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Editorial

A importância da Paralimpíada

26 de Agosto de 2024 às 22:00
Cruzeiro do Sul [email protected]
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A partir de amanhã (28) Paris volta a respirar o clima olímpico, agora com atletas paralímpicos. Durante 12 dias — de 28 de agosto a 8 de setembro — mais de 4.400 dos melhores atletas paralímpicos do mundo estarão disputando medalhas e demonstrando superações.

Os Jogos Paralímpicos estão entre os maiores eventos esportivos do planeta, com cada edição atraindo mais interesse do público. A Paralimpíada é muito mais do que um evento esportivo, já que é uma oportunidade única para chamar a atenção do mundo para o esporte e a deficiência, inspirar indivíduos, provocar mudanças sociais e promover oportunidades profissionais e esportivas mais inclusivas às pessoas com deficiência.

A cerimônia de abertura dos Jogos Paralímpicos será realizada amanhã, a partir das 15h (horário de Brasília). O Brasil será representado no megaevento esportivo por 280 atletas, sendo 255 com deficiência, de 20 modalidades. Outro fato importante envolvendo a Paralimpíada e o Brasil é que o Comitê Paralímpico Internacional (IPC) é presidido, atualmente, pelo brasileiro Andrew Parsons.

A Chama Paralímpica foi acesa no sábado (24), na cidade inglesa de Stoke Mandeville, berço do movimento paralímpico. Para todos os envolvidos no Movimento Paralímpico, Stoke Mandeville representa um terreno sagrado e querido. Foi lá, há 76 anos, que o pioneiro visionário Sir Ludwig Guttmann — neurologista alemão que foi um dos primeiros a usar o esporte para a reabilitação de pessoas com deficiência — criou o Movimento Paraolímpico.

Ao organizar um evento esportivo para 16 veteranos feridos da Segunda Guerra Mundial, usando o paradesporte como forma de reabilitação, Guttmann deu início a algo muito especial. Por meio do desporto, ele criou um movimento transformacional que hoje tem um impacto profundo em nível global, melhorando a vida de milhões de pessoas com deficiência. “Mal sabia ele que o que criou em 1948 se tornaria um dos maiores eventos esportivos do mundo. Os Jogos Paralímpicos são agora uma vitrine espetacular do esporte, um evento que atrai bilhões de telespectadores globais e o único evento mundial de impacto que coloca as pessoas com deficiência em primeiro plano”, disse o dirigente brasileiro durante a cerimônia de acendimento da Chama Paralímpica.

Edição pós edição, o Brasil vem consolidando o seu destaque na competição paralímpica. A primeira participação do Brasil em Jogos Paralímpicos veio em Heidelberg 1972, e a medalha inaugural em Toronto 1976, por Luiz Carlos da Costa e Robson Sampaio, no lawn bowls. Na época, alguns atletas participavam de vários esportes diferentes na mesma edição.

Os primeiros Jogos que demonstraram o potencial do Brasil foram Stoke Mandeville e Nova York 1984, com 30 atletas e 28 medalhas. A barreira dos 30 pódios, no entanto, foi batida somente em Atenas 2004, com uma delegação de 96 pessoas.

Em Paris a delegação Brasileira com 280 atletas tem a seguinte formação: 255 esportistas com deficiência, 19 atletas-guia (sendo 18 do atletismo e 1 do triatlo), três calheiros da bocha, dois goleiros do futebol de cegos e um timoneiro do remo.

Jamais uma delegação brasileira teve tanta atleta mulher convocada como agora, representando 45% do total de atletas. Essa é também a maior delegação brasileira em uma disputa fora do Brasil, ficando atrás somente dos Jogos do Rio 2016, quando o Brasil contou com 278 atletas com deficiência. Naquela edição, o Brasil participou de todas as 22 modalidades por ser o país-sede da competição.

Agora, a equipe brasileira irá disputar 20 das 22 modalidades dos Jogos. As únicas competições que não terão um atleta brasileiro são o basquete em cadeira de rodas e o rúgbi em cadeira de rodas. No total, o Brasil soma 373 medalhas conquistadas em 11 edições de Jogos Paralímpicos, sendo 109 de ouro, 132 de prata e 132 de bronze.

Portanto, a partir de amanhã se inicia uma das maiores oportunidades — ou a maior — para mostrar efetivamente o que é inclusão e superação. Infelizmente a cobertura da Paralimpíada não atrai o interesse da televisão como a Olimpíada, mas valerá a pena buscar as transmissões alternativas — na internet — para ver do que as pessoas são realmente capazes.