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Editorial

370 anos depois

14 de Agosto de 2024 às 22:30
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Aluísio de Almeida, pseudônimo do Monsenhor Luiz Castanho de Almeida (1904 - 1981), é reconhecido por lei como patrono da história do município de Sorocaba. Muito do que se sabe sobre Sorocaba é graças a ele. Autor de diversos livros, entre eles, História de Sorocaba, A Revolução Liberal de 1842, História de Sorocaba para Crianças e Vida Quotidiana da Capitania de São Paulo - 1722-1822), teve sua produção historiográfica reconhecida pelo historiador Afonso d’Escragnolle Taunay (1876-1958), que foi diretor do Museu Paulista, e pelo historiador e sociólogo Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982), que sobre ele afirmou: “Aluísio de Almeida é o mestre incomparável da história do sul de São Paulo”, segundo informa a Câmara Municipal em seu site oficial.

O Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Sorocaba (IHGGS) guarda em seu acervo um importante relato de Aluísio de Almeida sobre o surgimento do cidade que hoje chega aos seus 370 anos. “Em fins do século XVI, Afonso Sardinha, ‘O Velho’, seu filho, ‘O Moço’, e Clemente Álvares estiveram no morro Araçoiaba à procura de ouro. Encontraram minério de ferro e comunicaram o fato ao Governador Geral que levantou o pelourinho da Vila de Nossa Senhora do Monte Serrat, mandando mineiros explorarem a região. Nada encontrando, transferiu a Vila para Itavuvu, ficando sob a invocação de São Felipe, em homenagem ao Rei da Espanha.

O Capitão Baltazar Fernandes construiu, em 1654, a igreja de Nossa Senhora da Ponte, atual igreja de São Bento, e sua casa de moradia no lajeado, fundando nova povoação com o nome de Sorocaba, que no tupi-guarani, significa terra (“aba”) fendida ou rasgada (çoro).

Para promover o povoamento, doou à igreja, grande gleba de terras aos Beneditos de Paranaíba, com a condição de construírem o convento e manterem uma escola. Alguns anos depois o pelourinho de Itavuvu foi transferido para Sorocaba constituindo a Vila de Nossa Senhora da Ponte de Sorocaba.

O primeiro ciclo a marcar a vida econômica de Sorocaba foi o bandeirismo, quando os Sorocabanos aprofundaram-se além das linhas de Tordesilhas, montando entrepostos comerciais e de mineração. Outro ciclo iniciou-se com o Coronel Cristóvão Pereira de Abreu, que conduziu por Sorocaba a primeira tropa de muares. Mas tarde, Sorocaba tornou-se sede das feiras de muares. A Cidade, por força da sua privilegiada situação geográfica, transformou-se no eixo geo econômico, entre as regiões norte e sul do Brasil, empenhados na mineração e na exploração das reservas florestais o norte; e na produção de animais de carga e de corte — o sul. Apareceram em 1852, as primeiras tentativas fabris. No entanto, o comércio do algodão cru revertia melhores lucros aos sorocabanos.

A cultura do algodão desenvolveu-se grandemente, a ponto de Luís Matheus Mailasky, o maior comprador de algodão da zona, construiu em 1870, a Estrada de Ferro Sorocabana (inaugurada em 1875), para escoar a produção local. A ferrovia foi um dos fatores de desenvolvimento industrial, que teve início com a Real Fábrica de Ferro São João do Ipanema, primeira metalúrgica da América Latina, onde saiu um dos grandes Sorocabanos, Francisco Adolfo de Varnhagem, o Visconde de Porto Seguro. A partir da queda das exportações do algodão, os Sorocabanos passaram a aproveitar a produção local. Assim Manoel José da Fonseca inaugurou, em 1882, a Fábrica de Tecido Nossa Senhora da Ponte; logo em 1890 apareceram as Fábricas Santa Rosália e Votorantin que deram início ao parque industrial de Sorocaba, justificando o título de ‘Manchester Paulista’”.

Trezentos e setenta anos depois, Sorocaba se apresenta como uma “metrópole”, a segunda cidade mais populosa do interior paulista — depois de Campinas — e a mais populosa da região sudeste paulista com uma população que ultrapassa 720 mil habitantes, de acordo com o Censo 2022 do IBGE, sendo uma capital regional, sede da Região Metropolitana de Sorocaba, que congrega 27 municípios. Importante polo industrial brasileiro, sua produção industrial chega a mais de 120 países, atingindo um PIB acima dos R$ 32 bilhões, o décimo nono maior do País, à frente de capitais como São Luís, Belém, Vitória, Natal e Florianópolis. As principais bases de sua economia são os setores de indústria, comércio e serviços, com mais 22 mil empresas instaladas, sendo mais de duas mil delas indústrias.