João Alvarenga
A febre dos influencers
Com o advento das redes sociais, a expressão “influenciador digital” caiu na boca do povo. Mais que isso! Virou uma febre. Tanto que há cerca de quinhentos mil influencers em ação. Somos o 2º país, no mundo, que mais segue esse pessoal. De repente, a internet escancarou as janelas para quem deseja mais do que quinze minutinhos de fama.
A ideia, agora, é monetizar para faturar alto. Parece que todo mundo quer tirar vantagem disso.
Por quê? Simples: o que é dito no ambiente digital reverbera no físico. Inclusive, os ganhos de alguns ‘influencers’, de longe, superam muitos profissionais com anos de serviços prestados à sociedade.
Essa fama confere aos internautas uma sensação de empoderamento, pois contam com uma legião de seguidores. Logo, sentem-se ‘donos’ da verdade. Claro que isso gera muita responsabilidade! Mas, isso é pouco observado, já que a ideia é faturar sem fazer esforço. Mesmo que o conteúdo faça apologias a ideias equivocadas. No fundo, nesse meio, o que conta é dinheiro na conta. Mas, será que tudo é válido em nome do lucro? E como ficam as questões éticas? E o que vamos analisar nos próximos parágrafos.
Assim, mesmo que haja o tal do “Marco Civil da Internet”, especialistas observam que há pouca fiscalização. É preciso acompanhar o que é postado, quem posta e com quais intenções? Ou, ainda, será que tal postagem está adequada à idade das crianças? As respostas são complexas. Todavia, é mister frisar que não se está defendendo, aqui, nem de longe, a volta de censura.
Hoje, isso é algo completamente absurdo neste mundo virtualizado, em que a liberdade de expressão se transformou num rico patrimônio para todos nós. Porém, enquanto a febre passa, a profilaxia ideal é a palavra RESPONSABILIADE, ainda que a lucratividade esteja em alta nesse meio.
Afinal, muitos jovenzinhos, com menos de 20 anos, estão faturando alto. Isso graças a postagens engraçadinhas, polêmicas ou apelativas, pois o bizarro, o ridículo e o inútil têm forte apelo emocional! Aliás, nesse ambiente, o cardápio é variado. Há páginas sobre tudo e de todo tipo, desde um simples tutorial até gente que dá conselhos sem qualquer formação. Também não faltam “especialistas” das mais variadas áreas com dados inconsistentes. Afinal, a internet é uma vitrine!
Quanto mais seguidores, mais lucratividade, pois monetizar é a palavra de ordem, nem que seja preciso polemizar. Até tudo aí tudo bem, porque isso segue as regras do sistema capitalista, no qual a sociedade está inserida. No entanto, tudo tem um limite, para que a “arte” de influenciar não se torna algo perigoso para os próprios seguidores. Inclusive, há postagens com brincadeiras desagradáveis que colocam em risco a vida de crianças e adolescentes. Isso sem falar em apelos à violência ou pedofilia. Nesse caso, a sabedoria dos antigos prevalece: “Tudo posso, mas nem tudo me convém”. Ou seja, viver em sociedade, mesmo que seja digital, pressupõe o exercício do respeito mútuo e a observância de regras elementares para um convívio harmonioso.
No entanto, essa questão é deixada de lado, pois muitos “famosos”, com relativa visibilidade, estão metidos em confusões generalizadas. Assim, notícias dão conta de que há influencers envolvidos até mesmo em vendas irregulares de rifas ou, ainda, lavagem de dinheiro. Muitas páginas são denunciadas por disseminarem: nazismo, racismo, homofobia e xenofobia.
Mesmo assim, há quem defenda a tese de que o influenciador é a ‘profissão’ do futuro. Será? Só o tempo dirá se isso não passa de um mero modismo.
Por último, é preciso salientar que determinadas profissões, independente ter ou não uma visibilidade digital, são naturalmente influenciadores da sociedade. Assim, professores, pastores, padres e políticos, querendo ou não, exercem influência sobre seu público, por menor que seja. O ideal é que essas profissões influenciem a sociedade para o bem.
Bom domingo!
João Alvarenga é professor de redação.