correr para “apagar incêndios”, lançando comunicados para explicar que “não é bem assim” e que a população “entendeu errado”.

A ANS esclareceu que a Consulta Pública tem como objetivo receber contribuições para a alteração da Resolução Normativa nº 506, de 30 de março de 2022. Essa resolução trata do Programa de Certificação de Boas Práticas em Atenção à Saúde, especificamente no que diz respeito à Certificação de Boas Práticas em Atenção Oncológica.

Na proposta, sugere-se como critério de pontuação para certificação o rastreamento populacional do câncer de mama em mulheres de 50 a 69 anos, realizado bienalmente. Essa recomendação segue as diretrizes do Instituto Nacional do Câncer (Inca) e do Ministério da Saúde, que consideram essa faixa etária como a mais favorável em termos de equilíbrio entre benefícios e riscos.

A ANS também reforçou que a proposta não altera a cobertura assistencial garantida pelo Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde, que assegura a realização de mamografias bilaterais para mulheres de qualquer idade, desde que haja indicação médica, além do rastreamento digital para mulheres de 40 a 69 anos.

Diante disso, duas certezas emergem: Ana Furtado tem plena razão em seu alerta sobre a importância da mamografia preventiva, e o governo, mais uma vez, demonstrou falta de habilidade em se comunicar, até mesmo na hora de esclarecer informações oriundas de sua própria equipe de comunicação.